O Problema que Virou Ser Professor no Brasil e no Mundo


Ser professor sempre foi uma profissão respeitada e almejada, embora o ministério de ensinar e educar sempre tenha sido difícil em qualquer lugar do mundo. No entanto, os crescentes relatos de agressões, pressões e desrespeito tornaram essa carreira ainda mais desafiadora e desgastante. Em diversos países, os educadores enfrentam não apenas a responsabilidade de ensinar, mas também a obrigação de se defender do risco constante de sofrer agressões físicas e verbais, tanto dos alunos quanto de seus responsáveis.

Foto em preto e branco: aluna escreve "socorro" na lousa

Foto em preto e branco: aluna escreve “socorro” na lousa

A Realidade Mundial

Os casos de violência contra professores são alarmantes. Uma reportagem da BBC conta, por exemplo, um caso na Coreia do Sul onde uma professora se matou após ter sido oprimida por pais de alunos. O suicídio trouxe à tona a pressão extrema que muitos educadores enfrentam.

Esse incidente, infelizmente, não é isolado. No Brasil, ataques violentos a professores se tornaram frequentes, com pesquisas revelando que 7 em cada 10 educadores notaram um aumento na violência escolar.

A situação é semelhante em outros países. Na Inglaterra, quase um em cada cinco professores foi agredido por um aluno recentemente. Na Espanha e na Colômbia, as agressões incluem desde ataques físicos até denúncias falsas e bullying online, com professores relatando medo constante de entrar em sala de aula.

Mudança no Vínculo Educacional

Especialistas apontam que parte do problema reside na mudança de percepção sobre o papel da escola e dos professores. Antigamente, a figura do professor era respeitada, mesmo que esse respeito fosse muitas vezes baseado no autoritarismo. Hoje, esse respeito se perdeu, e a escola, para muitos alunos, deixou de ser um lugar de valor significativo.

A pandemia de COVID-19 agravou a situação. O isolamento social e a transição para o ensino remoto afetaram profundamente a saúde mental de alunos e professores. Com o retorno às aulas presenciais, os problemas de convivência e comportamentais aumentaram, destacando a necessidade urgente de um trabalho socioemocional nas escolas.

A Influência dos Pais

Os pais desempenham um papel crucial nessa dinâmica porque a superproteção e a tendência a defender os filhos, sem questionar professores e diretores, contribuem para a indisciplina e a falta de respeito nas escolas. É fundamental que os pais entendam a importância de apoiar os professores e colaborar na educação dos filhos, cultivando valores de respeito e responsabilidade.

Necessidade de Intervenção

Um outro fator apontado é a violência entre os alunos. A escola que antes era um lugar de convívio, amizade, de crescimento, virou um campo de batalhas. A melhor fase das nossas vidas era a infância e a adolescência, a época da escola, da universidade, a época onde somos estudantes. Essa fase da vida virou um pesadelo de bullying e violência. Como esses adultos serão?

Nas Universidades Não é Diferente

Professores universitários também enfrentam problemas de agressão e pressão, embora a natureza e a frequência dos incidentes possam diferir em comparação com os níveis de ensino básico e médio.

Entre os principais desafios enfrentados por professores universitários, estão:

  • Falta de Respeito: Problemas comportamentais dos alunos, como falta de respeito e engajamento, são frustrantes, embora agressões físicas sejam menos comuns.
  • Agressões Verbais: Insultos e desrespeito por parte dos alunos, especialmente em conflitos acadêmicos como disputas sobre notas.
  • Autonomia Reduzida: Burocratização nas universidades reduz a autonomia dos professores, aumentando as exigências administrativas.
  • Avaliações dos Alunos: Avaliações negativas podem impactar promoções e renovações de contrato, afetando a carreira dos professores.
  • Pressão por Resultados: Intensa pressão para publicar pesquisas e contribuir para a reputação acadêmica da instituição, tanto da administração quanto dos alunos.
  • Assédio e Intimidação: Possibilidade de assédio por alunos, colegas ou superiores, incluindo assédio sexual, intimidação e bullying, afetando a saúde mental dos docentes.
  • Difamação e Calúnia: Relatos de professores enfrentando ataques online e campanhas de difamação por alunos insatisfeitos podem ter repercussões devastadoras para suas carreiras e vidas pessoais.
  • Estresse e Ansiedade: A carga de trabalho excessiva e a pressão para equilibrar ensino, pesquisa e serviço à universidade podem levar a altos níveis de estresse e ansiedade.
  • Burnout: O esgotamento profissional é comum devido às demandas constantes, falta de recursos e reconhecimento insuficiente.

A Missão Educativa

Para melhorar essa situação e termos um mínimo de esperança, é essencial implementar protocolos de convivência eficazes e programas de apoio à saúde mental para toda a comunidade escolar. Os professores precisam de condições de trabalho adequadas, formação em gestão de conflitos e apoio emocional. Os alunos, por suas vezes, devem ser educados sobre a importância do respeito e da convivência harmoniosa.

A carreira de professor, embora nobre e essencial, está repleta de desafios que vão além da sala de aula. A violência e o desrespeito são problemas globais que exigem atenção e ação conjunta de toda a sociedade. Investir na saúde mental, fortalecer os vínculos afetivos e promover um ambiente escolar seguro e respeitoso são passos fundamentais para garantir que os professores possam cumprir sua missão educativa com dignidade e segurança.

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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