Araquém Alcântara, um grande fotógrafo brasileiro de realidades nuas e cruas fotografou o Mais Médicos, programa governamental brasileiro que levou a 4 mil municípios antes sem atendimento do SUS 18 mil médicos concursados e contratados. Através de suas lentes vemos um Brasil que existe, sofre, sente e tem esperanças em um mundo melhor.
Um livro de fotografia, branco e preto como são as fotos de Araquém. 38 cidades visitadas, montanhas de sensações apreendidas pelo visor da sua máquina e pelo seu coração. É um livro de fotos, sensível, verdadeiro, com cheiro de terra e chuva que mostra a vida, pedaços, de recantos brasileiros onde até bem pouco tempo o estado não havia chegado, não havia médico que atendesse a população.
E, por incrível que pareça, num recanto assim, abandonado pela sorte o estado é o médico, disponível, acessível, que socorre nas horas de angústia, dores e machucaduras, que alivia as doenças antigas que grassam ainda, como a lepra. Que reduz a catarata dos olhos da Dona Maria assim, num passe de mágica. Que ouve a conversa sentida da Dona Leonor, ela sentadinha em sua cama simples, o médico, ao lado, respeitoso, atento.
O prefácio, do respeitadíssimo ex-ministro da Saúde, Arthur Chioro, conta que são 63 milhões de brasileiros que agora, só agora, com esse programa de Saúde Pública Preventiva, passaram por uma consulta médica. E com isso espera-se que se possa garantir solução a até um 80% dos problemas de saúde da população antes que se tornem graves.
Dr.Jean-Gardy Merceus que atende moradores de comunidades ribeirinhas no município de Manacapuru (AM)
E Araquém, por suas fotos, belíssimas, nos conta histórias importantes. Como a da médica, cubana, que descobriu que o foco da esquistossomose em Igreja Nova, Alagoas, estava nos canais de irrigação dos arrozais. E na outra médica que atuava na Ilha do Marajó, no Pará, também cubana que não só agia como médica que era mas, também como assistente social e conselheira. Araquém também contou sobre o médico João Marcelo Goulart, neto do ex-presidente João Goulart, que trabalha na favela da Rocinha. “Teve todo um esquema para liberar a nossa entrada. Passamos por vários caras armados, são os donos do pedaço. Triste”.
“A importância do Mais Médicos é essa: o velhinho cruza com o médico na rua, toca nele e diz: está dando resultado o tratamento”. Essa frase resume o sentir deles, dos esquecidos pelos sertões e igarapés. Todo mundo precisa sentir, e saber, que alguém pode acudir num momento de aflição. E é isso que são os do Mais Médicos, aqueles que acodem num momento, vida, de tanta aflição em que quase já se perdiam as esperanças mas, não, ela ainda brilha nos olhos baços, e revive a vida que pulsa nas veias.
A exposição das fotos do Mais Médicos será apresentada, em vários locais, mundo à fora, nas sedes da Organização Mundial da Saúde.
Talvez te interesse ler também:
O SAL DA TERRA: A TERRA PODE SER RECUPERADA E ESSA É NOSSA RESPONSABILIDADE
DIA MUNDIAL DA SAÚDE 2016 – CONTROLAR A DIABETES É A PALAVRA DE ORDEM
CONTAMINAÇÃO DE MERCÚRIO EM TERRAS YANOMAMI É UMA TRISTE REALIDADE
Fonte: ONU-BR fonte foto: https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2016/05/araquem1.jpg
Categorias: Arte e Cultura, Viver
ASSINE NOSSA NEWSLETTER