Bairros: quanto mais pobres, menos árvores


Quem nunca andou pelos principais bairros dos estados brasileiros em termos de infraestrutura e qualidade de vida e não reparou o grande número de árvores ao redor? Isso não é uma coincidência, pelo menos é o que revelou o estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os bairros com o metro quadrado mais caro ostentam melhor iluminação pública, pavimentação, calçada, bueiro e…abundância de árvores. Enquanto que os bairros com metro quadrado mais barato, carecem de tudo isso.

A pesquisa denominada “Características Urbanísticas do Entorno dos Domicílios” mostrou que os domicílios classificados como inadequados, sem nenhum dos serviços de saneamento básico, localizavam-se em áreas onde o seu entorno apresentava condições mais precárias, tanto em relação as dimensões relacionadas à circulação da população no espaço urbano, quanto às relativas ao meio ambiente, bem-estar e saúde da população. Em outras palavras, falta de saneamento básico, infraestrutura e árvores.

A abundância, ou ausência de árvores, serviu como uma espécie de “termômetro” para quantificar a prosperidade de uma região, segundo o censo de 2010.

Cerca de 58,5% das residências com renda menor de ¼ do salário mínimo possui alguma área verde em seu entorno, no entanto, quando a renda ultrapassa dois salários mínimos, o número aumenta para 78,5%.

Estes dados não são exclusivos do Brasil. Um estudo realizado nos Estados Unidos mostrou que o mesmo ocorre por lá, o que não é difícil de imaginar, pelo menos para as pessoas que acompanham séries e filmes norte-americanos, a diferença é muito clara quando as filmagens mostram bairros da periferia e bairros mais ricos, inclusive no meio ambiente.

No âmbito estético, é evidente que as árvores deixam o local mais bonito, mas também ajudam a controlar o calor, reduzem as chances de enchentes e capturam CO2. Só existem benefícios para quem mora próximo de árvores, embora haja quem diga que as árvores sujam e danificam calçadas.

As características do entorno mais diretamente relacionadas ao meio ambiente, bem-estar e saúde da população, estão divididas em duas partes no que se refere às situações desejáveis de ordenamento urbano:

Por um lado, espera-se que quanto mais altos os percentuais da arborização e da presença de bueiro/boca de lobo melhores serão as condições do entorno. Por outro lado ocorre o inverso com a existência de esgoto a céu aberto e depósito de lixo nos logradouros: quanto mais baixos forem os percentuais, melhores serão as condições do entorno dos domicílios.

Com a criação de 200 novos “ultra ricos” – pessoas com patrimônio superior a 50 milhões de reais – segundo o relatório Prosperidade Global do banco Credit Suisse e, apesar da ritmo mais lento de crescimento que o Brasil tem enfrentado nos últimos dois anos, é preciso criar a consciência de que árvores ajudam a melhorar a qualidade de vida e isso não precisa ser um privilégio dos bairros mais prósperos.

Um exemplo disso em São Paulo é a região da avenida Ipiranga no Centro Velho, Praça da República e Praça Roosevelt, região na qual resido. Bastante arborizada, com muitas árvores (algumas centenárias), ao longo de sua extensão, com muito mais árvores do que esperava até me mudar para cá, afinal, era o Centro Histórico da “Cidade Cinza”.

Mas o fato é que temos árvores por aqui e o Centro Velho, torna a vida melhor, e o centro está longe de ser um dos bairros mais ricos da maior cidade do país. Quem sabe no futuro as árvores não apareçam em maior profusão por aqui e pela periferia também?

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Fonte foto: freeimages.com




Redação greenMe

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