Patinetes elétricos poluem e são perigosos


Eles são a última moda na Europa. Viraram febre e estão espalhados por todas as esquinas. Sejam habitantes, sejam turistas, parece que (quase) todos se renderam aos patinetes elétricos. Aqui no Brasil, em algumas cidades eles já começaram a aparecer e prometem se tornar populares. Também pudera: são econômicos, rápidos e não requerem habilitação. Mas será que os patinetes elétricos não teriam desvantagens?

Parece que sim. Uma delas é que, uma vez que não estão regulamentados, seus usuários não precisam de habilitação e não são obrigados a usar capacete, o que vem causado inúmeros acidentes. Além disso, um estudo publicado na revista Environmental Research Letters afirma que eles são mais poluentes do que automóveis e motocicletas.

Isso significa que os patinetes elétricos não parecem ser a melhor alternativa para a mobilidade sustentável, já que geram um grande impacto ambiental, conforme divulgado por El Pais.

O estudo realizado por pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte (EUA) foi feito com patinetes elétricos das empresas de aluguel Lime e Bird, em Raleigh (capital da Carolina do Norte), a partir dos quais os pesquisadores constaram que a vida útil desses veículos é bem menor do que a designada pelos fabricantes: dois anos.

Um dos grandes problemas dos patinetes é que eles são vandalizados, visto que ficam estacionados nas esquinas das cidades e muitas vezes largados no meio da rua pelos usuários. Esse mau uso do veículo faz com que eles tenham que ser repostos no mercado – e a fabricação de mais unidades do produto afeta o meio ambiente.

A cadeia produtiva dos patinetes dessas duas empresas começa na China, de onde são transportados para os Estados Unidos em transportes poluentes, como avião, barco e caminhão, de acordo com o estudo. Ademais, a fabricação de mais unidades requer o uso de mais matérias-primas, como o alumínio.

Não bastasse todo esse impacto ambiental, os patinetes funcionam por recarga, que é operada por trabalhadores terceirizados, conhecidos como juicers e chargers, que utilizam veículos próprios. Eles dirigem pelas cidades recolhendo os patinetes para carregá-los e distribuí-los para um novo uso.

O pesquisadores fizeram o cálculo da emissão de CO2 durante todo esse processo (fabricação, envio, carregamento e transporte) e o compararam com as emissões de outros tipos de transporte. O resultado a que chegaram é que os pequenos veículos são mais poluentes do que um ônibus, que comporta mais pessoas, um ciclomotor elétrico, uma bicicleta elétrica e uma bicicleta normal. Essa conclusão foi atestada, também, pelo Barômetro do Ciclista Urbano em Barcelona, que diz que o uso dos patinetes multiplicou quase por quatro em apenas um ano. Os usuários substituíram suas caminhadas e o uso de bicicleta por eles.

O estudo da Universidade da Carolina do Norte consta, ainda, com um questionário aplicado aos usuários de patinetes que lhes perguntou qual opção escolheriam para se locomover caso não houvesse os patinetes. As respostas foram: cerca de 50% iria andando ou de bicicleta, 34% usaria seu próprio carro e um serviço VTC, 11% iria de ônibus e 7% não faria a viagem.

O coordenador de mobilidade do Greenpeace Espanha, Adrián Fernández, avalia que:

“O patinete elétrico poderia ser útil à mobilidade das cidades, cumprir seu papel dentro desse esquema que é cada vez mais variado. Mas é evidente que o modelo atual dos patinetes de aluguel não responde à essa necessidade e, além disso, está causando novos problemas como os ambientais descritos no estudo”.

Os patinetes não são tão inofensivos assim. Além do problema de segurança, que tem provocado acidentes e até mortes, parece que eles não são substitutos exemplares para um projeto de mobilidade sustentável.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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