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O termo “patriarcado” deriva do grego “patriarkhēs”, uma mistura de πατριά (patria) = “linhagem, ascendência”a partir do πατήρ (patēr) = “pai” e ἄρχω (arkhō) = “eu governo”. Significa literalmente o “pai de uma raça”, o “chefe de uma raça”, ou melhor, “a regra do pai”. O termo tem suas raízes na Grécia Antiga, onde o poder e a autoridade eram predominantemente exercidos por homens adultos. Esse conceito transcende o simples domínio familiar e influencia diversas esferas sociais, culturais, políticas e econômicas.
Evidências antropológicas sugerem que sociedades pré-históricas de caçadores-coletores eram relativamente igualitárias. Estruturas patriarcais teriam se desenvolvido após avanços tecnológicos, como a agricultura.
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Culturas mesopotâmicas, egípcias e gregas, por exemplo, adotaram sistemas patriarcais, como evidenciado pelas leis de Hamurabi (1792 e 1750 a.C.), que suprimiam os direitos das mulheres em várias áreas. No compêndio, as mulheres podiam ser repudiadas por seus maridos por esterilidade, infidelidades e por outros tipos de conduta.
Na Grécia antiga, filósofos como Aristóteles e Platão defendiam a superioridade masculina. Aristóteles via as mulheres como seres moralmente, intelectualmente e fisicamente inferiores aos homens.
Mas de onde veio essa concepção? Da dialética platônica sobre a essência e a determinação do ser: o ser é uma criação e uma transformação? Algo que vai sendo feito e se transformando (ideia de Heráclito)? Ou o ser é algo estático, determinado e pronto? (Ideia de Parmênides).
A ideia de Parmênides foi aceita como paradigma (modelo) e então até hoje aceitamos a hipótese de que existe uma essência masculina e uma feminina, com papeis de gênero determinados e bem definidos.
No sistema social do patriarcado, os homens mantêm o poder primário, decisional, dominando funções de liderança política, autoridade moral, privilégio social e controle de propriedades. Na estrutura familiar, o pai mantém a autoridade sobre mulheres e crianças. Em muitas sociedades patriarcais, a propriedade é herdada pelos homens, e a descendência é imputada exclusivamente através da linhagem masculina.
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Segundo o professor e psicanalista Carlos Plastino, o patriarcado não é um modelo de pensamento e organização social que desvaloriza somente a mulher, mas também a intuição e as emoções em detrimento da razão, e o determinismo, ou seja, a natureza, em detrimento da cultura.
Desse modo, o patriarcado é um modelo de dominação do homem sobre a mulher, do homem sobre outro homem, sobretudo dos homens que não fazem parte do poder, e do homem sobre a natureza.
O patriarcado não apenas prejudica as mulheres, mas também afeta os homens de maneiras diversas. Embora muitos homens se beneficiem dessas estruturas em termos de poder e privilégio, outros se sentem oprimidos. Expectativas rígidas sobre a masculinidade podem ser limitantes, restringindo a expressão de emoções e individualidades.
Não à toa o patriarcado é tido como um sistema anacrônico, causador de muitas mazelas sociais como o sexismo, o feminicídio, o machismo estruturado e a masculinidade tóxica.
O feminismo desempenha um papel crucial na identificação e crítica das estruturas patriarcais. Lutar pela igualdade de gênero não é apenas sobre os direitos das mulheres, mas também sobre criar uma sociedade inclusiva onde todos tenham liberdade para serem quem são, independentemente do gênero.
A desconstrução do patriarcado é fundamental para alcançar uma sociedade mais justa. Atributos fundamentais no patriarcado como conquista, domínio, autoridade e apropriação, pressupõem sempre dualismo e desigualdade.
O patriarcado persiste em muitas sociedades. É mais pronunciado em culturas tradicionais e ainda afeta sociedades modernas. A influência patriarcal se estende desde a estrutura familiar até questões políticas e socioeconômicas. Não se trata, realçamos, de uma simples luta de machos contra fêmeas.
O patriarcado é um sistema complexo enraizado na história e na cultura, influenciando múltiplas esferas da vida. Reconhecer seu impacto prejudicial em vários aspectos é crucial para promover uma sociedade mais igualitária. A crítica ao patriarcado busca desconstruir essas estruturas, visando uma sociedade inclusiva e livre de estereótipos de gênero e poder. A continuidade do debate e da crítica ao patriarcado é essencial para construir uma sociedade mais justa e inclusiva.
Fontes:
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Categorias: Sociedade
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