Anta, galinha, burro e outros animais. Quando querem te xingar mas te elogiam


Você tem o costume de xingar pessoas comparando-as a animais? Provavelmente, você nunca tenha parado para pensar que, ao fazer isso, na verdade, está elogiando quem você xinga.

A razão é que os animais têm uma inteligência própria da sua espécie, que falta à nossa.

Na língua portuguesa, há expressões comuns que fazem referência negativa aos animais, como “amigo da onça”, “pagar o pato”, “soltar os cachorros”. Além delas, nomes de animais como “anta”, “toupeira”, “burro”, “jegue”, “mula” e, recentemente, “gado” como expressão política, são usados, por exemplo, para atribuir qualidades negativas a quem é considerado pouco inteligente.

As mulheres não são poupadas quando nomes de animais são usados para atribuir-lhes estereótipos ofensivos: “galinha”, “vaca”, “piranha”, “cobra”, “jararaca”, “víbora”. Aos homens, para avaliar seu caráter são comuns as comparações com “cabra da peste”, “cachorro”, “cavalo”.

São inúmeras as expressões usadas na língua portuguesa com nomes de animais para apontar alguma característica pessoal ou para descrever uma situação, como “a vaca foi pro brejo”, “nem que a vaca tussa”, “conversa pra boi dormir”, “comer mosca”, entre tantas outras, como nos lembra o site Só Português.

Mas o que essas expressões têm em comum é que elas revelam uma grande injustiça com os animais.

Veja alguns exemplos…

Anta

Chama-se alguém de anta para, geralmente, criticar a inteligência dessa pessoa. Acontece que o maior mamífero silvestre do Brasil é muito inteligente e tem uma alta concentração de neurônios no cérebro.

Galinha

Usada para falar do comportamento sexual promíscuo de uma mulher, é preciso esclarecer que a galinha não depende do galo para produzir os ovos, ainda que ele participe da fertilização.

O ritual de acasalamento entre macho e fêmea é o galo realizar uma espécie de dança em torno da galinha, arrastando suas asas enquanto caminha em círculo ao redor da fêmea.

A galinha se afasta, o galo a persegue e monta nela para iniciar o processo de inseminação. Ou seja, a sexualidade da galinha nada tem a ver com o estereótipo negativo atribuído à mulher.

Além disso, como revela uma reportagem da BBC, as galinhas são muito inteligentes. Elas conseguem realizar atividades aritméticas básicas e têm um certo nível de autopercepção.

Burro (também serve para jegue, mula)

O El Pais entrevistou Dilfenio Romero, o criador da Burrolândia, que afirma que o burro é muito mais inteligente que o cavalo. Tanto é que, se um burro for colocado em um grupo de cavalos, estes passam a segui-lo.

Cavalo

Geralmente chama-se um homem de cavalo para dizer que ele é  grosseiro e mal-educado. Uma baita injustiça com esse amável bicho! Os cavalos são educados, inteligentes, carinhosos, detalhistas e têm bons ouvidos.

Cobra

Comparada a uma pessoa traiçoeira, geralmente, uma mulher, tal característica não poder ser aplicada às serpentes. Acontece que, quando elas dão um bote, elas se defendem por estarem assustadas com alguma situação que as colocou em perigo. Cobras são animais incríveis.

Vaca

Nome pejorativo atribuído a uma mulher, as vacas são animais sagrados em várias culturas, como a indiana, na qual são associadas à generosidade. No Egito antigo, elas representavam fertilidade, amor, beleza e maternidade.

Cachorro

O melhor amigo do homem vira o pior inimigo: “cachorro” dizem quando uma pessoa trai uma amizade ou comete alguma maldade. Nada mais injusto com os cães. Aliás, cães, é uma palavra horrível a ser dirigida a alguém.

Essa lista é inesgotável e serve para alertar que, ao comparar alguém a um animal achando que é um insulto, você está é atribuindo-lhe um elogio.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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