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Embora não ainda muito conhecida dos brasileiros, a Croácia está se tornando um destino turístico cada vez mais popular entre os europeus. A razão são as lindas praias do país, banhadas pelo mar Adriático, e o custo acessível.
No verão, o litoral croata é muito visitado, mas a capital Zagreb merece uma atenção especial. Uma cidade que vem se modernizando mas que, ao mesmo tempo, ainda tem em sua atmosfera uma certa melancolia do período socialista, ainda marcado em suas ruas e arquitetura.
Por ser um país que além de lindo e econômico de viajar, vale a pena conhecê-lo por sua história, que está entrelaça com a própria história do Ocidente. A região onde é hoje o país foi incorporada em 35 a.C. como parte do Império Romano.
Como conta o site Croácia para Brasileiros, no século VII, a Croácia foi conquistada por tribos eslavas e, no século seguinte, torna-se independente, ainda que Veneza tenha ocupado a sua costa – o que faz com que a arte e a arquitetura italianas sejam visíveis nas cidades litorâneas.
No século XVII, os turcos dominam a região, que hoje é a atual Bósnia, enquanto o litoral permanece sob a tutela de Veneza. Em 1699, a Croácia é incorporada à Áustria e, em 1779, à Hungria. Com exceção da Dalmácia, a Croácia passa a ser parte do Império Austro-Húngaro, fazendo o movimento de libertação nacional, em 1868, lutar contra Budapeste, dando à região algum grau de autonomia.
Durante a Primeira Guerra Mundial, uma parte croata luta com o reino iugoslavo pela dinastia sérvia e o outro lado decide apoiar Itália e Hungria – este movimento extremista, Ustaše, foi responsável pelo assassinato, em 1934, do rei Alexandre.
Na Segunda Guerra Mundial, quando a Alemanha atacou a região, em 1941, a Iugoslávia foi desmembrada, e Ante Pavelić tornou-se o líder do Estado independente da Croácia. Pavelić foi o líder e fundador do movimento nacionalista e fascista croata dos Ustaše, na década de 1930, tendo sido o o mentor do chamado Holocausto na Croácia, no qual se estima terem sido assassinados 290.000 sérvios, judeus, ciganos de etnia Romani e prisioneiros políticos, entre 1941 e 1945.
O plano Ustaše empreendido por Pavelić tinha por objetivo a “purificação” do novo país, segundo a célebre fórmula “matar um terço, exilar um terço e converter o outro terço” da população sérvia ao Catolicismo. Realmente chama a atenção como a Croácia é um país católico. Na capital Zagreb, há várias igrejas e símbolos da religião espalhados.
O fim da segunda guerra mundial levou a Croácia a participar da federação da Iugoslávia e fez de Josip Broz Tito seu líder. Tito lutou na Segunda Guerra Mundial chefiando o movimento guerrilheiro iugoslavo, conhecido como partisans. Após a guerra, tornou-se primeiro-ministro e mais tarde o Presidente da República Socialista Federativa da Iugoslávia.
Durante o período da Guerra Fria, Tito gozava de boa reputação em ambos os blocos, por sua “neutralidade” política. Ele conseguiu ser um mediador da suposta união entre os povos da Iugoslávia, formada por diferentes etnias dos Balcãs, um cenário de conflitos separatistas. Entretanto, essa suposta paz ocorreu porque Tito sufocou os movimentos de independência e liberdade desses povos. Uma figura complexa, ora carismática, ora autoritária.
Após a sua morte, o caldo de ressentimento e diferenças entre os diferentes grupos étnicos, que vinha sendo controlado pela figura de Tito, desencadeou um dos maiores conflitos bélicos recentes em solo europeu, o qual levou à guerra de Kosovo e ao desmembramento das repúblicas iugoslavas.
Na década de 1980, sob a influência de Slobodan Milosevic, a predominância Sérvia cresceu, bem como a resistência da Croácia contra isso. Em 1990, o país se declara um Estado soberano, sendo reconhecido, em 1992, pela comunidade Europeia.
Ainda hoje é possível encontrar as ruínas dessa guerra recente no território croata e em Zagreb, sobretudo.
Um país com uma história tão larga, interessante e palco de diferentes tensões, naturalmente, tem suas marcas registradas na arquitetura. A capital Zagreb, embora pequena, é um palco para admirar a arquitetura histórica e moderna que hoje desenha a cidade.
Zagreb é dividida em Cidade Alta e Cidade Baixa – em ambas as regiões da cidade, a cada esquina, há um monumento. Na Cidade Alta, destacam-se edifícios imponentes, museus, igrejas, as ruas de paralelepípedo, um portão medieval – que marcam o início de uma viagem ao passado. A capital croata é cheia de áreas verde, e é na Cidade Baixa onde está a maioria dos parques da cidade.
Cosmopolita e moderna, Zagreb encanta pelo mix de arquitetura brutalista, medieval e suas praças austro-húngaras circundadas por cafés. A cidade vem passando por um processo de transformação urbana que permite ao visitante encontrar arte de rua e edifícios da chamada “arquitetura brutalista”, uma tendência do pós-segunda guerra até o fim da década de 1970 cujas obras caracterizam-se pela utilização do concreto aparente.
