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O apego é um dos sentimentos que mais pode causar sofrimento no ser humano. Ser desapegado com as pessoas ou com as coisas, pode deixar a vida mais leve e mais fluida. Mas, sabemos que, muitas vezes, é um sentimento incontrolável e quando surge aquele aperto no coração, somos pegos desprevenidos. Mas, o que realmente significa apego?
A palavra significa ligação afetiva, sentimento de afeição ou de simpatia por alguém. A primeira pessoa que geralmente desenvolvemos esse tipo de sentimento é a nossa mãe. Da ligação entre pais (sobretudo mães) ou cuidadores e filhos, nasce a Teoria do Apego.
John Bowlby foi um psicólogo, psiquiatra e psicanalista que desenvolveu um trabalho pioneiro denominado Teoria do Apego.
Após a Segunda Guerra Mundial, muitas crianças ficaram órfãs e tiveram muitos problemas comportamentais. Bowlby descreveu o problema como “privação materna”, e foi esta privação que o inspirou a desenvolver a sua teoria.
Bowlby em suas pesquisas reconheceu a importante dinâmica entre pais (ou cuidadores) e filhos e quão profundamente essa dinâmica podia impactar o desenvolvimento social, emocional e cognitivo de uma pessoa. Ele observou que a separação precoce dos pais com os filhos poderia levar a certos padrões de comportamento na vida adulta e, assim, desenvolveu a Teoria do Apego.
Bowlby descreve o apego como:
“um vínculo emocional profundo e duradouro que conecta uma pessoa a outra através do tempo e do espaço”.
De acordo com sua teoria, o apego é um processo biológico e todos os bebês nascem com um “gene de apego” que lhes permite descarregar o que é chamado de “libertação social“, como chorar ou sorrir para induzir os adultos a cuidarem deles. O fator subjacente do apego não é a comida, como se acreditava anteriormente. Ou seja, os bebês não choram apenas por comida, mas principalmente para receberem cuidados e afetos.
Bowlby defende a tese de que as crianças são biologicamente programadas para formar laços com outras pessoas.
O conceito de ‘monotropia‘, ou de ligação ‘monotrópica’, é um dos pontos principais da Teoria do Apego de John Bowlby, e é um termo que significa uma figura principal de apego.
Segundo Bowlby, a criança sente a necessidade inata de preferir uma figura principal de apego (monotropia). Embora outras figuras de apego pudessem ocorrer, para Bowlby haveria um vínculo primário muito mais importante que qualquer outro (geralmente com a mãe).
Resumidamente, diante da nossa natureza monotrópica inata, se o vínculo com nossa figura principal de apego não ocorresse ou fosse rompido, teríamos graves consequências negativas em nossa personalidade, incluindo alguns tipos de psicopatias.
Bowlby identificou quatro tipos de estilos de apego:
O estilo de apego seguro significa um vínculo caloroso e amoroso entre pais e filhos.
A criança se sente amada e cuidada e desenvolve a capacidade de formar relacionamentos saudáveis com as pessoas ao seu redor.
Crianças com estilos de apego seguro são ativas e demonstram confiança em suas interações com os outros.
Aqueles que desenvolvem estilos de apego seguros na infância provavelmente levarão essa forma saudável de vínculo para a idade adulta, e não terão problemas para construir relacionamentos de longo prazo sem medo de abandono.
As crianças ansiosas-ambivalentes tendem a ser desconfiadas de seus cuidadores, e essa insegurança muitas vezes significa que onde vivem/estão é confuso e apreensivo.
Elas buscam constantemente aprovação e sentem medo de serem abandonadas.
Os apegados do tipo ‘ansioso-ambivalente’ tendem a levar o que aprenderam para a idade adulta e, muitas vezes, não se sentem amados e têm dificuldade de expressar amor e conexão.
As pessoas que desenvolveram apegos sob esse estilo geralmente são emocionalmente dependentes na idade adulta.
O apego desorganizado é uma combinação de apego evitativo e ansioso, e as crianças que se enquadram nesse grupo geralmente exibem intensa raiva e fúria.
As crianças desenvolvidas sob o estilo de apego ‘desorganizado’ tendem a evitar relacionamentos íntimos quando adultas e podem facilmente explodir e ter dificuldade em controlar suas emoções.
As crianças que se desenvolveram no estilo “evitativo” aprenderam a aceitar que suas necessidades emocionais provavelmente permanecerão insatisfeitas e continuarão a crescer sentindo-se não amadas e insignificantes.
Frequentemente, lutam para expressar seus sentimentos e acham difícil entender as emoções.
Na idade adulta, tendem a evitar relacionamentos íntimos.
Agora que você conhece os 4 tipos de apego e a teoria desenvolvida por John Bowlby, é possível perceber que desde bebês, nossa personalidade é construída através das nossas relações com o outro, começando pelos nossos pais/cuidadores.
Durante os primeiros seis meses de vida de um bebê, os pais devem demonstrar cuidados adequados para estabelecer vínculos de amor e respeito. Se um vínculo saudável não puder ser estabelecido durante essa fase inicial de desenvolvimento do bebê, isso pode levar a vários problemas emocionais na vida adulta.
Porque muitas pessoas com as quais nos relacionamentos podem parecer frias e calculistas. E de fato, o são, mas pode ser que assim o fazem por um mecanismo de defesa. Afinal, desde a mais tenra idade, elas aprenderam que não podem contar com afetos e cuidados.
Elas precisam de ajuda. Não a tua, mas uma ajuda profissional.
Assista aos vídeos abaixo, se quiser se aprofundar:
Fontes:
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Categorias: Sociedade
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