Desde que George Floyd foi assassinado por um policial nos Estados Unidos, o movimento Black Lives Matter colocou em pauta a relação simbólica de estátuas e monumentos de figuras históricas com os espaços urbanos.
Muitos desses símbolos espalhados pelas cidades do Ocidente são protagonistas de processos violentos relacionados à colonização e à escravidão, sobretudo, no continente americano.
Na Inglaterra, manifestantes derrubaram uma estátua de traficantes de escravos, em junho de 2020, e, neste mês de agosto, em São Paulo, ativistas queimaram a estátua do bandeirante Borba Gato, responsável pela escravização de indígenas e negros. De acordo com os manifestantes que estiveram presentes no ato, o objetivo era colocar em discussão a existência da estátua.
Pensando sobre isso, por que temos estátuas de figuras, hoje, consideradas criminosas e não de outras tidas como nobres para a nossa história? De fato os tempos mudam e o nosso olhar também, o que revela a importância da memória para a formação e reformulação das narrativas históricas.
Em 17 de agosto, comemora-se o Dia do Patrimônio Nacional, data que deveria ser celebrada com reflexões e debate. Afinal, o que valorizamos como patrimônio em nosso país?
Conforme esclarece uma matéria do ArchDaily, o termo patrimônio histórico cultural:
“se refere às produções, materiais e imateriais, de uma determinada cultura inserida na sociedade. O que caracteriza um bem cultural como patrimônio é a sua relevância histórica e social, a qual pode ser associada à memória coletiva e individual, visto que é através dessas memórias que ocorre a compreensão do passado”.
Apenas na cidade de São Paulo, 200 dos seus 367 monumentos representam pessoas, sendo 137 homens brancos, 18 mulheres brancas, 6 homens árabes, 4 homens indígenas, 4 homens negros e 4 homens orientais e apenas 1 mulher negra – o restante não são identificáveis.
Esses dados mostram que nossa memória é pouco representativa da diversidade que nos caracteriza. Para mudar, ainda que discreta e lentamente, esse cenário, a capital paulista vai ganhar cinco novas estátuas para homenagear personalidades negras.
A prefeitura de São Paulo, após pressão popular, informou quem serão os homenageados que ganharão espaço nas ruas e na memória da cidade, segundo uma publicação da Midia Ninja no Facebook:
Já a estatua do escravagista Borga Gato será restaurada sob financiamento de um doador não identificado.
Esperamos que o exemplo paulistano se espalhe por todo o Brasil, é hora de contar nossa verdadeira história ao povo e homenagear quem, de fato, nos representa!
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Categorias: Arte Urbana
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