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Pessoas que nascem com algum tipo de deficiência acabam desenvolvendo alguma habilidade especial. Afinal, os nossos sentidos são como canais que o nosso corpo utiliza para perceber o mundo.
A inclusão não é apenas a aceitação de uma diferença, mas é a expressão que garante a ela ter a potência de ser e de valorizar e respeitar a vida humana em sua diversidade. Quem de nós pensaria, por exemplo, que existe um palhaço surdo?
Mas ele existe. E traz humor e alegria em seus espetáculos.
Igor Andrade Rocha (31 anos) é um pernambucano que nasceu surdo. Aprendeu leitura labial quando criança e, aos 17 anos, passou a se comunicar com a Língua Brasileira de Sinais (Libras), como informa o site Sem Barreiras.
Nas suas performances, o artista faz uso de mímicas, da linguagem corporal e da Libras. Quando está no picadeiro, Igor dá vida ao Palhaço Surddy, nome que faz alusão à surdez.
A primeira vez em que Igor foi a um circo acessível ele tinha 27 anos, graças a um intérprete que traduzia as piadas. Antes, a expressão corporal ajudava a compreendê-las, mas ficava claro que às pessoas surdas era muito difícil ter acesso a esse tipo de diversão.
Foi assim que ele teve a ideia de criar um projeto circense para pessoas surdas com a ajuda de amigos, há três anos. Igor buscou referências no cinema mudo, nas personagens de Charlie Chaplin, Jim Carrey e Mr Bean devido às expressões corporais presentes em suas atuações.
“Eles usam expressões facial e corporal que são importantes para mim. Esses artistas passaram a inspirar o trabalho do Surddy”, conta.
O espetáculo “A chegada”, do Palhaço Surddy, passou a contar com o incentivo do Itaú Cultural. Nele, há um tradutor/intérprete de Libras nos momentos em que há conversas com o público, além de ainda ter o elemento de audiodescrição para o público com deficiência visual.
Questionado sobre a sua representatividade na atuação teatral, Igor é categórico:
“As pessoas que me conhecem ficam felizes em ver o meu trabalho como palhaço ganhar espaço profissional. Acho que é uma possibilidade de outras pessoas surdas verem que é possível a comunidade surda ocupar estes espaços profissionais na arte”.
Igor destaca que é necessário que a sociedade abrace a inclusão. Ela precisa acontecer realmente para que as pessoas, em suas diferenças, possam conviver de verdade.
Parabéns e gratidão a Igor. Pessoas assim nos fazer crer que um mundo melhor é possível!
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Fonte foto: Olivia Godoy
Categorias: Arte e Cultura
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