Estão todos encantados com a abertura “ecológica” das Olimpíadas. Distribuíram sementes de árvores nativas, reutilizaram materiais para confecção das roupas e adereços do espectáculo enfim, utilizaram bem a imagem da sustentabilidade tão em voga, tão cool, para gringo ver que somos verdes.
Mas nós não nos esqueceremos que o maior legado que nos seria dado com as Olimpíadas seria a despoluição da Baía de Guanabara e das lagoas Rodrigo de Freitas e da Barra da Tijuca. “Não deu”, como disse Rodrigo Mattos para o UOL, e assim demos o nosso famoso jeitinho maquiando o problema, retirando a sujeira grossa e remediando a poluição com ecobarreiras nas áreas das competições.
No site oficial da Rio2016, a sustentabilidade é desenhada como um legado. Calcularam a pegada de CO2, as emissões de gases de efeito estufa com a circulação de pessoas e materiais, a quantidade de lixo e de alimentos produzidos. Tudo muito lindo mas talvez não tanto verde. Seriam os patrocinadores das Olimpíadas, ou a maioria deles, empresas engajadas na preservação da natureza, da biodiversidade brasileira?
Não tem como não se emocionar vendo-se representar, bem ou mal, para o mundo inteiro ver. O Rio de Janeiro, não é novidade, é uma das cidades mais lindas do mundo, com uma cultura única, não só de samba e bossa nova mas de dança e música de rua que encanta e faz rebolar até os mais críticos ao delicioso Batidão. Tudo muito lindo mas, cadê a ecologia quando sabemos que para a realização do evento muitas daquelas pessoas que foram representadas nessa cultura da favela, foram desalojadas de suas casas para lugares ainda piores?
Pode ser uma ecologia para gringo ver porque nós sabemos bem como são tratados nossos índios, nossas florestas, nossos alimentos. Sabemos que em nome do desenvolvimento econômico a ecologia e a sustentablidade ficam em segundo, terceiro, quarto lugar ou mesmo no fim da lista das nossas preocupações mas, mesmo assim, se a maquiagem tiver funcionado para acender nossa vontade de cuidar do ambiente, do nosso planeta, tá valendo!
De 2006 pra cá, quando a cidade se candidatou para sediar o evento, muita coisa aconteceu e infelizmente muita coisa piorou, o Rio de Janeiro chegou a decretar sua falência.
Não existe mais espaço para reclamar a realização das Olimpíadas que já está acontecendo. O jeito agora é curtir, entrar no clima, torcer para que nada dê errado simplesmente porque os atletas não merecem, eles não escolheram o Rio, não escolheram o Brasil, eles simplesmente se dedicam e treinam para vencer a maior competição de suas vidas e, se o esporte nos ensina cooperação, vamos cooperar em respeito ao espírito olímpico. Mas não vamos nos deixar enganar, sustentabilidade e ecologia infelizmente é Olim-piada.
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Fonte foto: Rio2016
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