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Existe nas redes sociais um post que viralizou, e ainda viraliza, que dizia que no Brasil, no período da escravidão, a trança nagô era utilizada para fazer mapas e desenhar rotas de fugas para os quilombos. As tranças nagô são um símbolo de resistência e um motivo de orgulho histórico e cultural, mas não têm nada a ver com rotas de fuga, como bem apurou o E-farsas.
A trança africana, especificamente a nagô, é bastante antiga na África.
Segundo a Enciclopédia da História Africana, uma das primeiras evidências de tais tranças, foram encontradas em pinturas nas cavernas do Planato de Tassili n’Ajjer, no deserto do Saara. Elas datariam entre 8.000 e 6.000 a.C.
Por definição, a trança nagô seria um penteado de cabelo, que era comumente utilizado por nagôs (ou anagôs), a designação dada aos negros escravizados e vendidos na antiga Costa dos Escravos (áreas costeiras dos atuais Togo, Benim e Nigéria, na África Ocidental) entre os séculos XV e XIX, e que falavam o iorubá.
Atualmente, as tranças nagôs são amplamente utilizadas por homens, mulheres e crianças, independentemente da cor da pele, ao redor do mundo.
O ato de trançar os cabelos não é algo exclusivo de povos africanos.
As estátuas da “Vênus de Brassempouy” e da “Vênus de Willendorf” (descobertas em sítios arqueológicos do período paleolítico na Europa) representam mulheres com cabelos trançados semelhantes ou algum tipo de adorno para os cabelos, artefatos entre 22.000 a 24.000 anos a.C.
Alguns acreditam que a trança nagô está relacionada à cultura Nok (uma sociedade que teve origem por volta de 1.500 a.C, no norte da atual Nigéria).
Ainda assim há uma certa imprecisão histórica, pois existe uma grande variedade de estilos tradicional de tranças africanas, que vão desde curvas complexas e espirais para a composição estritamente linear.
Varia muito de acordo com as etnias e regiões, além disso, outros povos ao redor do mundo também utilizaram tranças como marcas identitárias.
Visualmente, o mais próximo de uma trança nagô seria um penteado conhecido em inglês como “cornrow“. Tem esse nome, porque as tranças lembram as fileiras de uma plantação de milho.
De maneira genérica, este penteado, portanto, é considerado como um antigo estilo africano tradicional de entrelaçamento de cabelo, no qual este é trançado muito próximo ao couro cabeludo, usando um movimento para cima e para baixo, para fazer uma linha contínua e elevada.
Segundo o site do Instituto Politécnico Rensselaer de Nova York, o penteado “cornrow” abrange um amplo terreno social:
No início do século XV, com a escravidão, o cabelo exerceu a importante função de condutor de mensagens. Nessas culturas, trançar os cabelos era parte de um complexo sistema de linguagem.
A manipulação do cabelo era uma forma resistência e de manter suas raízes. As tranças serviram como referência de diversos movimentos como, Marcha dos Direitos Civis nos Estados Unidos, o aparecimento de movimentos negros como o Black Power e os Panteras Negras, que lutavam pelos direitos e enaltecem a cultura afro.
Nos modelos atuais, há ramificações das tranças nagôs.
Confira 9 ideias de penteados:
Ainda que não tivessem desenhos de rotas de fuga, a trança nagô é um símbolo de resistência, um motivo de orgulho e deve ser respeitada. Como diz o Voz das Comunidades “não é porque está na moda que devemos sair fazendo (a trança) sem saber de onde veio e sua história. Todo lugar tem sua cultura e deve ser respeitado. Usar tranças designa origem e demonstra o orgulho por sua história”.
Resgate suas origens!
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