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Um elefante solitário, que tinha acessos de fúria impressionantes, mas que nutriu pelo seu cuidador um amor incondicional. Esse foi Jumbo, o animal que inspirou o clássico da Disney, Dumbo, e que agora vira remake na nova produção cinematográfica do Tim Burton. A verdadeira história de Jumbo não é tão doce quanto os filmes da Disney. A realidade é bem dolorosa.
Jumbo, nome que significa “olá” no idioma africano swahili – foi capturado na Etiópia, em 1862, quando tinha 2 anos e meio. Sua mãe, que, provavelmente tentou protegê-lo, acabou morta nessa captura. Depois de ser caçado, foi para Paris. O animal, na época, estava tão ferido que muitos julgavam que ele não sobreviveria. Ainda doente, o elefante foi para Londres, em 1865, vendido para o diretor do zoo da cidade, Abraham Barlett. Jumbo ficou aos cuidados de Matthew Scott, e o vínculo que se estabeleceu entre eles durou a vida inteira. Tanto que o elefante não conseguia ficar muito tempo longe de seu cuidador e preferia ele à companheira que o arrumaram, Alice.
O animal se recuperou e virou uma celebridade. Principalmente por que era raro ver um elefante daquele porte nos circos. Foram 15 anos de glória. As pessoas vinham ver Jumbo, montavam nele, davam doces. No entanto, posteriormente, Jumbo passou a ter explosões de fúria, que aconteciam sempre à noite, longe do público. O diretor do zoológico creditou aos hormônios, já que, na época, o elefante tinha cerca de 20 anos.
Porém segundo Richard Thomas, arqueólogo de Leicester (Reino Unido), o que houve foi uma reação à dor que sentia, causada pelo excessivo consumo de doces, alimentação nada próxima da que ele deveria ter. O especialista examinou restos do Jumbo e fez um documentário sobre ele Attenborough and the Giant Elephant (2017), da BBC.
O cuidador de Jumbo recorreu a uma solução pouco ortodoxa para acalmar o animal: dava álcool para ele. O método funcionou, e o elefante passou a beber constantemente. Porém os acessos de raiva continuavam. Até que um dia o diretor do zoo resolveu vender o animal por medo de que aquelas explosões viessem à tona nas apresentações com o público. Jumbo foi vendido para o magnata circense norte-americano P.T. Barnum, que viu boas chances de lucrar muito com o animal. E foi o que aconteceu. Por meio de um marketing agressivo que apresentava Jumbo como “o maior animal da época”, o que não era bem verdade, o elefante passou a fazer shows, viajando de cidade a cidade. Em 1885, após o fim de uma temporada no Canadá, um acidente pôs fim à vida de Jumbo.
Existem duas versões para a morte de Jumbo. A primeira diz que o elefante foi tentar salvar um filhote e foi atropelado por uma locomotiva. Essa versão quem contava era o próprio Banun. Porém, Sir David Attenborough, autor do documentário Attenborough and the Giant Elephant, diz que Jumbo foi atropelado, enquanto subia no trem, por uma locomotiva que vinha na direção oposta. O acidente provocou uma hemorragia interna, e o elefante morreu aos 24 anos. Esse triste fim foi o desfecho de uma vida dolorosa, breve (um elefante livre pode chegar aos 70 anos), mas que entrou para a história de modo romantizado, talvez por que a história real tenha sofrimento demais para as páginas de ficção.
Sabendo dessa historia verídica que inspirou o personagem Dumbo, fica a dúvida sobre ver ou não o filme. Por um lado chega de explorar o animal, Jumbo, que mesmo agora morto, continua rendendo muito $$$. Por outro lado o filme levanta a ocasião para debater sobre a exploração de animais em circos e em quaisquer outros lugares (zoos, aquários, experimentos científicos, agências de turismo, testes laboratoriais, etc). Na verdade é propriamente esta nova produção que questiona: precisamos mesmo usar os animais para o entretenimento humano?
Exploração nunca mais! E Dumbo vai te mostrar o porquê!
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Categorias: Arte e Cultura, Viver
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