Maurizio Cattelan, o artista italiano mais bem pago do mundo, voltou a causar. Conhecido por projetar e fabricar objetos em forma de banana, de plástico e de vidro, desta vez resolveu usar uma fruta de verdade, provocando críticos e admiradores.
Para marcar presença na 30ª edição da Art Basel de Miami, ele colou uma banana com silver tape em uma parede da galeria Perrotin e batizou a obra/instalação de “Comedian”. Como se não bastasse, colocou um preço nada doce para quem quisesse adquiri-la: 120 mil dólares.
Natalia distefano, colunista do jornal italiano Corriere della Sera, considera que o episódio provoca uma reflexão sobre as escolhas e o valor que a sociedade contemporânea dá aos objetos.
Não é a primeira vez que Cattelan joga umas indiretas para os americanos. Ele é conhecido por sua irreverência e, não faz muito tempo, ganhou as manchetes dos jornais depois que sua obra “America” – um vaso sanitário de ouro avaliado em 1 milhão de dólares – foi roubado do Palácio de Blenheim, local de nascimento de ninguém menos que Winston Churchill. Pouco antes, Trump havia recusado um pedido do artista para que a obra fosse exposta na Casa Branca.
Muitos indagaram o que aconteceria quando a fruta apodrecesse. A galeria limitou-se a responder que a questão seria avaliada no momento oportuno, mas a banana foi vendida em tempo recorde.
Apesar de já ter dono, continuou exposta e acabou virando objeto da intervenção de um outro artista: diante de câmeras que registraram o momento, o norte-americano de origem georgiana, David Datuna, descolou a banana da parede e a comeu na frente do público, alegando que se tratava de “um gesto de artista” que chamou de “Hungry Artist” (“Artista Faminto” em português).
“Obrigada, é deliciosa. Estes 120 mil dólares são verdadeiramente muito gostosos”, disse Datuna na hora.
Datuna afirmou respeitar e admirar Cattelan e que, como artista, estava autorizado a fazer o que fez.
“Posso comer a banana e o conceito de banana só porque eu também sou um artista […] Sou um artista que come outro artista”.
No fim das contas, ficou mesmo tudo em casa: a galeria não vai processar Datuna e a banana já foi substituída por outra, como declarou uma porta-voz da Perrotin. Segundo eles, “foi destruída apenas a ideia”, mas a obra de Cattelan sobrevive.
Viva a arte!
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Categorias: Arte e Cultura, Viver
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