A partir de setembro o Salão Tiradentes do Memorial da América Latina, São Paulo, estará colorido com peças de bordado em pano de saco rústico, conhecido como “arpillera“. Esta técnica têxtil foi criada no Chile, por um grupo de bordadeiras da localidade de Isla Negra, litoral central que construíam seus motivos bordando com fios e pedaços de tecidos sobre pedaços de saco de juta, canhamo ou linho grosso.
A exposição estará aberta entre 25 de setembro e 25 de outubro onde estarão expostas 37 peças de bordados realizadas por mulheres de seis países da América Latina e Europa sendo que destas peças, 25 foram coletivamente produzidas por mulheres integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
O objetivo da exposição que tem o nome de “Arpilleras: bordando a resistência” é questionar o papel feminino na sociedade.
A primeira exposição internacional de arpilleras foi realizada em 1964, no Pavilhão Marsan do Museu de Artes Decorativas do Louvre e contou com a participação de trabalhos de Violeta Parra, cantora popular e arpillerista. Segundo Violeta Parra, “as arpilleras são como canções que se pintam”. Esta é, para a mulher chilena do campo, uma linguagem para poder transmitir histórias, sonhos e conceitos.
fotos: catarse.me
Porém, após setembro de 1973, com o início da ditadura pinochetista, as arpilheras começaram a bordar seus painéis com retalhos de panos das roupas dos seus familiares desaparecidos. A partir daí, a arte da arpilleria ganhou uma outra dimensão, que mantém até hoje e, com a qual, se espalhou por diversos outros países, inclusive o Brasil: é uma arte de resistência e denúncia.
A programação da exposição “Arpilleras: bordando a resistência” será complementada com oficinas de bordados, onde a temática será “as violações de direitos humanos que envolvem o universo feminino”. Também ocorrerão palestras e exibições de filmes.
Fonte foto: fbcdn-sphotos
Categorias: Arte e Cultura, Viver
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