O Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China oficializou sua declaração de que cães e gatos são companheiros, e não “animais” para comer. Pela primeira vez na história, a China os classifica como animais de estimação.
Esperava-se há meses por esta decisão que agora é definitiva, e assim sendo, a China se despede do Festival de Yulin.
Mas há um ponto sombrio que pode permitir um contorno da lei, enquanto ainda permite que se coma esse tipo de carne.
O Ministério da Agricultura acaba de atualizar o seu Diretório de Recursos Genéticos Para Pecuária e Agricultura, removendo cães e gatos da lista de animais comestíveis, classificando-os como animais de estimação.
A história começou no dia 8 de abril com a introdução de um projeto no diretório nacional de animais comestíveis. Ali, pela primeira vez, cães e gatos não apareceram na lista dos 31 animais classificados para consumo, no entanto, não era um documento vinculativo, mas apenas uma consulta pública destinada a entender a posição dos cidadãos chineses sobre esse assunto.
https://www.greenme.com.br/viver/costume-e-sociedade/42065-china-comeca-proibir-carne-de-cachorro-coronavirus/
A consulta foi encerrada no dia 8 de maio e o novo diretório foi lançado oficialmente na sexta-feira, 29.
A lista indica 17 espécies animais tradicionais – incluindo gado, porco, aves, coelho e camelo – e acrescentou 16 “espécies especiais”, incluindo renas, alpacas, faisões, avestruzes e raposas. Essas espécies estão sob a jurisdição da lei zootécnica, o que significa que é legal criá-las para alimento, lã ou couro.
O novo regulamento, que também lista as “espécies especiais” que podem ser criadas para alimento ou couro, faz parte do movimento para reprimir o comércio de animais silvestres após a pandemia de coronavírus, mas também serviu para reclassificar cães como animais de estimação e não como alimento. A medida veio em um momento crucial, isto é, três semanas antes do Festival de Yulin.
“Há uma longa história de domar cães, no passado eles eram usados para proteger casas, caçar e procriar. Eles agora são criados como animais de estimação, para busca e resgate, para ajudar os cegos e ter um vínculo mais próximo com os seres humanos”, explicam as autoridades chinesas.
“Com o passar do tempo, as ideias de civilização e hábitos alimentares estão em constante mudança, e alguns costumes tradicionais sobre cachorros também vão mudar”.
No entanto, a reclassificação não proíbe explicitamente de comer cães ou de criá-los para abate, potencialmente colocando o comércio destes animais em uma estranha situação legal. As pessoas que desejam criar cães para outros fins, como animais de trabalho, precisarão obter autorização das autoridades locais.
Não está claro como as regras do Ministério da Agricultura serão aplicadas. Além disso, a falta de leis específicas contra a violência animal poderia desencadear uma nova ondada de crimes, com roubo e matança de cães.
A Humane Society International estima que cerca de 10 milhões de cães são mortos por ano para o comércio de carne de cachorro na China:
“Isso agora representa a oportunidade perfeita para cidades da China agirem de acordo com as palavras do governo, protegendo cães e gatos de ladrões e matadouros no comércio de carne”, disse Wendy Higgins, porta-voz do grupo.
Segundo uma pesquisa realizada pela Humane Society International em 2016, a maioria dos cidadãos na China não come cães e, cerca de 64% deles são a favor da abolição do Festival de Yulin.
Claro que isso representa um avanço em direção a uma cultura globalizada, onde cães e gatos são tidos como animais de estimação e não são bem vistos como comida. Mas tudo segue sendo uma questão de costume. Embora o Festival de Yulin seja de fato horrível e cruel, criadouros e matadouros de bois, vacas, frangos e porcos não menos são cruéis. Todos os animais são seres sencientes. Todos deveriam ser amigos, e não comida.
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Categorias: Gato e Cachorro, Morar
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