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Na semana passada, um tweet bem-humorado aproveitou o assunto do momento – a quarentena para manter o avanço da Covid-19 – e lançou uma provocação aos que desdenham da importância da arte para a vida.
Lembrete:
Se você foi um desses ou uma dessas que falou “já precisei de médico, de policial e de advogado, mas nunca precisei de artista” você não vai poder assistir filmes, séries ou ler livros e ouvir música durante a quarentena, tá?
Vai ter que ficar olhando a parede.
Bjo— Fernando Caruso (@SuperCaruso) March 16, 2020
Em poucos dias, a postagem já acumula mais trinta de mil curtidas. Mas, indo além dos quiproquós das redes sociais, em tempos de quarentena e aumento do número de casos de coronavírus no Brasil, é para de lá de pertinente perguntar: afinal, a arte faz bem à saúde?
De acordo com um relatório do Escritório Regional para a Europa da Organização Mundial de Saúde (OMS), a resposta é sim.
O documento lançado em novembro de 2019 é fruto da revisão de mais de 900 publicações no mundo inteiro – a mais abrangente até o momento, como destacou a ONU News na ocasião – e analisou os benefícios das artes para a saúde, por meio da participação ativa ou passiva, considerando cinco grandes categorias:
A diretora regional da OMS para a Europa, Piroska Östlin, afirmou que as artes “oferecem soluções que a prática médica comum até agora não conseguiu abordar de maneira eficaz”, sendo, inclusive, mais abrangentes, porque se relacionam à saúde e ao bem-estar das pessoas em um contexto social e comunitário mais amplo.
Segundo Östlin, os casos citados no estudo evidenciam de que maneira as artes podem enfrentar desafios complexos como diabetes, obesidade e problemas de saúde mental.
Além de serem mais abrangentes e mais eficazes, mesmo quando se trata dessas doenças mais graves, as artes influenciam as pessoas positivamente independente da faixa etária, desde o nascimento e ao longo de toda a vida, segundo o estudo.
Uma educação com base na dramaturgia poderia, por exemplo, ajudar os adolescentes que vivem em áreas urbanas nos processos de tomada de decisões, na melhoria do bem-estar e na redução da exposição à violência.
Já entre os idosos, a música tem o poder de estimular a cognição dos que apresentam quadros de demência. Nessa etapa da vida, a prática do canto é capaz de melhorar a atenção, a memória episódica e a função executiva. A dança, por sua vez, promove melhorias clinicamente significativas na capacidade motora de pessoas com Parkinson.
O estudo revelou que as atividades artísticas podem ser aliadas dos serviços de saúde, completando ou aprimorando protocolos de tratamento. Não importa se inseridas no contexto terapêutico de forma passiva ou ativa – seja ouvindo uma música ou desenhando e pintando – essas atividades reduzem, por exemplo, os efeitos colaterais do tratamento do câncer, que incluem sonolência, falta de apetite, falta de ar e náusea.
A pesquisa também apontou para a efetividade das artes em situações de emergência – uma informação ainda mais relevante em tempos de coronavírus: diversos casos analisados mostraram que a música, o artesanato e a arte do palhaço reduziram a ansiedade, a dor e a pressão arterial, principalmente entre as crianças, mas com efeitos positivos também para a saúde mental de seus pais.
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Categorias: Arte e Cultura
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