Mudança na Classificação de Mary Poppins Causa Polêmica no Reino Unido


O clássico atemporal da Disney, Mary Poppins, de 1964, encantou audiências ao redor do mundo por décadas. No entanto, uma recente mudança na classificação etária do filme no Reino Unido está gerando controvérsia.

© Divulgação/All Disney Productions

© Divulgação/All Disney Productions

Anteriormente classificado como “U” (Universal), o filme foi recentemente reclassificado como “PG” (Parental Guidance ou Orientação Parental), exigindo a presença de adultos para crianças menores de 12 anos. Essa mudança foi motivada por algumas cenas que foram consideradas controversas pelo BBFC (Conselho Britânico de Classificação de Filmes – British Board of Film Classification, na sigla em inglês).

De acordo com as diretrizes do BBFC, filmes classificados como “U” devem fornecer um ambiente seguro e positivo, sem violência ou horror que possam perturbar as crianças. Por outro lado, filmes classificados como “PG” podem conter cenas que não são adequadas para crianças pequenas, embora não devam ser perturbadoras para crianças acima de oito anos.

Uma palavra errada

A controvérsia em torno da reclassificação de Mary Poppins está centrada em uma palavra específica usada em uma cena do filme. A palavra em questão, “hottentots“, é usada pelo personagem Almirante Boom (interpretado por Reginald Owen) ao se referir aos varredores de chaminés, cujos rostos estão cobertos de fuligem, é considerada discriminatória pelo BBFC.

Embora reconhecendo o contexto histórico do filme, o BBFC afirmou que o uso dessa palavra é discriminatória e excede suas diretrizes para uma classificação “U”, que também se destina a conteúdo que não ofende ou prejudica.

Segundo o conselho, a palavra “hottentots” é considerada racialmente ofensiva para os Khoekhoe, um grupo indígena na África do Sul. O BBFC ressaltou que a preocupação em evitar expor as crianças a linguagem ou comportamento discriminatório, que elas podem achar angustiante ou repetir sem perceber a ofensa potencial, foi um fator importante na decisão de reclassificar o filme.

A decisão do BBFC de reclassificar Mary Poppins levantou debates sobre a sensibilidade cultural e a interpretação do contexto histórico em filmes clássicos. Enquanto seus defensores argumentam que é importante considerar a sensibilidade das crianças em relação ao conteúdo que consomem, os críticos da reclassificação lembram que a palavra é tão obscura que talvez ninguém a tivesse percebido, ainda que tenha sido falada duas vezes no filme. Agora com esse bafafá, é capaz que tornem a usar essa expressão discriminatória que já tinha caído em desuso.

Tendência em expansão

Nos últimos anos, tem havido uma tendência crescente de reclassificação e reexame de filmes, livros  e séries. Outros exemplos do BBFC foram filmes como “Papai Noel: O Filme” e “Star Wars: Episódio VI – O Retorno de Jedi”, que foram reclassificados devido a violência moderada e linguagem. Já filmes como “Operação Dragão” e “Sexta-feira 13” tiveram suas classificações caírem.

Nos Estados Unidos também ocorreram mudanças significativas. Em 2020, a HBO Max retirou temporariamente “E o Vento Levou” devido a críticas sobre sua representação da escravidão. Séries de televisão antigas, como “30 Rock” e “It’s Always Sunny in Philadelphia”, foram removidas de plataformas de streaming porque continha brancos usando blackfaces (Blackfaces (uma prática teatral de atores que se coloriam com o carvão para representar personagens afro-americanos de forma caricatural).

A Disney+, por sua vez, adicionou avisos de conteúdo a certos episódios de “The Muppet Show” e revisou livros de Roald Dahl para torná-los menos ofensivos.

Essas ações refletem uma preocupação com o modo em que a representação de raça e cultura devam aparecer na mídia.

Mary Poppins

“Mary Poppins”, estrelado por Julie Andrews como a icônica babá mágica e Dick Van Dyke como seu ajudante Bert, foi um sucesso imediato após seu lançamento. O filme recebeu aclamação crítica e desde então se tornou um clássico atemporal. Além disso, foi adaptado para um bem-sucedido musical da Broadway e ganhou uma sequência, “Mary Poppins Returns”, em 2018, estrelada por Emily Blunt e Lin-Manuel Miranda, entre outros talentos.

Fontes:

  1. Dailly Mail
  2. The New York Times

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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