Como ajudar cães traumatizados a superarem seus medos e fobias


Infelizmente, existem muitos animais que desenvolvem traumas e fobias decorrentes de maus-tratos, nos casos daqueles que foram resgatados das ruas ou abrigos, ou de condicionamentos provenientes de formas equivocadas de criar o pet, deixando-o muito fechado em casa, não sociabilizando-o com outras pessoas e animais ou não saindo com ele para passear, dificultando sua adaptação à situações novas, gerando medo e ansiedade no animal.

Neste conteúdo, apresentamos maneiras de lidar e solucionar esse problema, de forma equilibrada, respeitando o temperamento e a natureza do animal. Lembrando que em casos extremos e de difícil solução, pode ser necessário recorrer à ajuda de um especialista em comportamento animal, educador de pets e/ou veterinário.

Se você tem ou conhece quem tenha um pet com problemas de socialização, medo, traumas, fobias, acompanhe este conteúdo para poder ajudar esses bichinhos.

Como lidar com cães inseguros

Para que um cão supere o medo, seja do que for, é necessário estimular o animal a fazer parte da rotina da casa, seja interagindo com outras pessoas ou não. Sem forçar, simplesmente incentivando-o com petiscos, brinquedos, utilizando o tapetinho dele para ele se sentir confortável no ambiente, ou dando-lhe carinho enquanto ele participa das situações do dia a dia com você. 

Quando o seu pet demonstrar alguma insegurança ou temor, ajude-o a se sentir seguro, aceitando o comportamento dele e, ao mesmo tempo, passando-lhe segurança e calma, ajudando-o a entender que está tudo bem, incentivando assim o animal a se sentir mais confiante e corajoso.

Detectando o tipo de medo

Para ajudar seu animal a superar o medo, é preciso antes perceber o que provoca essa reatividade nele pois, por vezes ele pode apresentar medo de uma pessoa em específico ou das pessoas em geral, até do próprio tutor, além de outros medos como o de objetos, barulhos ou outros animais.

Este medo pode ser relativo a algum trauma que o deixou fragilizado, pode ser uma característica de seu temperamento ou até mesmo sentido por sua mãe e transmitido a ele.

Em suma, o medo pode estar relacionado à(s) pessoa(s) ou situações que trazem à tona o trauma ou um sofrimento associado à vivência traumática.

Para conseguir captar os sinais deste distúrbio comportamental, é necessário empatia, sensibilidade, atenção e observação do tutor sobre o seu animal, a fim de compreender a razão do medo.

Sinais de medo nos cães

Para saber quando uma reação do pet está sinalizando medo traumático, seguem alguns indícios que podem indicar isso:

  • postura de ataque ou encolhimento
  • olhos arregalados
  • orelhas para trás
  • rabo entre as pernas
  • tremedeiras
  • respiração ofegante
  • língua para fora
  • taquicardia
  • fazer xixi por causa do medo
  • agitação e comportamento desnorteado
  • recuar ou fugir do que causa medo, entre outros

Cuidados com o pet medroso

É importante ter vários cuidados para não traumatizar mais ainda o animal. Por isso, é bom evitar forçar situações ou ser agressivo para obrigá-lo a ser mais corajoso e sociável. Isso irá só piorar o trauma. Sendo assim, é necessário ter paciência e constância para lidar com esse animal e toda vez que ele se deparar com o medo, crie condições favoráveis dele superá-lo, como por exemplo, nas seguintes circunstâncias:

Medo do tutor

Se ele tiver medo de você, procure fazer as coisas naturalmente perto dele, oferecer petiscos que ele gosta para ir estimulando uma maior aproximação entre vocês, para que você possa também fazer carinho nele, transmitindo-lhe amor e mostrando que você é de confiança.

