Para quem não conferiu, ainda dá tempo de visitar a 33ª Bienal de São Paulo, cujo tema este ano é “Afinidades afetivas”. A mostra reúne, no Pavilhão da Bienal, doze projetos individuais e sete mostras coletivas organizadas por artistas-curadores.
A Bienal de São Paulo, que já foi Bienal Internacional de Arte de São Paulo, é uma exposição de artes que ocorre a cada dois anos na cidade de São Paulo, desde 1951. É considerada um dos três principais eventos do circuito artístico internacional, junto com a Bienal de Veneza e o Documenta de Kassel.
Trata-se da maior exposição do hemisfério sul, sendo pautada por questões inovadoras do cenário contemporâneo e reunindo mais de 500 mil pessoas por edição. Desde sua criação, 32 Bienais foram produzidas com a participação de mais de 170 países, 16 mil artistas e 10 milhões de visitantes.
O tema da 33ª Bienal de São Paulo – Afinidades afetivas – faz menção ao romance “Afinidades eletivas”, de Goethe, publicado em 1809, no qual o escritor alemão narra a história de um casal burguês cuja vida idílica é perturbada pela introdução de dois novos personagens em sua relação: a filha adotiva da esposa e um amigo de infância do marido.
Em uma determinada cena, os quatro protagonistas da narrativa estão em uma ampla biblioteca desfrutando de uma noite de música e leituras quando um deles pega um tratado científico da estante e lê, em voz alta, sobre como certas moléculas se atraem e se repelem, assim como óleo e água.
Goethe parece estar nos convidando a traçar uma analogia entre as afinidades eletivas do mundo natural e as conflituosas vidas emocionais e espirituais das personagens do romance. Se nossos gostos e afinidades são governados por leis que não compreendemos totalmente, talvez estejamos diante de um sistema de organização que não é exclusivamente moral ou cultural ou biológico, mas um estranho amálgama dos três, no qual nossas afinidades, sejam elas conscientes ou inconscientes, dirigem nossas vidas.
Outro eixo que conduz a temática é buscado quase um século depois da obra de Goethe na tese do crítico de arte e ativista brasileiro Mário Pedrosa intitulada “Da natureza afetiva da forma na obra de arte”. Nesse texto, Pedrosa usa a teoria da Gestalt para discutir os modos como um espectador ativamente constrói um entendimento de uma obra de arte qualquer, em um diálogo entre as características formais da obra e a estrutura psicológica do espectador.
Operando em dois níveis, o conceito de “afinidades afetivas” visa a estabelecer com o espectador uma relação livre, na qual ele constrói sua experiência estética sem ter como referência um princípio central declarado.
Isso significa pensar a arte não como uma declaração, ou seja, como algo dado, mas sim como um devir, um movimento pelo qual as coisas se transformam – um momento no qual curadores e espectadores podem construir as suas afinidades afetivas com a arte e para além dela.
A Bienal de São Paulo funciona às terças, quartas, sextas domingos e feriados das 9h às 19h, com entrada até as 18, e quintas e sábados das 9h às 22h, com entrada até as 21.
Categorias: Arte e Cultura, Viver
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