Para quem gosta de explorar a arquitetura socialista, Zagreb é um prato cheio. Fora do centro histórico, onde podem ser vistos traços da arquitetura romana e medieval, estão as áreas planejadas durante o período socialista na Croácia.
Alguns edifícios da chamada Nova Zagreb impressionam pelo design, pela imensidão e pela brutalidade. O concreto é o material estampado na Nova Zagreb. Grande parte da arquitetura desse período está decaída por falta de manutenção, o que imprime uma sensação distópica e nostálgica e, ao mesmo tempo, futurista de edifícios de uso misto, cercados por extensos parques e redes de transporte público eficientes. Geométrica, eficiente e admiravelmente projetada com as pessoas em mente, como descreve o site Yomadic.
São tantos que é difícil lembrar de todos. O melhor é perder-se pela cidade e ir admirando os seus cantos e esquinas. Entretanto, alguns lugares merecem destaque.
O lugar mais conhecido de Zagreb sem dúvida é a Praça de São Marcos. Localizada na Cidade Alta, na praça está a Igreja de São Marcos, cujo telhado é uma obra de arte: composto por azulejos coloridos, formando os brasões de armas da Croácia e de outras regiões significativas do país.
Próxima à Igreja de São Marcos, a Torre Lotrščak é um edifício medieval com uma das mais belas vistas da cidade. Além disso, abriga a tradição curiosa de, pontualmente ao meio dia, desde o século XIX, um canhão anunciar o horário.
Representa a resistência ao poder da aristocracia na Croácia, simbolizada pela estátua do general Josip Jelačić, considerado um herói nacional.
A rua mais famosa de Zagreb é boêmia, divertida e um corredor de transeuntes. Locais e turistas acabam, inevitavelmente, se esbarrando em algum lugar da Tkalčićeva. Repleta de bares e restaurantes, é um lugar para apreciar uma genuína cerveja croata e algum prato típico.
Localizado a poucos metros da Praça Trg Maršala Tita, é onde ocorrem os principais eventos artísticos em Zagreb. O pavilhão abriga o Teatro Nacional Croata, um edifício projetado por arquitetos vienenses para receber balé, ópera e teatro. Durante o verão, diariamente, acontece algum evento artístico.
Aberto diariamente das das 6h30 às 15h, é o lugar para comprar (ou apenas ver) os produtos de feira e artesanato. É onde, em geral, os turistas compram souvenirs.
Esse museu é um dos mais interessantes – se não o mais – de Zagreb. Como o próprio nome diz, trata-se de um museu que expõe a dor daqueles que tiveram relações rompidas, sejam casamentos, relações entre pais e filhos, irmãos, amigos, enfim.
A concepção do museu é oferecer um espaço público físico e virtual com o único propósito de valorizar e compartilhar histórias de desgosto e posses simbólicas. É um museu sobre as diversas formas de amor e de perdas. Logo, é impossível não se emocionar vendo os objetos e lendo os relatos aos quais eles se relacionam.
O Museu de Arte Contemporânea de Zagreb é um lugar vivo de criação, exibição, interpretação e preservação da arte contemporânea em todas as suas formas.
Foi fundado em 1954 sob o nome City Gallery of Contemporary Art, cujo objetivo era promover as obras de arte recém-produzidas por jovens artistas que defendiam a abstração geométrica, desenvolvendo a herança da vanguarda histórica. Hoje, o museu tem coleções formadas durante meio século na fronteira cultural entre o Oriente e o Ocidente.
O túnel mede 350 metros de comprimento, tem duas entradas principais – uma na Rua Mesnička e outra na Rua Radićeva – e quatro saídas. Sua largura é de 3,5 metros, além da sua parte central, com 5,5 metros de largura.
Foi construído durante a Segunda Guerra Mundial pelo governo Ustaše para servir tanto como um abrigo antiaéreo quanto como um passeio marítimo, mas, após a guerra, caiu em desuso. Foi só nos anos 90 que o túnel foi redescoberto e usado para uma das primeiras raves da Croácia e funcionando, também, como abrigo durante a guerra de independência croata.
Em 2016, o túnel foi reformado e aberto ao público, servindo como atração turística e hospedando eventos culturais. Está aberto para visitação todos os dias, das 9h às 21h.
Uma dica que não pode ser esquecida é em relação à culinária croata.
A Croácia tem uma gastronomia incrível, que vai desde frutos do mar a carnes mais pesadas. Há um restaurante em Zagreb onde você encontra os pratos típicos de todas as regiões do país: o Konoba Didov San. Além dos pratos deliciosos, o Konoba tem uma decoração típica que nos faz sentir estar em uma casa croata. Os vinhos da Croácia, embora não muito conhecidos, são muito saborosos, sobretudo, os vinhos brancos.
Zagreb é uma cidade com uma história riquíssima, a qual está evidente em suas ruas, edifícios e pessoas. Um lugar onde confluem o antigo, o moderno, a nostalgia e uma promessa de futuro para um país cheio de marcas.
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Categorias: Viajar
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