Carnaval do empoderamento: adesivos de peito, posse do corpo e Não é Não


Durante o carnaval, por muito tempo, as mulheres eram tratadas como objetos do fetiche masculino. Se nas praias é proibido fazer topless, na avenida é permitido a elas estarem nuas. Câmeras televisivas invadem os seus corpos expondo-os para saciar o desejo masculino. Mas, em tempos de fortalecimento do feminismo, nos últimos carnavais as mulheres têm mostrado os seus corpos como um território delas, no qual elas é quem ditam os limites.

O carnaval do empoderamento

As mulheres querem brincar o carnaval sem medo de terem invadido o seu espaço na folia. Há quem ache que no carnaval vale tudo, inclusive, ultrapassar um território que não lhe pertence.

O fato de uma mulher estar na folia com maiô, hot pants ou nipple pasties (adesivos para mamilos) não significa um convite para que olhos, mãos e palavras invadam o território do seu corpo.

Segundo o iBahia, a estudante Eduarda Kurtz de Carvalho, de 22 anos, disse que pela primeira vez sentiu-se segura de usar uma fantasia com adesivos para os mamilos:

“Nunca comprei o adesivo como adereço, e sim como algo que fosse tipo: “oi, esse aqui é meu corpo, tá calor, não quero fantasias pesadas ou quentes. Quero me sentir à vontade e acabou”.

Ela criou em uma impressora 3D do namorado vários tipos de brincos com mensagens políticas como “Sai machista” e “Não é não” — todos feitos de plástico biodegradável.

Várias outras mensagens políticas invadiram a folia do carnaval 2019 com fantasias com os dizeres “Não passarão” e “Meu útero é laico”, brincadeiras com a sigla “Ursal” (União das Repúblicas Socialistas da América Latina), que virou meme na campanha presidencial, “Yes, somos feministas!”, entre outras.

A atriz Maria Casadevall, na semana passada, em um bloco carnavalesco de São Paulo, fez um topless com mensagem política. Segundo a atriz, o carnaval é um momento, sim, para atos políticos:

“É um movimento de libertação, de protesto e de resistência. Vamos resistir com festa, coragem e amor”, disse em seu Instagram.

Quem também trouxe resistência e feminismo para a avenida do samba foi a Mangueira, em um desfile que homenageou Marielle Franco.

Não é Não: campanha do ano passado segue firme e forte

O carnaval segue sendo um momento oportuno para falar sobre assédio. Desde 2017, os adesivos e pinturas “Não é Não!” aparecem estampados nos corpos femininos. As tatuagens temporárias que começaram no carnaval do Rio de Janeiro se espalharam por todo o país.

Várias atrizes desfilaram em blocos e na avenida para dar publicidade à campanha que agora virou um hit carnavalesco.

O glitter a gente pode evitar

É importante que o feminismo desfile na avenida e nas ruas, mas o meio ambiente também deve estar junto dessa causa política. É possível curtir o carnaval e fazer um ato político causando o menor impacto ambiental possível.

Muitas propostas de um “carnaval limpo” também apareceram nas redes sociais este ano com dicas de como evitar fantasias que poluem o meio ambiente. Uma dessas dicas foi a substituição do glitter e da purpurina, que são feitos com microplástico.

Brilhar no carnaval tem, hoje, vários significados. Melhor quando eles reúnem o belo com a politização.

Fonte foto: ReporterMT




Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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