Religiões representadas por Divindades Femininas e o Culto às Deusas


Nas sociedades primitivas, a Deusa Mãe fazia parte da religiosidade desses povos. Com o passar do tempo, isso foi mudando. Saiba o porquê disso, veja quais eram as religiões “lideradas”por mulheres e quais ainda conservam essa tradição.

Para o homem primitivo, a natureza como um todo era a representação da Deusa Mãe, já que a natureza é geradora de vida, transformação, regeneração, criação e diversidade.

A Deusa Mãe nas sociedades primitivas

Nas comunidades agrícolas da pré-história, a Deusa Mãe representava a força essencial da vida, e estava associada à:

  • fecundidade da terra
  • fertilidade da mulher
  • capacidade de gerar e criar
  • aos ciclos da natureza

Dessa compreensão, derivaram outras divindades femininas ao longo da história, principalmente na Antiguidade com as religiões politeístas.

Religiões politeístas e suas divindades femininas

Para as antigas sociedades de diversas partes do mundo, era muito comum o culto e a devoção às divindades femininas.

Veja alguns exemplos:

Cibele – Reino de Frígia

Essa deusa era cultuada no reino da Frígia.

Para este povo, ela era a “Mãe dos Deuses” e representava a fertilidade da natureza.

O culto à essa deusa teve início na região da Ásia Menor e espalhou-se por diversos territórios da Grécia Antiga.

Aditi – Mitologia Hindu

O nome dessa divindade significa livre de amarras.

Essa deusa é mãe dos aditias, um grupo de deuses responsáveis por manter toda a existência.

Era venerada como a divindade apoiadora de todas as criaturas.

Kwan Yin – Budismo

Desde tempos remotos, as culturas asiáticas vêm venerando Kwan Yin como deusa da misericórdia e da compaixão.

O poder dessa deusa traz iluminação suprema, libertação e novas percepções.

Essa deusa é reverenciada pelos budistas.

Amaterasu – Xintoísmo

A deusa Amaterasu é uma divindade da religião xintoísta, originária do Japão.

É considerada  a deusa do sol e do universo.

O nome dessa deusa deriva de Amateru que significa que brilha no céu.

Ísis – Mitologia Egípcia

Ísis era uma deusa de grande destaque no Antigo Egito, muito cultuada por esse povo.

Ela era invocada em cultos para cura e rituais de pós-morte.

Era comum colocar a imagem de Ísis nos sarcófagos dos faraós  (urna funerária), na intenção dessa deusa guiá-los após a morte.

Astarte – Mitologia Fenícia

Esta divindade era a deusa dos povos fenícios (atual Líbano).

Era associada à lua, à fertilidade e à sexualidade

Hera e outras deusas – Mitologia Grega

Dos 12 deuses do Olimpo, 6 eram mulheres:

Hera: a rainha dos deuses, filha de Cronos e Reia, esposa e irmã de Zeus (rei dos deuses), deusa do casamento, da maternidade e das mulheres.

Deméter: deusa da agricultura, da natureza e das estações do ano.

Héstia: deusa virgem do lar e da lareira

Afrodite: considerada pelos antigos gregos como a deusa do amor, da beleza e da sexualidade, era tida como a deusa responsável pela perpetuação da vida, pela expressão do prazer e da alegria.

Ártemis: deusa virgem da caça, florestas, vida selvagem, lua e protetora das meninas.

Atena: deusa virgem da sabedoria, ofícios e estratégia militar.

Anu – Mitologia Celta

A deusa Anu é considerada pela Mitologia Celta como divindade suprema.

É tida como mãe dos deuses e dos homens.

Ela representa a Mãe Celeste e os celtas a tinham como criadora de seu povo.

O nome desta deusa está associado ao conhecimento, à sabedoria, maestria e abundância.

Daena – Mitologia Persa

Para os antigos persas, Daena é a deusa da justiça e protetora das almas.

Na representação dessa deusa, ela aparece acompanhada de um cão mágico.

Daena significa aquilo que é visto.

Brígida – Mitologia Irlandesa

Brígida é considerada pela Mitologia Irlandesa como deusa da luz, do fogo e da sabedoria.

O nome dessa deusa deriva da palavra Brighid, que quer dizer poder e superioridade.

Ela representa o superior e a inspiração.

