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Violência contra a mulher não é apenas física e ou psicológica. É também econômica. Precisamos falar sobre isso.
Março é o mês das mulheres, por isso, viemos com esse tema. Mas lembremos que violência econômica também pode se verificar contra homens, embora seja mais raro. Falaremos brevemente sobre isso também.
A violência física é a mais óbvia porque deixa marcas visíveis, evidentes. Já a psicológica pode ser tão sutil que às vezes passa despercebida, como é o caso da manipulação afetiva, emocional. Nem sempre é fácil se perceber sendo manipulado. A pessoa manipuladora é tão egoísta que sequer se percebe como tal, tão grande é a sua crença de que o mundo gira em torno ao seu umbigo. Dessa maneira, manipulador e manipulado participam de um jogo de violência tão mascarado, que tudo parece normal até que alguns sintomas começam a aparecer: sensação de insegurança, ou de estar sendo usado, ansiedade, depressão, excesso de baixa auto-estima, entre outros.
Um relacionamento infeliz, cheio de receios e anseios, geralmente esconde alguma toxidade.
Uma das formas de abuso psicológico é a violência econômica. Geralmente acontece contra as mulheres porque, embora muitas mulheres tenham conquistado independência financeira e liberdade econômica, via de regra, os homens ainda são melhores colocados no mercado de trabalho.
É claro que há exceções! Há mulheres que ganham mais que seus maridos, namorados, etc, mas as mulheres, geralmente, ficam para trás economicamente falando, porque geralmente precisam escolher entre carreira e maternidade, porque fazem trabalhos menos remunerados e por uma série de outros motivos sociais, culturais.
Quando a mulher tem uma profissão, uma carreira ou um trabalho estável, ela se sente livre para ser o que quiser: mãe, solteira, separada, etc. Mas quando ela se sente dependente do marido, ela muitas vezes aceita situações que não aceitaria se fosse economicamente independente.
O problema é quando essa dependência econômica vira gatilho para manipulação. Muitas mulheres aguentam caladas a violência física e psicológica, sob pressão da violência econômica.
E não é só isso. Também se configura violência econômica aquela cobrança velada ou aquele comportamento que algumas pessoas têm de lembrarem sempre que são elas que arcam com maior parte das despesas, ou que são elas que ganham mais, enfim, são elas que estão pagando e quem paga manda.
Em casos de separação, a parte mais rica do casal pode manipular o jogo com ameaças pesadas de uma possível falta de recursos financeiros da parte lesada do jogo, a parte mais frágil, mais vulnerável.
Dinheiro é tudo em um sistema capitalista. Dinheiro é Deus. Não há justiça, não há merecimento, há o dinheiro apenas. Portanto ganha, quem tem recurso para pagar o melhor advogado. Assim, em uma separação ou divórcio, ainda que existam leis que protejam as mulheres porque são mães ou porque são a parte mais frágil do jogo, quem tiver um bom advogado tem maiores chances de manipular as regras. E quando nesse caso é a mulher a parte mais poderosa, a situação para o homem é bem difícil, porque ao homem é socialmente esperado que ele seja a parte rica e provedora do casal.
De qualquer forma, usar o dinheiro como, literalmente, moeda de manipulação é uma das violências mais dolorosas que alguém possa ser submetido. Geralmente é a mulher a vítima nesses casos, embora nada impeça que os homens também o sejam.
É bom saber e falar sobre esse tipo de violência para que as relações comecem sempre com transparência e generosidade nesse quesito, para que não terminem com uma forma de violência tão velada e cruel que pode deixar marcas indeléveis em uma pessoa.
Para combater a violência econômica, é necessário haver independência financeira total e absoluta de todas as pessoas envolvidas em um grupo, o que nem sempre é possível (nas relações de casal, família, trabalho, amigos…). Infelizmente!
A igualdade social só é possível quando há igualdade de possibilidades, dado que somos diferentes. Isso quer dizer que a luta não deve ser para sermos iguais, mas para termos possibilidades iguais. Nem todos querem ser ricos, mas todos querem ser livres. Onde houver liberdade financeira não haverá violência econômica.
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Categorias: Sociedade
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