O governo peruano decidiu recentemente classificar a transexualidade como uma condição de saúde mental, o que tem gerado controvérsias e debates acalorados. Ao atualizar o Plano Essencial de Saúde, o governo incluiu a transexualidade e transtornos de identidade de gênero na lista de doenças mentais, o que provocou reações negativas de grupos LGBTQIA+ e ativistas dos direitos humanos.
É fundamental entender a distinção entre transexualidade e disforia de gênero. A transexualidade é uma identidade de gênero legítima, na qual uma pessoa identifica seu gênero de forma diferente do sexo atribuído ao nascimento. Por outro lado, a disforia de gênero é uma condição na qual a incongruência entre a identidade de gênero de uma pessoa e seu sexo atribuído causa angústia significativa ou comprometimento funcional.
Embora a transexualidade tenha sido removida da lista de doenças mentais pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a disforia de gênero ainda é reconhecida como uma condição de saúde mental que pode requerer intervenções médicas e psicológicas. Isso inclui psicoterapia para ajudar a pessoa a lidar com a angústia emocional, bem como a possibilidade de tratamentos médicos, como terapia hormonal ou cirurgia de confirmação de gênero, para alinhar o corpo com a identidade de gênero vivenciada.
A decisão do governo peruano de incluir a transexualidade como uma condição de saúde mental foi justificada como uma medida para ampliar o acesso aos cuidados de saúde mental. No entanto, essa abordagem levantou preocupações legítimas entre a comunidade LGBTQIA+, especialmente em relação ao potencial uso de terapias de conversão, que são amplamente condenadas como prejudiciais e desumanas.
É importante reconhecer que a inclusão da transexualidade como uma condição de saúde mental não deve ser interpretada como uma justificativa para estigmatizar ou discriminar as pessoas transgênero. Em vez disso, deve-se garantir que os serviços de saúde mental sejam acessíveis, culturalmente sensíveis e respeitem a autonomia e a dignidade das pessoas trans.
O diálogo e a colaboração entre o governo peruano, organizações LGBTQIA+ e profissionais de saúde são essenciais para encontrar soluções que promovam o bem-estar e os direitos humanos de todas as pessoas, independentemente de sua identidade de gênero ou orientação sexual. É necessário um compromisso contínuo com políticas e práticas inclusivas que respeitem e protejam os direitos das comunidades transgênero.
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Categorias: Sociedade
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