Como os arquétipos de Jung podem contribuir para o nosso autoconhecimento?


As investigações de Jung no campo da Psicologia Analítica deixaram grandes contribuições para o nosso autoconhecimento. Somos o resultado de várias influências e tomar consciência delas é uma forma de lidar melhor com nossos conflitos internos e dar condições para que as nossas potencialidades se manifestarem.

Vamos saber mais sobre conhecimento deixado por Jung, principalmente no que diz respeito aos arquétipos que se manifestam em nós e nos vinculam ao inconsciente coletivo, e que, sem percebermos, influenciam até os acontecimentos em nossas vidas.

Para saber mais sobre esse tema instigante confiram o que vem a seguir:

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A origem da palavra arquétipo

A palavra “arquétipo” tem sua raiz na Grécia antiga:

archein = original ou velho

typos = padrão, modelo ou tipo

O significado combinado desta duas palavras = padrão original

Arquétipo é o padrão original que abarca o que existe em comum nas pessoas, objetos ou conceitos, que pode ser copiado, moldado, padronizado ou estimulado para ser seguido e vivido.

O arquétipo segundo Carl Gustav Jung

O conceito de arquétipos surgiu em 1919 com o psicanalista suíço Carl Gustav Jung, discípulo de Freud.

Carl Gustav Jung investigou até concluir que os fenômenos que nossos antepassados viveram, a um nível coletivo e em diferentes épocas, culturas e sociedades, modelam a nossa maneira de ser. Ele conceituou isso como arquétipo.

Jung chegou à conclusão que os arquétipos são conjuntos de imagens primordiais, provenientes de uma sucessão de repetições progressivas de uma mesma experiência durante muitas gerações que ficaram armazenadas no inconsciente coletivo.

O conceito do arquétipo foi utilizado por Jung em sua análise sobre a psique humana.

Segundo ele, os arquétipos são míticos personagens universais que residem no inconsciente coletivo das pessoas.

Os arquétipos representam as motivações humanas que vão traçando nossas experiências e desencadeando emoções profundas e se somatizando de geração em geração.

O Inconsciente coletivo

Para Jung, inconsciente coletivo é formado por um conjunto de aspectos individuais e coletivos que ficam armazenados em uma parte secreta da nossa mente, que influi em nossa percepção e interpretação dos acontecimentos e em nossas vivências.

Os arquétipos são expressões da influência de experiências e memórias de nossos antepassados, portanto nós não nos os desenvolvemos isoladamente, fazem parte e interferem em nossa formação o que vem da sociedade, do contexto cultural e histórico, nos influenciando intimamente, gerando em nós padrões de pensamento, modelos sociais e interpretação da realidade.

Na perspectiva individual, o inconsciente é representado por padrões emocionais e comportamentais, representado pelos arquétipos, que influem em nossa forma de sentir, perceber, interpretar, pensar, agir e direcionar nossa vida, passando a ser o sentido de nossa existência.

Os arquétipos se originam da expressão do inconsciente coletivo em nós, modelando nossa existência, se tornando um padrão de comportamento, caracterizando nosso modo de vida e jeito de ser.

Como os arquétipos se manifestam?

Os arquétipos definidos por Jung representam padrões de imagens e símbolos que aparecem de forma recorrente de diferentes formas em todas as culturas e que passam de geração em geração.

Um arquétipo retrata a manifestação do inconsciente coletivo em nós.

As imagens arquetípicas são universais e podem ser percebidas nas expressões culturais de diferentes sociedades, seja na fala, no comportamento ou nos ideais, a cultura interfere no que somos e fazemos, mesmo sem nos dar conta.

Alguns terapeutas, psicólogos e psicanalistas utilizam os arquétipos junguianos para decifrar conflito interno entre o inconsciente e o consciente na mente do paciente.

Tipos de arquétipos

Os arquétipos simbolizam as motivações básicas humanas.

Cada tipo de arquétipo tem seus valores, significados e delineia traços de expressão da pessoa.

A maioria ou até todas as pessoas possuem vários arquétipos que interferem na construção da personalidade.

Comumente, um determinado arquétipo se pronuncia mais na pessoa.

Perceber qual arquétipo influencia nossa personalidade pode nos ajudar a compreender melhor nosso comportamento, reações e motivações.

Os principais arquétipos conceituados por Jung

Os arquétipos se pronunciam a partir de aspectos inatos que têm relação com o inconsciente coletivo e foram se formando ao longo dos milênios, através de experiências recorrentes a partir de nossos ancestrais e passando de geração em geração.

Para conhecer as características dos principais arquétipos descritos por Carl Gustav Jung, segue uma síntese de cada um:

Animus:

O Animus é o aspecto masculino que existe na mulher, o yang, a energia masculina, tem relação com a racionalidade e está associado à figura paterna.

