Como algo tão natural como a menstruação pode ser um tabu? Pois é um tabu para meninas, mulheres e homens. Quantas adolescentes não vão ao banheiro da escola com um absorvente escondido? Quantos homens têm nojo de ter relações sexuais com mulheres quando elas estão menstruadas? E quantas mulheres não se sentem sujas com a sua própria menstruação?
Tendo tudo isso em vista, como é que um filme sobre menstruação ganha um Oscar?
Pois é! Felizmente o documentário Period. End of Sentence levou o Oscar de Melhor Documentário Curta-Metragem, tirando do silêncio um assunto – e um fato – tão corriqueiro como é a menstruação.
O filme aborda um grupo de mulheres indianas que lutam para ter acesso a produtos de higiene em comunidades rurais onde a menstruação é um estigma. A menstruação, que é algo absolutamente natural, leva até a evasão escolar de meninas.
O documentário mostra o cotidiano de meninas e mulheres que não sabem usar um absorvente íntimo pois sequer tiveram contato com um. Muitas sentem medo de usar o produto.
O curta foi dirigido por Rayka Zehtabchi e produzido por Melissa Berton. Segundo o site português Delas, Zehtabchi disse sobre ter ganhado a estatueta:
“Não estou a chorar porque estou menstruada. Estou sim a chorar porque não posso acreditar que um filme sobre a menstruação tenha ganhado um Oscar“. Ambas as produtoras receberam o prêmio juntamente com um grupo de mulheres que pediam “mestrual equality”, isto é, igualdade no acesso a produtos de higiene feminina.
O curta pode ser visto na Netflix com o título Absorvendo o tabu. Além de o filme mostrar a dificuldade de acesso de mulheres indianas a produtos íntimos de higiene, muitas delas também não sabem o que biologicamente é a menstruação e a consideram, por desconhecimento, algo pecaminoso.
O documentário tem 26 minutos e estava concorrendo na categoria Melhor Documentário Curta-Metragem com obras sobre temas como nazismo, racismo e imigração.
O palco do Oscar foi tomado por mulheres que empreenderam um projeto único que dá visibilidade a outras mulheres e aos seus corpos.
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Categorias: Arte e Cultura, Viver
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