Medo de outra(s) pessoa(s)

Caso o animal tenha medo de outras pessoas, seja as que vivem em sua casa ou visitas, peça para elas ficarem “na delas” sem ir para cima do animal e assustá-lo. Converse e interaja com as mesmas e aja naturalmente para mostrar ao pet que elas são de confiança e, se por ventura ele se aproximar voluntariamente, peça para elas oferecerem petiscos a ele deixando-o se aproximar mais e assim poderem estabelecer um entrosamento com ele.

Outros tipos de medo

Outras situações de medo podem ser resolvidas aos poucos e continuamente. Para isso, o tutor precisa associar o que desencadeia o medo a algo de bom, como por exemplo:

  • se o pet tem medo de secador, enquanto se usa o secador dar um biscoitinho para entreter ele
  • se ele tem medo de trovão, colocar uma música relaxante e dar um petisco delicioso para ele
  • enfim, substituir o que traz desconforto, pelo que promove bem-estar ao pet

Passos para o animal ficar mais tranquilo 

Deixe seu animal ficar confortável no ambiente de seu lar, com o que o faz se sentir bem, como um brinquedinho que aprecia ou um lugar que ele curte ficar.

Promova a aproximação gradativa, seja de você ou de outras pessoas, sempre deixando o animal ir se aproximando de forma voluntária, e motivando-o com coisas que ele gosta.

Recompense seu animal com carinho ou petiscos quando ele tiver uma atitude que demonstre que está superando o medo.

Os animais são seres sencientes

Animais desenvolvem traumas porque, assim como nós, eles sentem emoções e têm sentimentos. Por isso, podem desenvolver Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), um distúrbio que provoca nos animais sintomas semelhantes aos sentidos pelos humanos, tais como: 

  • alterações no temperamento e comportamento
  • oscilação emocional
  • tensão e hipervigilância
  • desconfiança e insegurança
  • tremores

Possíveis causas de traumas em cachorros

Existem muitas causas que podem levar o animal a ser acometido por Estresse Pós-Traumático como:

  • ter sofrido agressão
  • ter levado um grande susto
  • ter vivido o abandono e sofrido nas ruas
  • ter ficado sozinho muito tempo em local fechado
  • ter sido vítima de maus-tratos de pessoas ou de briga com outros cães
  • ter passado por um acidente, como atropelamento ou queda
  • ter tido uma mãe que passou uma gestação difícil
  • genética ou temperamento que favorece essa característica nele, entre outras causas

O trauma pode acabar desequilibrando o comportamento do animal e prejudicando sua qualidade de vida, por isso é essencial ajudar seu cachorro a superar isso de forma correta, sem persuasão para não piorar ainda mais a situação.

Visando aumentar os recursos do tutor para lidar com o problema de seu animal, seguem dois vídeos que foram feitos exclusivamente para esse conteúdo e são de especialistas em animais.

A visão da veterinária holística sobre cães medrosos

Neste vídeo, a veterinária holística e terapeuta na linguagem de animais, Dra. Fernanda Pimenta, fala sobre o aspecto holístico da relação do tutor com seu animal medroso. A especialista também explica como essa relação pode inclusive trazer melhorias para ambos, se o problema for bem conduzido.

Instruções de especialistas em comportamento animal

Neste outro vídeo, os especialistas da Porakaá a veterinária Thais Vaz Oliveira e o zootecnista Guilherme Maino de Azevedo, ambos pós-graduados em comportamento animal, dão orientações específicas para os tutores lidarem com esse problema, e ajudarem seus pets a superarem seus medos.

O amor faz milagres 

Há anos noticiamos a história de um cachorro que foi resgatado das ruas “pele e osso” e apático e que, com a ajuda humana, cuidados e amor, renasceu como um novo cachorro:

Esse fato serve para ilustrar que o amor e a dedicação salva e recupera um animal quase morto,  o que dirá um que esteja traumatizado?!

Agora, com todas essas informações, adicione o seu amor e ajude seu animal a recuperar a confiança e tranquilidade perdidas, e sejam muito felizes!

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Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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