Curta-metragem aborda estupro entre casal: é preciso falar disso


Dois minutinhos de filme e um mundo a se discutir. Um tabu do qual até então ninguém falava: o estupro entre um casal, ou melhor dizendo, violação conjugal, ou ainda, estupro marital.

O curta-metragem francês escrito e produzido por Chloé Fontaine vem dando muito o que falar. Basta ler a grande quantidade de comentários no Vimeo com a versão espanhola do filme, postado pela própria autora.

Há quem diga “ridículo como o feminismo atual” mas cá para nós, à parte a questão do filme em si, que poderia ser “melhor”, ou abordar a questão de maneira mais violenta para mostrar a “verdadeira violência” é aí que o filme ganha o seu respeito, por abordar de maneira sutil um problema nada sutil que muitas vezes passa despercebido dada a sutileza da coisa toda.

“Se isso não te ofende, é porque você é um destes dois” descreve, justamente, Chloé sobre o seu filme.

E não é só transar sem estar a fim, é fazer coisas sem estar a fim, sexo anal, sexo oral e por aí vai.

Por que duas pessoas, mesmo casadas, namorando ou enfim, que estão juntas por livre e espontânea vontade, devem satisfazer a vontade do outro, sempre? A regra deveria ser muito simples: quando um não quer, dois nao fazem! Mas aí vem o machismo, a cultura do estupro, coisas que antes eram consideradas tão normais que ninguém se dava conta. Mas hoje estas questões estão vindo à tona, sendo questionadas pois precisam ser modificadas.

Não. Não somos (nem os homens nem as mulheres) obrigados a transar a hora que o parceiro (a) quiser, tampouco devemos cozinhar, limpar, fazer compras se estivermos com dor de cabeça, dor de barriga, indisposição ou simples preguiça.

Na vida, infelizmente, mas infelizmente mesmo, precisamos fazer tantas coisas que não estamos a fim: trabalhar, estudar, pegar filas, ir a velórios, festas de empresa, fazer o social, enfim, tanta coisa! Daí que não somos obrigados (nem homens nem mulheres) a fazer uma coisa que seria um prazer como se fosse uma obrigação. Porque aí realmente não é prazer.

Interesante que no filme o cara pergunta se a garota não está a fim porque não gosta mais dele. Gostar não é estar sempre a fim de transar. Mas neste, e em muitos casos, se este tipo de situação ocorrer com você e seu namorado (a), com alguma frequência, e mesmo que tenha ocorrido pouquíssimas ou uma só vez, pergunte-se o porquê de você estar com ele (a).

Assista ao curta e deixe seus comentários abaixo:

Soy ordinaria from Chloé Fontaine on Vimeo.

Obs: o filme que eles iriam ver é “Irreversível”, protagonizado por Monica Belluci e polêmico por ter uma cena de estupro explícito, cena que faz realmente vomitar como diz a garota do curta, mas na opinião do seu parceiro, basta fechar os olhos!

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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