Vale a pena assistir “Os Rejeitados”: Filme mostra que apesar dos pesares, um mundo melhor é possível


Um filme que tem tudo para ser um clássico, ou seja, uma obra que poderá ser vista daqui a 50 anos e ainda fará sentido e causará impacto, da mesma forma se fosse visto em 1970, ano em que o filme foi ambientado. Estamos falando de “Os Rejeitados”, The Holdovers, direção de Alexander Payne, roteiro de David Hemingson com Paul Giamatti, Da’vine Joy Randolph e Dominic Sessa no elenco.

©Divulgação

©Divulgação

Como diz o próprio título, o filme fala sobre os rejeitados, aquelas pessoas que foram de fato abandonadas ainda crianças, por circunstâncias várias da vida, morte ou doença de um genitor, pobreza, adoção ou simplesmente porque os pais tinham outros projetos para suas vidas. Os rejeitados também podem ser pessoas que foram trapaceadas, injustiçadas, preteridas no mercado de trabalho ou em quaisquer outras situações…

O filme se passa em um colégio interno. Na época, era comum pais abastados colocarem seus filhos machos em colégios rígidos, pois assim pensavam ser melhor para a educação deles. Ainda que alguns alunos não tivessem sido abandonados, o sentimento de rejeição está no ar e é claro que esse sentimento cria traumas que causam cicatrizes indeléveis na psique de uma pessoa.

Sem dar spoiler e sem querer analisar o filme do ponto de vista cinematográfico, que tem ótima direção, trilha sonora, roteiro, atuação, figurino e fotografia, o intuito aqui é convidar você a ver um filme duro que é ao mesmo tempo suave, pois nos deixa a impressão de que um mundo melhor é possível, apesar dos pesares.

Esse tipo de narrativa é, e sempre foi muito importante, por isso um clássico. Mas hoje é ainda mais importante porque ninguém mais pode ser realista e contar a vida como ela é (como dizia Nelson Rodrigues). Hoje em dia, tudo é filtrado e iluminado, pintado com luzes do namastê – gratiluz. E se alguém ousar ser realista, será subitamente chamado de pessimista.

O imperativo da felicidade hoje, pior, da felicidade que é vendida como algo que está disponível aos seus pés: “basta você querer”, foi um tiro que saiu pela culatra do discurso da positividade.

Da mesma forma, o discurso do politicamente correto, que vende receita de bolo sobre como falar e como se comportar para criar um mundo melhor, e sobretudo mais justo, acaba sendo uma máscara muito mal colocada em uma sociedade feita de indivíduos egoístas, que no fundo no fundo não estão nem aí para o próximo, sendo o próximo, muitas vezes, o próprio filho.

É preciso ser honesto: positividade e discurso de respeito ao outro não mudam o status quo. Não que isso não seja bom ou mesmo necessário para a boa convivência. Mas o que pode nos “salvar” da verdadeira tragédia que é a vida, não é um discurso correto ou um pensamento positivo com direito à meditação, yoga e respira fundo. Pois o discurso pode ser correto, mas vazio, falso; e o positivo pode ser bonito, mas tóxico pois também falso.

O filme mostra pessoas que apesar da desgraça que é conviver com a cicatriz da rejeição, encontram um modo de aceitar a vida como ela é e ir avante com sangue, suor e lágrimas. Quem contou que a vida é bela, mentiu. Quem contou que o ser humano é bom por natureza, mentiu. Quem acreditou que a felicidade é algo que se compra em livros de 10 lições, ou que você é o que quiser ser, está completamente fora da realidade da vida e sendo desonesto consigo mesmo.

Talvez o único modo para construirmos um mundo melhor seja, primeiramente aceitar a ambivalência humana. Se por um lado tem um povo muito ruim, pessoas extremamente egoístas e maldosas, por outro existe na mesma medida pessoas extremamente altruístas e sensíveis. Uma coisa não existe sem o seu idêntico oposto. Não são discursos de esperança vazia nem de politicamente correto que mudam o mundo, mas a consciência da realidade dos fatos e da possibilidade de criar novas perspectivas, porque existe amor no mundo, assim como existe o ódio.

Onde há rejeição, pode haver acolhimento. Onde há tristeza, pode haver alegria. Onde há vazio, pode haver cumplicidade e plenitude. É isso o que propõe Os Rejeitados, um filme nascido clássico, porque fala da natureza humana.

“Os Rejeitados”: Sinopse e Trailer Oficial

“Um professor mal-humorado é forçado a permanecer no campus para cuidar do grupo de alunos que não tem para onde ir durante as férias de Natal. Ele acaba criando um vínculo improvável com um deles e com a cozinheira-chefe da escola.”

Talvez te interesse ler também:

The Chosen: A Série que Está Atraindo o Interesse dos Jovens sobre a Vida de Jesus

Conheça os livros de ficção científica que previram o futuro!

Como encontrar um amor: esse curta é pra quem perdeu a esperança




Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


ASSINE NOSSA NEWSLETTER

Compartilhe suas ideias! Deixe um comentário...