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Na Índia, desde tempos remotos, ocorre a Kumbh Mela, a maior peregrinação religiosa do planeta, com a participação de milhões de devotos que mergulham nos principais rios indianos para se purificarem e renascerem, libertos das ilusões mundanas, para se conectarem à consciência cósmica divina. Conheça mais sobre esse imenso festival, sua mística e porque atrai tantos seguidores.
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O Kumbh Mela normal é realizado a cada 3 anos, Kumbh Mela-o Ardh (metade) é realizado a cada seis anos e o Kumbh mela-Purna (completo) ocorre a cada doze anos.
A celebração do Kumbh Mela normal acontece em determinados locais da Índia e em certos períodos. As datas do evento e seu feriado são calculados de acordo com a posição astrológica de Júpiter, do Sol e da Lua.
Seguem os locais e meses do festival Kumbh Mela, conforme as posições desses astros:
A peregrinação envolve cerca de 70 a 100 milhões de peregrinos, iogues, sadhus e pessoas comuns.
As comemorações duram 155 dias, com seis dias envolvendo ritos de purificação.
Em 2019, o festival Kumbh Mela acontecerá em Allahabad.
O Kumbh Mela tem origem na mitologia hindu. Kumbh significa panela, pote ou jarro. Mela quer dizer festival ou feira, por isso, o Kumbh Mela significa Festival do Pote, denominação que se relaciona com o Pote de Néctar da mitologia hindu.
A lenda das Escrituras Sagradas Hindus conta que os semideuses (Devtas) perderam suas forças e para recuperá-la, eles concordaram em compartilhar o Pote do Néctar da Imortalidade com os demônios (Asuras).
Essa luta é descrita nas antigas Escrituras Védicas conhecidas como os Puranas. O Pote deveria ser compartilhado igualmente. Entretanto, ocorreu uma disputa entre eles, desencadeando uma luta.
Durante a batalha, o pássaro celestial, Garuda, voou para longe com o Kumbh (Pote), sendo que gotas do Néctar da Imortalidade que estava dentro do Pote, caíram em 4 lugares da India: Prayag (Allahabad), Haridwar, Nashik e Ujjain, por isso se tornaram cidades sagradas.
De acordo com a crença dessa lenda, essas gotas dotaram esses lugares de poderes místicos e, para usufruir dos efeitos e benefícios desses poderes, o Kumbh Mela foi criado e é celebrado em cada um dos quatro lugares sagrados da Índia.
De acordo com a mitologia hindu, a batalha durou 12 dias, por isso a cada 12 anos ocorre o Maha Kumbh Mela (o maior e mais completo de todos) e por isso o mais auspicioso.
O evento mais marcante de todo o festival Kumbh Mela é o ritual de purificação espiritual, com o banho que ocorre nas margens do sagrado rio Ganges, em Haridwar; do rio Kshipra em Ujjain; do rio Godavari, em Nasik e dos rios Manges, Yamuna e Saraswati (a confluência destes rios é conhecida como Sangam) em Allahabad.
No festival acontecem confraternizações religiosas, com canções devocionais e doações de alimentos para homens sábios, mulheres e pobres. Milhões de devotos participam dos banhos, cerimônias e rituais de purificação de todos os pecados.
O famoso escritor Mark Twain, em 1895, participou do Kumbh Mela e fez o seguinte relato sobre o evento:
“É maravilhoso o poder de tal fé, que faz com que multidões e multidões de pessoas frágeis, idosas, jovens empreendam uma jornada incrível, sem hesitação ou reclamação, suportando os inconvenientes, sem protestar. Se faz isso por amor ou por medo: eu não sei qual. Não importa qual seja o impulso, o ato resultante supera a imaginação e é maravilhoso para o nosso povo, nós pessoas brancas e frias”.
Este festival é o retrato do que a religiosidade e a devoção podem fazer, levando pessoas a realizarem esforços e sacrifícios para participarem do festival, suportando até dificuldades durante o evento.
Milhões de pessoas, reunidas com o propósito de se libertarem do ciclo vicioso da vida terrena para avançarem em busca do espiritual, transcendendo o sofrimento e a dor. A transcendência da matéria e uma vida eterna, livre das limitações, é o que se busca ao ritualizar no grandioso evento de Kumbh Mela. Milhões de pessoas se unem com esse propósito neste festival religioso.
Kumbh Mela é o encontro de mentes místicas, a maior reunião religiosa do mundo, que traz homens hindus, considerados sagrados, para compartilharem conhecimento espiritual.
Pela importância cultural do Kumbh Mela, em dezembro de 2017, a UNESCO incluiu este evento na lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Só vendo para se ter uma dimensão da religiosidade e devoção de quem participa do Kumbh Mela.
Assista a este vídeo do Canal Índia Travel, que é uma pequena mostra do Kumbh Mela e terá uma ideia do que é este evento religioso.
Os participantes mais marcantes deste evento são os sadhus, considerados homens sagrados. Muitos peregrinos religiosos vêm ao Kumbh Mela para ver e ouvir esses homens, a fim de obterem mais conhecimento e iluminação espiritual.
OS VÁRIOS TIPOS DE SADHUS (MONGES SANTOS) QUE PARTICIPAM DO KUMBH MELA:
Nagas – sadhus que andam nus e mancham seus corpos com cinzas e que possuem longos cabelos emaranhados. Por viverem ao ar livre, são muito resistentes, mesmo aos rigores do clima.
Urdhwavahurs – submetem seus corpos a rigorosas práticas e disciplinas físicas e espirituais.
Parivajakas – são aqueles que realizaram voto de silêncio, usam sinos para sinalizar suas presenças
Shirshasinse – estes se mantêm constantemente em pé, por isso dormem com a cabeça apoiada em um poste ou parede e meditam na posição vertical, de ponta cabeça.
Kalpvasis – passam o tempo meditando, fazendo rituais e se banhando no rio, várias vezes ao dia.
O principal ritual do Kumbh Mela é o banho de rio. Para os hindus submergir nas águas sagradas, no dia mais auspicioso da lua nova, fará com eles e seus antepassados sejam absolvidos do pecado, terminando assim o ciclo do nascimento e morte, findando o carma.
À medida que o Sol vai surgindo, os diferentes sadhus saem em procissão se dirigindo ao rio para banhar-se. O momento é muito místico e mágico e todos se sentem envolvidos nele.
O que leva homens que buscam a santidade, peregrinos religiosos e pessoas sofridas à participarem do Kumbh Mela?
A razão é a forte religiosidade que move estas pessoas, repletas de devoção, em busca da realização que não encontram na existência mundana.
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Categorias: Arte e Cultura, Viver
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