A imagem que representa essa deusa é a luminosa tríplice do fogo, a chama tríplice.

Freia – Mitologia Nórdica

Esta deusa é uma das mais antigas da antiga religião germânica e está associada ao amor, à fertilidade, beleza, riqueza e magia.

Arianrhod – Mitologia Galesa (Gales)

Arianrhod é considerada a mais poderosa Deusa Lunar.

Ela representa sabedoria, fertilidade, reencarnação, o ar e a água.

Os símbolos relacionados à esta divindade são a lua, a coruja, as estrelas e tudo na natureza que tenha movimento circular.

Dzalarhons – Mitologia do Povo Haida

Para o povo Haida, uma comunidade indígena que vive em um arquipélago próximo ao Canadá, essa deusa representa o espírito da montanha e é a guardiã da natureza.

Quando tudo mudou: a exaltação ao masculino nas religiões monoteístas

Com o surgimento das religiões monoteístas, principalmente judaísmo, islamismo e cristianismo, Deus passa a ter uma outra conotação, como ser único e masculino. Dessa forma, as divindades femininas são tiradas de cena.

Essa nova concepção religiosa, acabou se tornando embasamento e justificativa para o estabelecimento das autoridades eclesiásticas masculinas, o que de certa forma contribuiu para colocar o homem em um patamar superior à mulher.

Desse modo, a mulher e sua energia feminina que eram tão exaltadas através das antigas religiões politeístas, passam a ficar em segundo plano no contexto do monoteísmo.

O resgate das religiões pagãs e do culto às Deusas

Com o Renascimento Cultural e o resgate da cultura pagã, muitos valores religiosos das antigas religiões politeístas foram retomados através da arte, da literatura e do intercâmbio entre os povos através das viagens marítimas daquela época.

Graças a isso, hoje em dia temos acesso às religiões herdadas dessas culturas mais primitivas, algumas destas sendo ainda seguidas nas sociedades contemporâneas, como por exemplo:

Religiões Africanas

Algumas deusas dessas religiões:

Iansã

Essa orixá tem origem da Nigéria onde ela é muito cultuada.

Ela está associada ao fogo e é regente dos raios e vento.

Iemanjá 

Iemanjá é a orixá dos ebás, grupo étnico da Nigéria.

Essa divindade é considerada a mãe dos peixes e está associada às águas dos rios e mares.

Oxum

Na religião do povo iorubá, que vive no sudoeste da Nigéria, Oxum é uma orixá que rege as águas doces e está associada à beleza,  à fertilidade, sensibilidade e prosperidade.

Wicca

A religião neopagã Wicca reverencia a Deusa Mãe e a relaciona à natureza, à lua e à Terra.

Essa religião respeita as antigas tradições das religiões ancestrais que exaltavam o Sagrado Feminino, reverenciavam a Mãe Terra e honravam a mulher e sua natureza.

Deus Pai e Deusa Mãe

Independente da religião ter como destaque um Deus ou uma Deusa, somos todos filhos do masculino e do feminino, já que o TAO (TODO) é formado por essas duas polaridades e energias, uma coexiste com a outra e vice-versa.

Os povos pré-históricos representavam a Força Masculina como Pai-Céu e a Força Feminina como Mãe Terra, cuja união deu origem:

  • aos minerais
  • às vegetações
  • aos animais
  • aos oceanos
  • às montanhas
  • aos humanos

Em suma, através dessa compreensão, Deus É “tudo em todos”!

Resgate da feminilidade

Já parou para pensar que Maomé, Buda, Jesus Cristo, Ghandi, e a maior parte dos líderes religiosos, são todos masculinos? Em alguns casos, nem poderia ser feminino (na igreja católica por exemplo, mulher não pode ser papa).

Isso faz com que a espiritualidade nessas religiões seja liderada por uma força mais racional que amorosa, acolhedora e criadora.

Para os cristãos, embora Jesus Cristo seja o filho do pai  (o deus sempre masculino), é do ventre de uma mulher, a Santa Maria, Nossa Senhora, que ele nasceu, embora virgem, a Virgem Santíssima.

É bom a gente pensar nisso, principalmente as mulheres, pois o mundo está precisando da grandíssima criadora, acolhedora, força feminina.

Graças às Deusas, muitas mulheres estão se re-abrindo para essa velha visão.

Um mundo melhor é possível!

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Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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