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Parece um processo natural. Quando adultos, os filhos saem de casa e vão construir suas próprias famílias, após terem se estabilizado em profissões que escolheram e construído um patrimônio que os permita a autonomia que a vida adulta exige. No entanto, esse processo raramente é tão simples e fácil. Com uma dificuldade cada vez maior de ter independência financeira, as gerações mais recentes estão enfrentando alguns novos dilemas: como a de ter que cuidar, simultaneamente de duas gerações e, às vezes, até três. É o que os especialistas chamam de Geração Sanduíche.
Uma mulher que se torna mãe aos 30 anos, mas que ainda mora com os pais por não ter conseguido independência financeira, e que se vê em uma maternidade solo, provavelmente vai ter que permanecer morando com os pais. Porém esses pais, já idosos, podem demandar cuidados dessa mulher. E assim acontece de uma pessoa só ficar responsável por cuidar de filhos e pais, ao mesmo tempo. Eis a Geração Sanduíche.
Além da questão financeira, alguns outros fatores explicam por que tem sido cada vez mais comum essa situação: a expectativa de vida aumentou nos últimos anos, as pessoas têm escolhido ter filhos cada vez mais tarde e as famílias estão cada vez menores. Nesse cenário, é comum que a faixa etária mais afetada por esse “sanduíche” seja a dos 40 anos e que a pressão por cuidar de várias gerações atue paralelamente com a obrigação de continuar sendo parte ativa do mercado de trabalho.
Nesse cenário, o grupo mais afetado, obviamente, é o das mulheres: elas representam cerca de 85% das pessoas responsáveis pelo cuidado, segundo dados da plataforma Vale do Cuidado (que cruza dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA -, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE – e Organização Mundial de Saúde – OMS).
É importante olhar com calma para esse cenário, pois as pessoas que entram na espiral de serem da Geração Sanduíche acabam, na maioria dos casos, sobrecarregadas e doentes. Isso sem falar no impacto na carreira, já que o cuidado não é algo que o mercado de trabalho leve em conta na hora de contratar ou promover alguém.
É essencial adotar políticas públicas que acolham essa geração e que tenham um suporte para as pessoas que estão envelhecendo e para as crianças que estão chegando. Com isso será possível proporcionar o que Ailton Krenak tão bem diz na frase
“Construir relações entre as gerações é fazer um compromisso com a vida que vai existir depois de nós”.
Fontes:
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Categorias: Sociedade
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