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O feminicídio é um dos crimes mais alarmantes em nossa sociedade atual. Trata-se do assassinato de mulheres em decorrência de sua condição de mulher. Um crime infelizmente muito recorrente e, felizmente, evitável, pois muitas vezes é prenunciado por uma série de pistas e sinais que, se identificados e abordados corretamente, podem salvar vidas. Entender o perfil do agressor e as características da relação abusiva são passos cruciais na prevenção desse tipo de crime.
A prevenção do feminicídio começa na educação. Os pais têm um papel crucial em ensinar valores de respeito, consentimento e igualdade de gênero desde cedo. Ao orientar os filhos a entender e respeitar os limites dos outros, estamos construindo uma base sólida para relacionamentos saudáveis no futuro. Meninos educados a aceitar um “não”, na vida em geral e nos relacionamentos, tendem a respeitar a autonomia e a vontade das mulheres. Da mesma forma, meninas educadas a identificar comportamentos abusivos podem reconhecer sinais de perigo em relacionamentos tóxicos e buscar apoio.
O problema é que os pais ocupados de hoje, delegam a educação de seus filhos à escola ou à sociedade como um todo. Outro problema é que dinâmicas abusivas muitas vezes vêm da própria estrutura familiar. Assim, abusadores e vítimas, sem reconhecer seus papeis, são incapazes de instruir seus filhos. Mas é preciso que todos se questionem nesse drama social que estamos vivendo, e busquem apoio quando necessário.
O perfil do agressor, muitas vezes, apresenta traços de controle excessivo, ciúmes extremos e comportamentos possessivos. O feminicida costuma desencadear sinais de alerta que podem ser visíveis por exemplo quando:
Estes são indicadores fundamentais de uma relação tóxica que pode culminar em violência extrema e, ainda que não culmine em violência, relações tóxicas causam danos emocionais e traumas.
Quando você não se sente segura, nem feliz, vive a relação de forma angustiada, desconfie de estar vivendo um relacionamento tóxico. Se você tiver dúvidas sobre o comportamento do seu parceiro, pergunte a uma amiga. Geralmente as pessoas ao redor captam o perigo, mas não falam porque dizem que “em briga de marido de mulher, não se mete a colher”.
Leia mais: O que é Cultura do Estupro? Exemplos e Soluções.
Muito se fala do agressor e pouco da vítima. Reconhecer o papel da vítima na relação não significa culpá-la, mas chamar a atenção para um elemento importante na prevenção do feminicídio.
A vítima, em muitos casos, vive uma relação desequilibrada e nociva, onde a manipulação, a pressão psicológica e, por vezes, a violência já estão enraizadas. Infelizmente, muitas mulheres não se veem nesse lugar por causa dos ciclos de agressão e amor que vivem, por isso, é essencial reconhecer os sinais de que uma pessoa está em uma relação tóxica:
O ciclo de violência é uma das dinâmicas mais perigosas em relacionamentos abusivos. Começa com a tensão crescente, a explosão violenta do agressor e, em seguida, seguem-se os momentos de arrependimento e manipulação, pedidos de desculpas e flores. É crucial identificar e romper este ciclo. A agressão seguida por desculpas, presentes ou qualquer tipo de manipulação emocional é um alerta vermelho, não uma demonstração de mudança. Reconhecer essa manipulação e buscar apoio é essencial para a segurança das vítimas.
O vídeo abaixo é elucidativo:
Como visto no vídeo acima, a vítima diz “se eu tivesse tido coragem…” É muito importante entender uma coisa: a vítima muitas vezes quer mudar, mas não consegue. Como quem quer parar de fumar, emagrecer ou procrastinar e não consegue.
Existem dinâmicas inconscientes difíceis de ser combatidas, por isso, o apoio psicológico desempenha um papel fundamental tanto para as vítimas quanto para os agressores. Oferecer suporte emocional e terapêutico às vítimas permite que elas se recuperem dos traumas e reconstruam suas vidas. Ao mesmo tempo, a intervenção terapêutica para agressores pode ajudar a prevenir futuros atos de violência, desde que haja uma verdadeira disposição para a mudança.
A importância da atuação das autoridades policiais e do governo não pode ser subestimada. É essencial que as denúncias sejam levadas a sério, seguidas por investigações aprofundadas e, mais importante ainda, resultem em ações concretas para proteger as vítimas. A implementação de políticas públicas eficazes, programas de apoio e leis mais rigorosas são passos necessários para enfrentar essa realidade.
O feminicídio é um crime evitável, mas sua prevenção exige uma abordagem holística que abarca a educação, a identificação precoce dos sinais de violência, a assistência psicológica, a atuação das autoridades e a implementação de políticas públicas eficazes. Somente com a união desses elementos podemos erradicar essa tragédia e construir uma sociedade mais segura e igualitária para todos.
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Categorias: Sociedade
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