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E teve gente que passou pano na dancinha do “cavalo tarado no cio” dizendo que aquilo é cultura do Brasil, que as crianças escutam isso em casa e que o funk carioca é patrimônio cultural. Afe! Por favor!
Para quem perdeu o bonde: viralizou o vídeo de uma apresentação “cultural” em uma escola pública carioca na comunidade Cidade de Deus. Detalhe: o grupo de dança Cia Suave recebeu R$ 50 mil em edital da Secretaria municipal de Cultura do Rio no ano passado, tendo ficado em primeiro lugar, junto com um outro projeto, em concorrência do Fomento à Cultura Carioca (Foca) de 2022, na categoria “musical”, como informou o Globo.
Na apresentação de cunho explicitamente sexual, uma mulher dança usando a máscara de um cavalo “galopando” sobre a cabeça de um homem. A letra da música é 100% machista:
“Vem mulher, vem galopando, que o cavalo tá chamando. Olha os cavalo (sic) voltando, os cavalo (sic) no cio. Cavalo taradão (…) Galopa, galopa, galopa, depois senta e rebola. Faz a posição, vem de quatro pro negão, que o cavalo tá doidão”.
Olha o vídeo da apresentação “Suave na Educação” com o Cavalo no Cio:
Deu bafafá porque o vídeo viralizou e o povo se indignou, apesar dos passadores de pano, pessoas que, sem dúvida, compartilham o mesmo pensamento daqueles que aprovaram o projeto, argumentando que isso é cultura ou educação.
O vídeo acima desfocou o público infantil, dezenas de crianças bem pequenas assistindo e se empolgando com um cavalo destrambelhado no cio e toma, toma, toma…
Para bom entendedor é apanha, apanha, apanha, com homens vestidos de bailarina e toma, toma, toma objetificação, sexualização de mulheres, trans e travestis, inclusive. Depois reclamam de feminicídio e lgbtfobia, mas na hora de dançar pode, porque ‘a dança é a dança’, a vida é outra coisa.
Bom, nós já falamos aqui que se a Anitta estiver na televisão, tirem as crianças da sala se não quiserem que no futuro, assim como hoje, as mulheres sejam objetificadas com a desculpa do feminismo (tóxico, né?).
Mas chega de crítica porque o caso está sendo investigado e doa a quem doer. Agora, para aqueles que acham que isso é cultura, que isso aí é favela (ou comunidade), que isso é Brasil ou Rio de Janeiro… NÃO! Isso não é nem cultura, nem Brasil, isso é um absurdo pago pela prefeitura carioca.
Conheça dois projetos que mostram um Brasil diferente, para você manter as esperanças de que nem tudo está acabado.
Há mais de 25 anos, na grande e famosa favela de Heliópolis, São Paulo, o Instituto Baccarelli deu inicio a dois projetos literalmente orquestrados pelo Maestro Silvio Baccarelli: a Orquestra Sinfônica Heliópolis e o Coral Heliópolis.
Essas notáveis iniciativas musicais, que se destacam no cenário nacional, são frutos do compromisso do Instituto em utilizar o ensino musical gratuito e de alta qualidade como uma ferramenta poderosa para promover a inserção de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade em uma realidade mais otimista.
Começando com aulas de instrumentos de cordas para apenas 36 crianças, o Instituto Baccarelli agora atende mais de 1.200 alunos, oferecendo programas diversos que incluem musicalização infantil, corais e aulas individuais de instrumentos. Além disso, as realizações da Orquestra Sinfônica Heliópolis e do Coral Heliópolis, que contam com mais de 200 alunos e 78 profissionais da música atuantes, demonstram o poder transformador da música e da arte na vida das pessoas,especialmente desses jovens talentosos.
O Projeto Orquestra Maré do Amanhã foi fundado em 2010 por Carlos Eduardo Prazeres, em resposta a um episódio trágico em que seu pai, o Maestro Armando Prazeres, foi assassinado. Este projeto ensina música clássica a crianças e adolescentes em uma das mais violentas favelas do Rio de Janeiro.
Começando com um pequeno grupo no Complexo da Maré, o projeto oferece educação em teoria musical, violino, violoncelo e flauta.
A Orquestra Maré do Amanhã não é apenas um projeto social, mas também uma oportunidade real de mudança de vida, preparando os alunos para o mercado de trabalho e protegendo-os do envolvimento com o tráfico de drogas.
E como estes, tem tantos outros….
Funk é cultura? Sim, claro. O funk é um gênero musical que se originou em comunidades afro-americanas em meados da década de 1960. Com um ritmo delicioso, o funk é pura dança. No Rio de Janeiro criou-se um ritmo todo seu: o funk carioca. Embalante som de preto e favelado, que quando toca ninguém fica parado…
Eu mesma adoro funk, mas há um porém: se as letras fazem apologia às drogas, à violência e à objetificação das mulheres, não é aceitável! O funk narra a vida da comunidade, assim como o rap, e até aí tudo bem. No entanto, precisamos manter o bom senso. Nem tudo é apropriado para crianças. Devemos estabelecer limites!
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Categorias: Arte e Cultura
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