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O rosto do nosso ancestral mais antigo conhecido, o Homo sapiens de Jebel Irhoud, foi revelado graças ao trabalho do especialista brasileiro em design gráfico Cícero Moraes. Utilizando técnicas avançadas de modelagem 3D, Moraes recriou a face deste hominídeo com uma aparência moderna, descrita como “forte e serena“.
O rosto final de Jebel Irhoud /© Moraes C., OrtogOnLineMag 2024.
O sítio arqueológico de Jebel Irhoud, em Marrocos, contém fósseis que datam aproximadamente 315 mil anos atrás. São os mais antigos restos conhecidos de Homo sapiens. A descoberta, ocorrida acidentalmente durante uma mineração na década de 1960, revolucionou nossa compreensão sobre a origem da espécie humana, situando seu aparecimento cerca de 100 mil anos antes do que se pensava anteriormente.
Moraes, renomado por suas reconstruções faciais forenses e religiosas, aplicou uma técnica multidisciplinar para reconstruir o rosto do Homo sapiens de Jebel Irhoud. Ele utilizou varreduras 3D do crânio e dados fornecidos por pesquisadores do Instituto Max Planck. A técnica envolveu a deformação anatômica, onde a tomografia de um ser humano moderno foi adaptada para se ajustar ao crânio de Jebel Irhoud, gerando uma face compatível.
Para prever a espessura dos tecidos moles e a projeção do nariz e outras estruturas faciais, foram utilizados dados de humanos modernos. O rosto final é resultado da interpolação desses dados, produzindo imagens técnicas detalhadas. Posteriormente, Moraes focou no processamento artístico, escolhendo a pigmentação da pele e dos cabelos para dar uma aparência realista ao rosto.
De acordo com o Instituto Max Planck, o rosto resultante apresenta características modernas nos dentes e no rosto, mas uma caixa craniana com aparência mais arcaica. Moraes comparou o crânio de Jebel Irhoud ao de Skhul V, encontrado no norte de Israel e datado de cerca de 180 mil anos depois, destacando semelhanças significativas.
A reconstrução do rosto de Jebel Irhoud não só fornece uma visão mais clara de como eram nossos ancestrais mais antigos, mas também contribui para um entendimento mais profundo da evolução humana. Moraes descreveu Jebel Irhoud como tendo um rosto “forte e sereno” e um crânio “bastante robusto e masculino”, o que levou à decisão de representá-lo como um homem.
A reconstrução de Cícero Moraes não apenas visualiza nosso ancestral mais antigo, mas também reitera a importância de técnicas modernas na compreensão de nossa própria história evolutiva. A face de Jebel Irhoud, com sua mistura de traços modernos e arcaicos, oferece uma janela fascinante para o passado humano, aproximando-nos mais do que nunca de nossos ancestrais antigos.
O estudo A Aproximação Facial Forense de Jebel Irhoud (~315.000 AP) está disponível na revista científica OrtogOnLineMag.
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Categorias: Sociedade
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