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As escolas de samba, geralmente, escolhem o seu samba-enredo para contar uma história através da música, da performance e da visualidade. Extremamente popular no carnaval brasileiro, as escolas de samba costumam homenagear artistas nacionais, a tratar de temas de interesse popular e a fazer críticas sociais em seus desfiles.
Este ano, parece que quem não está gostando nada de um samba-enredo é a “turma” do agronegócio. É que a escola de samba carioca Imperatriz Leopoldinense escolheu homenagear o Xingu indígena, trazendo informações sobre os grandes problemas enfrentados pelos povos da região.
A coordenadora do Instituto Socioambiental, Adriana Ramos, que participou do programa Natureza Viva, da EBC, relatou que foi surpreendida com a reação de algumas organizações representativas do setor do agronegócio, que estão reclamando do enredo da Imperatriz Leopoldinense.
Para Adriana, “essa é uma polêmica desnecessária porque o carnaval taí e as escolas de samba sempre dando espaço para mostrar diferentes visões de mundo, diferentes histórias e esta é só mais uma história que vai para a avenida, como a do agronegócio foi, no ano passado, com a Unidos da Tijuca”.
Para os povos indígenas do Xingu é importante ter a sua história contada na Avenida pela Imperatriz Leopoldinense, que fará, sim, críticas ao agronegócio. Algumas de suas alas vão se chamar “fazendeiros e seus agrotóxicos”, “pragas e doenças” e “a chegada dos invasores”, como forma de abordar e refletir essa parte da história do Brasil, segundo o site Agron.
Vai desfilar na Marquês de Sapucaí uma crítica ao agronegócio, à forma como os alimentos estão sendo produzidos no país e ao desmatamento. Claro que as lideranças do agronegócio não estão gostando nada disso, mas é curioso que elas se interponham de forma tão reacionária publicamente, no intuito de impedir que tais temas, de interesse para os todos os brasileiros, sejam mostrados no Sambódromo para todo o país e para o mundo. Afinal, se o agronegócio fosse tão bom, essas lideranças não estariam receosas, não é mesmo?
Confira, a seguir, a letra do samba-enredo da polêmica, “Xingu, o Clamor da Floresta”, da escola de samba Imperatriz Leopoldinense:
“Brilhou… a coroa na luz do luar!
Nos troncos a eternidade… a reza e a magia do pajé!
Na aldeia com flautas e maracás
Kuarup é festa, louvor em rituais
Na floresta… harmonia, a vida a brotar
Sinfonia de cores e cantos no ar
O paraíso fez aqui o seu lugar
Jardim sagrado o caraíba descobriu
Sangra o coração do meu brasil
O belo monstro rouba as terras dos seus filhos
Devora as matas e seca os rios
Tanta riqueza que a cobiça destruiu
Sou o filho esquecido do mundo
Minha cor é vermelha de dor
O meu canto é bravo e forte
Mas é hino de paz e amor
Sou guerreiro imortal derradeiro
Deste chão o senhor verdadeiro
Semente eu sou a primeira
Da pura alma brasileira
Jamais se curvar, lutar e aprender
Escuta menino, raoni ensinou
Liberdade é o nosso destino
Memória sagrada, razão de viver
Andar onde ninguém andou
Chegar aonde ninguém chegou
Lembrar a coragem e o amor dos irmãos
E outros heróis guardiões
Aventuras de fé e paixão
O sonho de integrar uma nação
Kararaô… kararaô… o índio luta pela sua terra
Da imperatriz vem o seu grito de guerra!
Salve o verde do Xingu… a esperança
A semente do amanhã… herança
O clamor da natureza
A nossa voz vai ecoar… preservar!”
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Categorias: Arte e Cultura, Viver
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