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Muito se fala de construção ecológica – de terra, solo-cimento, garrafas pet, garrafas de vidro, taipa de pilão, taipa de mão, madeira, e por aí vai. Muitas experiências acontecem em todos os lados, umas mais ecológicas que outras, outras mais adaptadas às condições climáticas locais que umas. Aqui vamos ressaltar a importância do bambu tanto para a construção ecológica como para outros usos também nobres como os móveis, papel, alimento e despoluição de águas, por exemplo.
O bambu é uma gramínea, ou seja, um capim. Pode não parecer mas é: verde, ou amarelo, cresce por rizomas que se espalham por baixo da terra criando tramas que fixam os solos, chupa água pelo seu caule oco e, lá no alto, umas folhinhas verdes e ásperas. Uma grama tamanho gigante que, por muitos é considerado um material nobre para a construção ecológica e, já há muitos séculos é usado para construir casas em países asiáticos. É um recurso fácil e rapidamente renovável, que tem baixo custo de produção para alem de ser muito pouco poluente.
O crescimento do bambu é muito rápido. Se você tiver um bambu ao lado da janela do seu quarto poderá ouvi-lo, à noite, como geme ao crescer. Tem bambu que cresce até 1 m por dia. O bambu, ao ser semeado, vai criando e fortalecendo raízes e, de repente, brota e começa a ganhar os céus atingindo alturas imensas – 25 m de altura é o comum – e em três anos o bambu está maduro, forte para servir na construção.
Outra coisa interessante é que o bambu não precisa de replantio. Você corta, ele rebrota, por 100 anos a fio, dizem os que entendem. Então, é barato, muito barato mesmo. Por outro lado, o bambu não é exigente quanto ao solo onde está. Consegue crescer bem em solos inóspitos onde a agricultura não é possível. Então, é possível se ter bambuzal em qualquer lugar, seja areia, pedra ou lodaçal.
DURABILIDADE: um poste de bambu defumado (tratado com fumaça) dura 70 anos. Veja mais aqui, é muito interessante o tipo de tratamentos que fazem para o bambu melhorar ainda mais suas qualidades.
RESISTÊNCIA: o bambu suporta maior tração do que o aço em relação ao seu peso
E existem ainda outros tratamentos que o fazem ainda mais promissor e adequado para o uso na construção ecológica, veja neste vídeo:
E mais, o carvão de bambu pode ser usado na despoluição dos rios e no tratamento de esgotos e, o papel de bambu, de fibra longa e resistente, é muito melhor do que o papel de outras celuloses, e mais barato, para além de ser muito menos caro do ponto de vista ecológico. E a notícia boa é que o nosso país, o Brasil, é o único de todo o continente americano a ter uma grande indústria de papel de bambu, lá no Maranhão.
No Brasil também existem três das espécies de bambu mais adequadas ao uso na construção ecológica, segundo o professor Khosrow Ghavami, do Departamento de Engenharia Civil da PUC-RJ. Trata-se dos bambus guadua (Guadua angustifolia), bambu-gigante (Dendrocalamus giganteus) e bambu-mossô (Phyllostachys pubescens), todos encontrados nas florestas brasileiras, nativos.
Ah, e o broto do bambu é comestível e contêm alta concentração de substâncias oxidantes e quase 20% de proteína pura. Neste vídeo é apresentada uma receita de broto de bambu muito gostosa, experimente.
E como não poderia deixar de ser, o bambu também nos traz qualidades filosóficas. Segundo Roberto Otsu, a maior qualidade do bambu é o seu vazio interior. Como diz ele em seu livro, A sabedoria da Natureza da editora Ágora, de São Paulo, “se o bambu tivesse o talo maciço ele seria pesado, rígido, inflexível”. E são justamente essas três características – leveza, maleabilidade e flexibilidade – que tornam o bambu tão precioso para a construção.
E são essas mesmas três qualidades que tornam nossa vida mais fácil, depois que as incorporamos à nossa consciência de ser.
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Categorias: Bioarquitetura, Morar
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