Anima:

A Anima é o arquétipo do feminino na mente do homem, a energia Yin, tem relação com a sensibilidade e está associada com a figura materna.

Mãe:

O arquétipo da mãe se associa a comportamentos e representações associados à maternidade, que vem desde remotos tempos de nossos antepassados.

Pai:

O Pai representa a figura da autoridade e serve como modelo de conduta para nós.

Pessoa:

O arquétipo da pessoa representa nossa imagem pública, como nos relacionamos com os outros.

Sombra:

Aquilo que está oculto e escondido em nós é nossa sombra e vive nas profundezas do inconsciente.

Herói:

O herói luta pelo bem comum e por vezes reprime a sombra que é uma ameaça para o social.

Sábio:

O arquétipo do Sábio lança luz sobre o caminho do herói, desenvolve nossa percepção.

Trapaceiro:

O arquétipo do trapaceiro ou do malandro, desafia o que é pré-estabelecido pela sociedade, ele cria paradoxos para o Herói.

Os arquétipos e complexos de Jung

Nesse vídeo do Canal Didatics serão explicados com mais detalhes os arquétipos definidos por Carl Gustav Jung: a anima, o animus, a grande mãe, o sábio, o herói e o self.

Arquétipos de Jung no mundo atual

Margaret Mark e Carol S. Pearson autoras do livro “O herói e o Fora da Lei” investigaram e se aprofundaram nos arquétipos de Carl G. Jung estabelecendo as características marcantes de 12 grupos comportamentais, que inclusive profissionais de marketing e gestores de marca têm utilizado desse conhecimento no mundo da publicidade, para direcionar produtos para o público adequado, baseando-se em cada arquétipo.

O conceito do arquétipo não se limita só à psicologia, é utilizado na propaganda, no mundo dos negócios e pelas empresas.

Várias marcas hoje em dia buscam se alinhar a determinado arquétipo para vincular o produto ao consumidor.

Os 12 arquétipos baseados nos fundamentos de Jung e descritos no livro O Herói e o Fora da Lei são:

O INOCENTE

Palavra de Ordem: Liberdade

Ideal: Viver no paraíso

Meta: Felicidade

Medo: Sofrer por algum erro

Forma de viver: Ser correto

Fragilidade: Ingenuidade

Virtudes: Fé e Positividade

Expressões: Sonhador, ingênuo, místico, casto, romântico e idealista.

O CARA COMUM OU ÓRFÃO

Palavra de Ordem: Igualdade

Ideal: viver em harmonia com os outros

Meta: Se integrar

Medo: Ser excluído ou discriminado

Forma de viver: Viver com simplicidade e em comunhão com os seres

Fragilidade: Se anular em função do outro e da sociedade

Virtudes: Empatia, humildade, desapego e simplicidade.

Expressões: Bondoso, dedicado, trabalhador, ético e humilde

O HERÓI

Palavra de Ordem: Vontade

Ideal: Mostrar seu valor através da coragem

Meta: Contribuir para melhorar o mundo

Medo: Ser um covarde e demonstrar fraqueza e vulnerabilidade

Forma de viver: Ser forte e agir com competência

Fragilidade: Viver sempre em luta

Virtudes: Competência, determinação e coragem

Expressões: Guerreiro, salvador, lutador, defensor, heroico e corajoso

O CUIDADOR

Palavra de ordem: Amor

Ideal: Proteger e cuidar dos outros

Objetivo: Ajudar e ser compassivo com os seres

Medo: Egoísmo, falta de generosidade e ingratidão

Forma de viver: Ajudar e ser útil para os outros

Fragilidade: Ser explorado pelos outros

Virtudes: Compaixão, generosidade e solidariedade

Expressões: Generoso, empático, altruísta, protetor, incentivador e assistencial.

O EXPLORADOR

Palavra de Ordem: Superação

Ideal: Se descobrir através da aventura de conhecer mundo

Meta: Um mundo melhor e uma vida mais gratificante

Medo: Se sentir preso, limitado, conformado e entediado.

Forma de viver: Experimentar o novo, sair do tédio e conhecer novas pessoas e novos lugares.

Fragilidade: Andar sem destino, sem eira nem beira e se tornar um desajustado

Virtudes: Livre, aventureiro e fiel à sua alma

Expressões: Caminhante, andarilho, individualista, peregrino e nômade

O REBELDE

Palavra de ordem: Revolução

Ideal: Sair do padronizado e inovar

Meta: Romper o sistema

Medo: Impotência

Forma de viver: Questionar e não seguir o que está ultrapassado ou é limitante

Fragilidade: Se tornar uma marginal ou terrorista

Virtudes: Ousadia, vanguardismo e originalidade

Expressões: Revolucionário, selvagem, desajustado e questionador.

O AMANTE

Palavra de ordem: Valorização

Ideal: Viver com profundidade um relacionamento íntimo

Meta: Se relacionar com pessoas que ame de fato, sejam amigos, colegas de trabalho, par romântico.

