Tirar os sapatos antes de entrar em casa é só um costume de alguns povos ou tem sua razão de ser? E usar sapato em todo lado, é mesmo bom?
Nós, humanos ditos civilizados, temos por hábito usar sapatos em todo lado. Pelas ruas, asfaltadas ou de pedra, quentes, pelando, até que se entende pois já não temos os pés adaptados a “todo terreno”, mas tem gente que usa sapato até na praia!
Na rua, em lugares públicos, fartamente frequentados por todo tipo de pessoas, veículos e animais, onde o chão pode queimar os pés pelo calor acumulado (especialmente, nas cidades, ilhas de calor) e o lixo tantas vezes voa com o vento é uma questão de higiene manter os pés calçados e até de prevenção de acidentes. Por isso, algumas profissões são regulamentadas até quanto ao uso do tipo de sapatos – botas para a construção civil, metalurgia e outras áreas pesadas e, sapatos fechados para laboratórios, para evitar que caia algum líquido corrosivo nos teus pés.
Dentro de casa já é outra história. Alguns povos, especialmente orientais e asiáticos, tiram os sapatos antes de entrarem em casa – questão de costume, de higiene, de respeito pelo chão sagrado que passarão a pisar. Muitos povos também tiram seus sapatos ao entrarem em algum templo – umbandista, budista, muçulmano, candomblecista, dentre outros sempre entram em seus templos descalços. Mas nós, ocidentais, não temos esse costume em nossas casas.
Talvez isso se deva à propalada praticidade das culturas ocidentais, sempre correndo contra o tempo. Então, não há “vagar” como dizem os portugueses, para estar trocando sapatos, botas, etc por um chinelo de “andar por dentro”. E, tanta é a correria, e já agora, o esquecimento de valores antigos, que quase não nos damos tempo para “bater os pés” no capacho da entrada. E lá vai para dentro tudo o que é terra, poeira, germens, enfim, tudo sobre o que pisamos em nossas andanças urbanas.
Mas, pense comigo, seria muito bom reaprender bons hábitos e incorporar outros. E este de deixar os sapatos à porta é muito bom mesmo – ajuda a manter a casa limpa, evita o leva e traz de contaminantes para dentro do seu ambiente mais íntimo e também ajuda a criar uma aura de respeito pelo lar, casa sagrada de cada família.
Na Bulgária, país onde vivi durante alguns anos de minha juventude, as casas tinham uma banqueta, logo à entrada, onde a gente podia se sentar e descalçar. Também sempre tinham vários chinelos à disposição. Costumes antigos, não sei se ainda será assim mas, sempre gostei da ideia dessa banqueta, que até pode ser um baú onde você guarde coisas úteis como botas de frio, botas de borracha, material de jardinagem, o que quiser que deva ficar pertinho da sua porta.
Na Dinamarca, país que também conheço, este hábito é uma lei: tira-se os sapatos e pronto, e a gente, quando vai de visita, leva uns chinelos, ou par de meias grossas, daquelas que têm antiderrapante na sola. Mas, maravilha das maravilhas, aqui existem pisos aquecidos, uma delícia no inverno.
E tem mais uma coisa. O hábito de se andar descalço fortalece a musculatura dos pés. E mais, pisar em superfícies diferentes – areia, grama, pedrinhas, folhas, terra – ajudam você a se descarregar das energias acumuladas no dia a dia, que escorrerão para a terra, desintoxicando o seu organismo e melhorando seu humor e saúde.
E mais, andar descalço é mesmo um símbolo de liberdade, não é? E uma delícia!
Gostou? Ensine seus filhos, convença seus amigos, e abuse da sua liberdade de sentir a terra como parte sua e sua casa como seu templo.
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