Trem de levitação magnética, solução econômica e sustentável para o trânsito, será desativado


Os negacionistas da ciência, desde o oceano de sua ignorância, não se dão conta de que praticamente tudo ao seu redor tem o dedo do conhecimento científico.

Quando esse conhecimento se transforma em um bem, toda a sociedade sai ganhando.

Seria o caso do trem de levitação magnética, uma tecnologia desenvolvida pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que poderia oferecer uma solução econômica e sustentável para o problema do trânsito na capital fluminense e, quiçá, em todas as cidades brasileiras.

O trem de levitação magnética, batizado de Maglev-Cobra, tem uma das tecnologias mais avançadas do mundo para a mobilidade, mas está em processo de descomissionamento, ou seja, o projeto será desativado.

Desperdício

Desde 2016, foram investidos cerca de R$17 milhões na pesquisa realizada pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da UFRJ.

O Maglev-Cobra funciona todas as terças-feiras entre os prédios do Centro de Tecnologia da Cidade Universitária da Ilha do Fundão, sendo  o primeiro veículo no mundo a transportar passageiros utilizando a tecnologia de levitação magnética por supercondutividade.

Para se ter uma ideia do avanço da pesquisa brasileira, a China está em fase experimental com um protótipo feito para oito pessoas, enquanto o trem da UFRJ consegue transportar 20 passageiros.

Em 2019, o professor Richard Stephan, coordenador dos pesquisadores do Laboratório de Aplicações de Supercondutores (Lasup) da Coppe/UFRJ, havia dito ao #Colabora que a instituição estava em busca de um parceiro industrial.

Entretanto, durante esses cinco anos, nenhum interessado apareceu.

“Durante os 5 últimos anos, mantivemos exposições públicas semanais do projeto, inclusive com a presença de diversas autoridades, e temos total condição técnica de implementar um transporte mais rápido, leve, com menor impacto ambiental e, muitas vezes, mais barato, no Brasil, porém essa tecnologia será abandonada”, comentou Stephan ao Diário do Rio.

Atualmente, apenas três países no mundo usam a tecnologia de levitação magnética em trens: Coreia do Sul, China e Japão – três gigantes asiáticos que investem pesado em tecnologia.

O Brasil acaba de desperdiçar todo o recurso financeiro investido, o trabalho de pesquisadores e a oportunidade de dar um passo fundamental na melhoria da mobilidade urbana no país, bem como de ganhar dinheiro exportando a tecnologia. Nas palavras de Stephan:

“Lamentamos profundamente a impossibilidade de melhorar a mobilidade da população, os empregos perdidos e todo o investimento em ciência que estão sendo desprezados, pois esse é o transporte do futuro, que poderia ser implementado também em outros lugares no mundo, com método inovador brasileiro, retirando mais uma vez a chance do Brasil de exportar tecnologia de ponta”.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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Este artigo possui 2 comentários

  1. José Roberto Gonçalves da Silva
    Publicado em 06/01/2021 às 2:21 am [+]

    Sou metroviario da CBTU Recife,lamento essa informação pois sei que existe no mundo uma corrida por tecnologia metroferroviaria e no Brasil se aposta no atraso imposto pelo setor rodoviário.


  2. Daia Florios
    Publicado em 06/01/2021 às 1:17 pm [+]

    Pois é… 🙁


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