Medo: Ficar no anonimato, indesejado e mal amado

Forma de viver: Gosta de ser atraente e fazer a diferença

Fragilidade: Na ânsia de ser amado e valorizado corre o risco de perder sua individualidade

Virtudes: Amoroso, grato, atraente, compromissado e parceiro

Expressões: Amigo íntimo, entusiasta, sensual e cativante.

O CRIADOR

Palavra de Ordem: Criatividade

Ideal: Realizar o que tem verdadeiro valor

Metas: Concretizar e realizar o que pode trazer benefícios para a humanidade

Medo: Mediocridade, falta de visão e ação

Forma de viver: Expressar a criatividade, imaginação e o senso artístico

Fragilidade: Fracassar em sua realizações e perfeccionismo

Virtudes: Criatividade, ser visionário,culto inspirado e imaginativo

Expressões: Artista, inventor, inovador, idealizador, sensível, promotor da arte e cultura

O TOLO

Palavra de ordem: Viva

Ideal: Viver intensamente

Meta: Vivenciar um grande momento

Medo: Se sentir aborrecido e chateado por causa de uma vida sem graça

Forma de viver: Brincar, se divertir, jogar, fazer piadas, ser engraçado e não levar tudo a sério

Fragilidade: Frivolidade, futilidade, superficialidade e irresponsabilidade

Virtudes: Alegria e bom humor

Expressões: Bobo da corte, malandro, palhaço, brincalhão, comediante e humorista

O SÁBIO

Palavra de ordem: Verdade

Ideal: Busca do conhecimento e da verdade

Meta: Usar a inteligência e a razão para compreender a vida

Medo: O engano, a desilusão e a ignorância

Forma de viver: Buscar, estudar, investigar e analisar tudo que traz conhecimento, reflexão e compreensão dos processos da vida.

Fragilidade: Teorizar e não agir, buscar a compreensão da vida e deixar de viver

Virtudes: Sábio, inteligente, racional, estudioso, reflexivo e consciente

Expressões: Erudito, investigador, conselheiro, pensador, filósofo, pesquisador, planejador, mentor, educador e contemplativo

O MÁGICO

Palavra de ordem: Realização

Ideal: Compreender as leis universais

Meta: Tornar realidade os sonhos

Medo: Atrair negatividade

Forma de viver: Viver seus sonhos e ideais

Fragilidade: Para conseguir o que quer se tornar manipulador

Virtude: Realizador e inventivo

Expressões: Inventor, líder, místico, esotérico, curandeiro e mago

O GOVERNANTE

Palavra de ordem: Poder

ideal: Controlar e ser poderoso

Meta: Ter uma família e viver em uma comunidade de forma próspera

Forma de viver: Busca ter e exercer o poder

Medo: Perder o controle da situação e não ter poder

Fragilidade: Se tornar autoritário e centralizador

Virtudes: Autoridade, responsabilidade e liderança

Expressões: Chefe, líder, ditador, aristocrata, rei, rainha, político, gerente, comandante, empresário e administrador

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Nossa relação com os arquétipos

Os arquétipos são figuras que se instalaram em nosso imaginário desde a infância.

Independente do país, cultura, religião e costumes, essas imagens são muito parecidas para todos nós.

Os arquétipos estão presentes nos mitos, fábulas, lendas, contos de fadas, histórias que foram criadas para externalizar o inconsciente coletivo.

São eles que fazem parte dos marcos e grandes acontecimento da história humana e vivem a se repetir, sendo bons ou ruins, mudam os cenários, a roupagem, mas os personagens (arquétipos) são os mesmos.

Na atualidade os arquétipos são representados e vistos nos filmes, na publicidade, nas séries, nas novelas, nos reality-show, na internet e em quase tudo em nossa existência.

Os arquétipos são mecanismos que utilizamos para satisfazer nossas necessidades, tais como: realização, pertencimento, independência, segurança e estabilidade, entre outras.

Até mesmo a publicidade utiliza os arquétipos para vender seus produtos, por exemplo, uma propaganda com pessoas alegres e realizadas usando um produto de determinada marca, irá provocar uma identificação do arquétipo que existe no inconsciente do consumidor e que busca aquilo que é mostrado na propaganda, levando-o a associar o produto com o que ele deseja para si: alegria e realização.

O importante é nos darmos conta de que forma os arquétipos atuam em nós e como se formaram, os alimentamos e somos influenciados por eles.

Dentro de cada um de nós moram muitos arquétipos. Observem, para se conhecerem melhor.

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Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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Este artigo possui 1 comentário

  1. Severiano sarmento
    Publicado em 10/03/2021 às 4:34 am [+]

    Imagem de bonecos são a chave de liberação de sentimentos de afetos passadas,estas imagens são arquétipos!


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