Quantas pessoas conhecemos ao longo de nossas vidas e quantas delas realmente tornam-se nossas amigas?
Uma pesquisa realizada na Universidade de Groningen, na Holanda, indica que a forma como lidamos com aqueles de quem não gostamos pode aliviar muitos de nossos sentimentos negativos.
Susan Krauss Whitbourne, uma das pesquisadoras envolvidas na investigação, em artigo para a revista Psychology Today, examinou um estudo realizado pelo grupo do psicólogo Melvyn Hamstra, que, por sua vez, analisou o modo como nossos preconceitos determimam a nossa forma de julgar os outros. Até aí nenhuma novidade. A questão é que os investigadores descobriram que, ao conhecer alguém com quem você tem muita afinidade, você faz um esforço extra para gostar dessa pessoa – o que não acontece com as pessoas com as quais você não tem algo em comum.
Como poderíamos, então, evitar esse tipo de seleção? Segundo Whitbourne, “o estudo de Hamstra sugere que você primeiro entre em sintonia com a dimensão da sua personalidade que representa uma falta de ajuste com o alvo de seu desdém. O indivíduo pode não ser uma má pessoa, mas apenas alguém cuja personalidade não se encaixa com a sua. Você é um pessimista e esta pessoa é uma eterna otimista. Ou você é extrovertido e relaxado, e essa pessoa parece tensa e reservada.
Os resultados de Hamstra também sugerem que quanto mais incompatibilidades existem, mais forte o seu veneno vai fluir em direção a essa pessoa. Reconhecer a natureza subjetiva de sua reação à pessoa que você não “gosta” pode tornar-se o primeiro passo para buscar um terreno comum.
Falar sobre suas diferenças, talvez na presença de uma terceira pessoa, poderia ajudar você e a outra pessoa a descobrir como não apenas concordar em discordar, mas até formar o ‘yin’ para o ‘yang’ do outro. Vocês podem não acabar como melhores amigos, mas podem, pelo menos, aprender a respeitar e, finalmente, a trabalhar, em face de suas diferenças”.
Podemos compreender melhor a fala da pesquisadora analisando fatos corriqueiros acerca da falta de respeito às diferenças. Enxergar o outro como alguém diferente de nós é uma forma de nos vermos e afirmar quem somos. Entretanto, isso não deveria ser um problema, mas uma forma de autoconhecimento.
Infelizmente, temos milhares de exemplos que demonstram como a diferença acaba se tornando um sentimento destrutivo, como o assassinato em massa aos homossexuais que estavam em uma boate em Orlando, o preconceito contra imigrantes muçulmanos nos Estados Unidos e na Europa, o racismo no Brasil, isso só para mencionar alguns fatos sobre a dimensão trágica que o ódio coletivo à diferença pode tomar.
Mesmo em um âmbito mais localizado, quantos de nós não vivenciamos ou, até mesmo, não sentimos em algum momento esse mau sentimento provocado pelo nosso preconceito a alguém que é diferente de nós?
Talvez esse seja um indício da nossa fragilidade e do nosso medo. Se tomamos consciência disso, podemos nos abrir para nós mesmos e nos relacionar com o mundo de uma maneira muito melhor.
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Fonte foto: LifeHacker
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