Cultura do estupro: é urgente acabar com isso


A menina estava desacordada – sofreu um apagão, disse sua avó – e 30 homens a estupraram, quer dizer, abusaram sexualmente dela. Poderia ter sido um só homem. Inclusive poderia ter sido o “seu” homem que seria estupro do mesmo jeito. Vamos discutir a cultura do estupro, é urgente, é fundamental.

Estupro é violência, contra a mulher, contra a figura feminina, não pela roupa que usa, ou pelo comportamento que tenha. Estupro é violência porque não é autorizado pela vítima. Vítima é a pessoa, menina, mulher, que o sofre.

A menina tinha 16 ou 17 anos, as notícias não têm clareza quanto à idade mas, sim, era uma menina, mulher, e estava desacordada, e foi usada, abusada, estuprada por homens. Esses homens que cometem estupro são criminosos pois estupro é crime. E a sociedade aplaude os homens, criminosos, estupradores, e condena a menina porque usava mini-saia, ou andava sozinha, quer dizer, desacompanhada de homens.

Sim, com certeza é a sociedade machista que fala isso, para se defender. Mas a real, minha gente, é que a menina, mulher, criança que sofre um abuso, qualquer que ele seja, o sofre porque homens se acham no direito de abusarem. Basta um “fiu-fiu” na rua para já ser abuso. Mais ainda, passar a mão, no corpo da menina, mulher, criança – é abuso. Homens que se acham no direito de abusarem são abusadores, criminosos, culturalmente machistas pois creem que, sua condição de homens lhes dá alguma supremacia sobre o sexo oposto, das mulheres.

Mas não só mulheres são estupradas. Também os transgêneros são estuprados. Também os homossexuais, gays e lésbicas são estuprados. Só posso concluir que o problema está no abuso que alguns seres que se creem masculinos exercem sobre os outros seres da sociedade. E a sociedade aplaude aos masculinos abusadores porque a sociedade está doente. Só pode ser. Temos que mudar isso pois, ninguém tem o direito de abusar de ninguém, seja lá pelo motivo que for.

As estatísticas dizem que, no Brasil, uma mulher é estuprada a cada 3 horas, os casos denunciados no nº 180; uma mulher é estuprada a cada 11 minutos. É muito, é demais e segundo a informação do jornal que li este número corresponderá, talvez, ao 10 % de todos os casos reais. Mas, se forem contados os casos todos de abusos, então, não há estatística que aguente, não é?

“Um estupro acontece a cada 11 minutos no Brasil, de acordo com o 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, cujos dados mais recentes são de 2014. Naquele ano, 47,6 mil pessoas foram vítimas do crime no país”. E continua o El País no artigo do ano passado, “O estupro nosso de cada dia”. “Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 67% dos casos de violência entre as mulheres são cometidos por parentes próximos ou conhecidos das famílias; 70% das vítimas de estupro são crianças e adolescentes e apenas 10% dos estupros são notificados. A maioria dos agressores não é punida”.

A luta contra a violência de gênero é antiga

Ao redor do mundo, mulheres combativas afinam seus discursos contra violência de gênero em torno de uma questão central: a educação. “A única solução verdadeira para mudar a mentalidade é a educação”, afirmou Leslee Udwin, consultora da ONU em direitos humanos e diretora do documentário India’s Daughter (Filha da Índia). Ela foi estuprada aos 18 anos. (El Pais). A Índia proibiu a distribuição do filme que só foi exibido em circuito independente.

A luta das mulheres por respeito e dignidade, contra o machismo, é uma luta antiga, não pense que é de agora, não. Em todas as épocas as mulheres foram obrigadas a se defenderem, ou a perderem a vida. Quer dizer, essa cultura que nós hoje chamamos de machista é uma cultura inculcada ancestralmente, é uma questão de poder, e de educação. Sim, porque somos nós, mulheres, que educamos filhotes que serão ou não machistas no futuro. É preciso estar muito atenta pois, a sociedade também (des)educa, claro. E se aplaude, homologa, diz que está certo.

Mas, achei este outro filme, sobre mulheres lutadoras. Se trata da vida de uma aviadora soviética que lutou na II Guerra Mundial. “O filme é inédito no Brasil; Zashchishchaya Rodinu (“defendendo a pátria”), da pesquisadora Lyuba Vinogradova (Moscou, 1973), colaboradora habitual e prestigiosa dos historiadores Antony Beevor (que assina o prefácio) e Max Hastings, traça, a partir de fontes documentais originais e depoimentos em primeira mão, a grande aventura das aviadoras soviéticas da II Guerra Mundial”

E, para cúmulo, a notícia de que o ator Alexandre Frota – estuprador confesso – foi recebido pelo ministro interino da Educação, Mendonça Filho, para apresentar “algo” sobre educação. Pelo amor de Deus! Como é que um fulano desses, estuprador confesso poderá ter algo a dizer de bom em prol da educação no nosso país?

Bom, mas como disse hoje a Maria Frô, e eu faço minhas suas palavras: “Homens, vocês precisam discutir a cultura do estupro”. E não só discutir mas tomarem uma atitude mais séria, mais eficiente, mais direta, mais rápida.

Sim, machismo mata. Desrespeito mata. Abuso mata. E omissão, também.

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Redação greenMe

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