Moex: a moeda Social de Canavieiras


Por mais que o país tenha crescido nos últimos anos e a presença do Estado e das grandes empresas tenha chegado a lugares que antes eram deixados de lado, o país ainda carece de estrutura para atender requisitos básicos em cidades em que nenhuma agência bancária existe, por exemplo. Exatamente por isso, mais de 80 moedas sociais, alternativas ao Real, existem no Brasil. Elas são reconhecidas pelo Banco Central como uma moeda complementar ao Real e seu propósito é estimular a economia e os serviços das comunidades.

Com elas, é possível ir ao mercado, açougue, padaria, farmácia, salão de beleza, shopping center e outros, sem um centavo de Real no bolso, cartão de crédito ou cheque. Nessa realidade, surge uma nova moeda social: o moex, que circula na cidade de Canavieiras, sul da Bahia. O moex tem ajudado a transformar a comunidade local. O nome moex remete à Reserva Extrativista (Resex) de Canavieiras, Unidade de Conservação (UC) cuja comunidade foi responsável por sua implementação.

As moedas nacionais funcionam sobre a supervisão de um Banco Comunitário, no caso de Canavieiras, o banco recebeu o nome de Bamex, voltado para população extrativista e que oferece duas modalidades aos moradores locais: o empréstimo em moex, que não acarreta juros e é utilizado sobretudo para consumo (alimentos, remédios, material escolar, etc), e o empréstimo em real, com juros simbólicos (entre 1% e 2%), geralmente aplicado em bens de produção e materiais de trabalho, uma vez que os fornecedores desse tipo de produto ainda estão começando a aceitar o moex como forma de pagamento.

“A moeda social ajuda a internalizar a renda no próprio município, impulsionando o seu desenvolvimento e evitando a evasão de recursos”, explica o professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Leonardo Leal, que acompanha a criação de moedas sociais e bancos comunitários em todo o Brasil.

A moeda ajudou a estimular as atividades mais populares da Reserva e supriu a necessidade dos trabalhadores que acabavam recorrendo a empréstimos bancários ou até mesmo a agiotas e, claro, muitos deles não conseguiam quitar as dívidas depois. Agora a mariscagem (aratu, ostra, sururu e camarão), a coleta de caranguejo, a pesca artesanal, a agricultura familiar e o extrativismo terrestre (cipó e frutas), atividades mais desenvolvidas da região, estão em amplo crescimento graças a moeda social.

Mas o benefício não se restringe as ações costumeiras de Canavieiras, mas também ao seu comércio e outros segmentos, que aceitam a moeda como forma de pagamento e até oferecem descontos para os moradores que utilizam moex nas compras. Com um início devagar, hoje a moex ocupa toda a economia da cidade e aqueles que apostaram nela desde o começo colhem os benefícios.

Proprietária da Copiadora Lima, que comercializa material escolar, itens de papelaria e artesanato, Eline Almeida conta que aderiu à moeda social desde o início: “Na época, a Amex procurou os comerciantes para explicar como funcionaria o banco comunitário e eu achei uma ótima ideia, pois fortalece a nossa economia”. A empresária diz ainda que costuma utilizar os moex que recebe para fazer mercado ou adquirir produtos em outras lojas do município.

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Fonte foto: wikipedia.org




Redação greenMe

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