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A dança é expressão da alma de um povo. Através das suas danças folclóricas, aquelas que vêm da ancestralidade, os povos se enraizam na terra, fincam seus pés calejados no sulco da plantação e estendem as mãos até as estrelas.
Dançando se louva o Universo e aqui vou falar de 3 danças brasileiras – ciranda, samba de roda e coco – cada qual com sua representação em sons, trejeitos e gingados e com a representação do imaginário popular que se apropria do sentir mais íntimo de um povo de pé no chão.
Canta-se o sentir de todos os dias, na roça, na batalha dura, no mar que leva a rede, traz o peixe.
Dança-se o movimento das ondas, o vento nas palmeiras, o coração a galope nas batidas dos pés no chão de terra.
E, é na palma da mão, sempre na palma da mão, que o cirandeiro puxa o ponto, a toada, a música em forma de letra com seus significados.
A ciranda sempre é uma dança de roda, em geral dançada pelas mulheres na espera de seus homens que foram à pesca. A temática dos cantos representa a vida – real e mística – da comunidade.
As roupas usadas na ciranda são representações das roupas usadas pelas mulheres nas diversas épocas e regiões – saia compridas, panos coloridos, cabelos soltos ou, na praia, roupas mais curtas, em tons mais pastel, vão dar o tom da região cultural à qual pertence o grupo dançante.
A ciranda de roda, Ciranda da Vida, com toda a alegria e confiança de que, sempre, dias melhores virão.
Essa ciranda quem me deu foi Lia, que mora na Ilha de Itamaracá (Bahia), cantada por Mariene de Castro, mostra toda a exuberância da terra baiana.
Em outra versão – A ciranda de todos nósE a ciranda com maracatu
Mas, a ciranda também é a Cirandeiro, cirandeiro, óh, a pedra do seu anel brilha mais do que a luz do Sol, na voz saudosa de Luiz Gonzaga
Ou ainda, na versão tão alegre do grupo Palavra Cantada, com a Ciranda do Caracol que vai enrolando, enrolando e depois se desenrola
No Pará, Norte, Amazônia, a ciranda tem sabor tropical lembrando, tanto pelo ritmo quanto pelas roupas, as danças de roda dos povos centro-americanos.
Na verdade, as cirandas, como outras inúmeras danças circulares, têm sua origem nos povos ancestrais que, dançando honravam a natureza, seus processos e os ciclos naturais.
Cirandas são dançadas de mãos dadas, em rodas que giram tanto no sentido anti-horário quanto no inverso – duas ou três rodas, ou quantas, conforme o número dos participantes, girando alternadas, dão o embalo necessário para que o grupo mantenha coesão energética.
Os tocadores podem estar no centro das rodas ou nas laterais, como no samba de roda de terreiro.
É na palma da mão, é na planta do pé, que a marcação se faz no ritmo do batuque do coração – essa é a base rítmica do samba de roda, uma roda dançante, de mulheres, acompanhada pelo som do berimbau, dos atabaques, do agogô, do xequerê e do ganzá. Mas, basicamente, o ritmo se dá na palma da mão, movimento imprescindível para a manipulação da energia individual.
E moça quer dizer mulher – mulher entra na roda, uma sai pra dançar, e faz suas alegorias até o momento de, com uma umbigada, convidar uma companheira para ocupar o centro da roda.
Desde 2008 o samba de roda baiano, tradicional, é considerado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco
A coreografia do samba de roda tem suas regras – não se baila de saia curta, não se mostra o corpo por mostrar, o gingado é só nas ancas e nos pés. A boa sambadeira não se sacode, desliza e mostra a que veio: cada uma tem seu jeito e seu recado, místico, que dá no gingado e nos passos, arrastados, das chinelas.
Mas, o samba de roda é muito mais do que o Patrimônio Cultural, é a alma do povo que louva seus deuses, as forças originais, os orixás que vieram de África, os deuses das matas indígenas, a maré, as ondas e os peixes, a luz do Sol e o brilho da Lua – samba de roda é parte da alma brasileira.
Coco (toda a região) – difundido por todo o Nordeste, o Coco é dança de roda ou de fileiras mistas, de conjunto, de par ou de solo individual. Há uma linha melódica cantada em solo pelo “tirador” ou “conquista”, com refrão respondido pelos dançadores. Um vigoroso sapateado denominado “tropel” ou “tropé” produz um ritmo que se ajusta àquele executado nos instrumentos musicais.
O Coco apresenta variadas modalidades, conforme o texto poético, a coreografia, o local e o instrumento de música. Os “Coco solto”, “Quadras”, “Embolada”, “Coco de entrega”, “Coco de dez pés” são referidos pela métrica literária; os “Coco de ganzá”, “Coco de zambê”, pela música; os “Coco de praias”, “Coco de usina”, “Coco de sertão”, pelos locais; os “Coco de roda”, “Coco de parelhas ligadas”, “Coco solto”, “Coco de fila”, “De parelhas trocadas”, “De tropel repartido”, “Cavalo manco”, “Travessão”, “Sete e meio”, “Coco de visitas”, pela coreografia. A umbigada é presente em muitas variantes. No Rio Grande do Norte o Coco é chamado “Zambelô”, “Coco de zambê” e “Bamdelô”. Possui um instrumental mais complexo, constituído por atabaques, pequenos tambores, ganzá e afoxé ou maracá”, segundo o trabalho “Danças Folclóricas Brasileiras“.
E o coco pode ser dançado em fileira, com esse tema do grupo Bongar
Ou em roda, como conta Isabela de Castro, professora de coco e maracatu e pesquisadora de danças populares, que conta das diferenças do coco, dança que existe em diversas regiões – origem afro, origem indígena – e que muda em função da origem dos dançadores, seu entendimento da realidade (dançar o coco como se estivessem descascando o coco, o ritmo batido na casca do coco), ou o coro de Toré, indígena (aos 1:46′ do vídeo) ou o coco do grupo Bongar, ligado ao Terreiro de Xambá, que trabalha com o lado mais sagrado do coco (Rei Malunguinho, aos 2:29′).
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Categorias: Arte e Cultura, Viver
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