Quantos negros você já viu dançando balé?


O racismo está presente em todas as esferas da vida. Embora os casos de racismo estejam ganhando mais visibilidade, porque estão sendo denunciados, eles ocorrem, principalmente, de forma silenciosa. E é assim que ele vai ganhando força. Você já parou para pensar que, em várias esferas sociais, não existe representatividade negra? Isso é, ainda, mais alarmante porque 53% dos brasileiros se declararam pardos ou negros em 2014, diante de 45,5% que se disseram brancos, segundo uma Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada pelo IBGE em 2014.

Um desses espaços onde há pouquíssima presença de negros é o balé, uma dança cuja maioria dos bailarinos pertence ao gênero feminino, é branca e de classe média. Mas alguns casos mostram que existem, também na dança, lugares de resistência.

Um deles é de Ingrid Silva (26 anos), que conseguiu, após muita dedicação e ter enfrentado muitos casos de racismo, ser parte do corpo de dançarinos do Dance Theatre of Harlem, em Nova York.

Ela conta que: “no Dance Theatre of Harlem, eu me senti acolhida. Foi uma das primeiras companhia de negros nos Estados Unidos. Fui para um lugar que fui bem recebida. Lá, você aprende a dança e cresce como ser humano. Ser a única negra em todas as aulas, lá no início, não era nenhum obstáculo. Tinha racismo, sim. Mas isso nunca me impediu de dançar”, noticia o Razões para Acreditar.

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Foto: underground portraits

Mais um caso de resistência e perseverança

Outra bailarina negra que conseguiu destaque em uma grande companhia de dança é Misty Copeland (32 anos). Ela foi promovida a uma das primeiras-bailarinas do grupo American Ballet Theatre (ABT), posto mais importante para um bailarino. Essa é a primeira vez que a companhia, uma das mais importantes de balé clássico dos Estados Unidos, em seus 75 anos de história, coloca uma bailarina negra nesse posto, segundo informa a Folha de S. Paulo.
Ser primeira-bailarina representa reconhecimento, maiores salários, mais respeito no mundo da dança, melhores papéis em espetáculos e mais divulgação – uma lista que simboliza um empoderamento social, em um país onde, assim como no Brasil, também existe racismo.
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Foto: Pinterest

Misty iniciou aos 13 anos no balé, aos 17 já era membro do American Ballet Theatre e, em 2007, tornou-se solista da companhia. Recentemente, ela foi a protagonista de “O Lago dos Cisnes”, na New York Metropolitan Opera. Mas, antes de conseguir o reconhecimento por seu trabalho, Misty conta que sofreu muito preconceito dentro da própria companhia, onde um funcionário disse que ela não conseguiria papéis no grupo.

Outro problema que ela enfrentou foi em relação ao seu corpo. Como ela é mais baixa do que as bailarinas clássicas e tem um porte mais atlético, ela sofreu mais uma onda de preconceito.

A primeira étoile negra do ABT foi apontada como uma das cem pessoas mais influentes de 2015 pela revista “Time”.

Luta contra o racismo

A questão da representatividade é muito importante socialmente, pois inspira outras pessoas a acreditarem que elas também são capazes, além de fortalecer a luta contra o preconceito. Todos podem conseguir o que desejam, contanto que lhes sejam oferecidas as mesmas oportunidades.

Veja o emocionante vídeo que conta a história de Ingrid Silva

E este da Misty Copeland

E com vocês, a estupenda Lauren Anderson, uma das poucas mulheres negras que ocupou o cargo de primeira bailarina. Em 1990, ela se tornou étoile na Houston Ballet e foi um marco importante no balé americano.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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