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Matrioska – pelo som dessa palavras talvez você identifique aquelas bonecas russas, umas dentro das outras, talhadas em madeira e pintadas com motivos camponeses e cores vibrantes. Matrioska tem som de “russo” e é um nome que lembra “mãe” – e tem tudo a ver.
Matrioska deriva de Matriona, um nome próprio clássico russo muito comum no final do século XIX no qual se identificam as mães em geral (maika, mat = mãe) e as matronas. Algumas matrioskas, no entanto, são conhecidas como “Babuskas”, que quer dizer avózinha (avó – Baba). Então, o que nos mostram as matrioskas?
Uma boneca dentro da outra, cópia exata ou não da anterior, até que o tamanho não permita mais um entalhe – como um “aninhamento ou nidificação”, o ser que vem do ser, a avó, a mãe, a filha!
O significado das matrioskas, atualmente, é mais emblemático do que suas origens. Estas pequenas bonecas são o “símbolo da personalidade e projeção da alma no espaço“, afirmam os artesãos que as fazem, ainda hoje (Art of Matrioska).
Através de sua forma simples – arredondada, acolhedora – é contada a história da maternidade, do amor. Este é o significado original que também se estende para contar a história das famílias russas de origem camponesa onde a mulher mais velha, a avó, era quem traçava o rumo cultural deixando nos seus, filhos, netos e bisnetos, sua semente.
Enfim, muitos significados correlatos podem ser aqui elencados mas, também não podemos esquecer que as matrioskas são pintadas como iluminuras, assemelhando-se às pinturas icônicas da religiosidade ortodoxa russa. E, talvez esse fato tenha contribuído tanto para a sua aceitação ampla e irrestrita como o símbolo das famílias estruturadas e felizes.
Supõe-se que a origem das Matrioskas russas é, na verdade, uma imagem japonesa de Buda, entalhada em madeira, que chegou a Moscou quando terminava o século XIX trazida por Savva Mamontov, fundador do círculo artístico da Colônia Abramtsevo.
O Buda japonês tinha, no seu bojo, outras 4 estatuetas idênticas. Engraçado é que, “as bonecas ocas japoneses, geralmente, são em grupos de 7, representando os deuses internos“. E, bem, há também as caixas laqueadas, chinesas – claro, tudo isso é especulação sobre a origem mas… não se pode negar que lembram as bonecas japonesas conhecidas como kokeshi, bonecas que representam crianças falecidas, feitas com a ideia de preservar e cuidar seus espíritos.
Foto: Kokeshi
Fonte foto
Foi na Exposição Mundial de Artes de 1900, em Paris, que a matrioska ganhou popularidade e reconhecimento como “boneca russa” 4 em 1: as matrioskas tradicionais eram compostas por 3 bonecas ocas, femininas, umas dentro das outras, representando “avó, mãe e filha” e uma última, um bebê compacto, uma boneca masculina ou uma miniatura das anteriores.
Savva Mamontov, o patrocinador, apresentou o trabalho de Vassily Zuy Zdotchkin, o artesão, e Sergei Maliutin, pintor, que na cidade de Sergiev Possad, criaram as primeiras matrioskas para esta exposição.
Atualmente, algumas peças artesanais têm dezenas de peças menores mas, não é a tradição e, a meu ver, no exagero perde-se o fundamento.
“Era uma vez em virtuoso carpinteiro russo chamado Serguei, que ganhava a vida talhando belos objetos de madeira: instrumentos musicais, brinquedos… Todas as semanas, ele enfrentava o frio do bosque para buscar madeira e assim construir novos objetos. Uma certa manhã ao sair para recolher a madeira, ele encontrou o campo todo coberto de uma grossa capa de neve. À noite havia sido difícil. Ele rezou. Toda a madeira que ele encontrava no caminho estava úmida e só lhe servia para fazer fogo.
Abatido pelo cansaço, ele decidiu retornar à sua casa e tentar a sorte no dia seguinte. Quando ele estava dando meia volta, lhe chamou a atenção um tronco de madeira esplêndido, o mais belo que ele havia visto em sua vida. Rápido como um raio, ele retornou ao seu estúdio, porém vários dias se passaram até ele decidir o que talhar. Finalmente, decidiu fazer uma preciosa boneca.
Era tão bonita, que decidiu não vendê-la para lhe fazer companhia. “Você se chamará Matrioska” disse ele à inerte figura. Cada manhã, ao levantar-se ele falava com sua companheira. “Bom dia, Matrioska”. Um dia, ela lhe respondeu: “Bom dia Serguei”. O carpinteiro se surpreendeu, porém ao invés de sentir medo ele se sentiu feliz por ter alguém com quem conversar.
Com o tempo, o carpinteiro percebeu que Matrioska estava triste e lhe perguntou o que estava acontecendo. Ela lhe respondeu que via que todo mundo tinha um filho ou filha e ela desejava ter um. “Terei que te abrir e isso será doloroso” – respondeu Serguei. E ela disse: “Na vida, as coisas importantes requerem um pequeno sacrifício“. E sem pensar duas vezes ele talhou uma réplica, menor e lhe chamou de Trioska. Ela já não se sentia mais sozinha.
O instinto maternal se apoderou também de Trioska e Serguei concordou que esta também teria um filho, se chamaria Oska. Mas Oska também queria um decendente. O carpinteiro contou que dessa vez a madeira poderia originar uma boneca má. Oska não desistiu. Após pensar, ele talhou um boneco, bem pequeno e com bigode e lhe batizou de Ka. E o colocou em frente ao espelho e disse: “Você é um homem, não pode ter filhos!”
Então colocou Ka dentro de Oska. A Oska dentro da Trioska e a Trioska dentro da Matrioska. Um dia, misteriosamente, Matrioska desapareceu com toda sua família dentro. Serguei ficou desolado” (texto compilado por Isadora Cordeiro).
Bem, o primeiro passo é escolher uma madeira adequada, que não se rompa nas nervuras, suave para o entalhe e que possa secar sem entortar.
A primeira boneca a ser feita, ao contrário do que conta a lenda relatada acima, é a menorzinha, a semente, aquela que não é oca. E seguem as outras, que devem se encaixar perfeitamente umas nas outras, compondo o conjunto todo.
A pintura tem, em geral, cores vibrantes, em motivos florais, camponeses, maternais e até fantásticos. No final, a superfície é finamente laqueada. As matrioskas, ao contrário das kokeshi japonesas, não têm nenhuma forma que saia do oval alongado (sim, literalmente é um ovo oco com desenho externo de mãe, e assim segue, aconchegando os menores dentro de seu útero).
Segundo o site Casa das Matryoshkas, são 4 os tipos de matrioskas reconhecidos;
Uma boneca em forma de sino, mais pesada na base que, como um “João Bobo”, balança e volta à posição de equilíbrio emitindo um som “tilintante”. Porém, esta matrioska não contem outra dentro de si.
A Babushka é a avó, uma grande e larga boneca matryoshka que contêm, no seu seio, “três bonecas do mesmo tamanho, uma ao lado da outra. Dentro de cada uma das três bonecas, há mais três pequenas bonecas, representando as netas”. Também são chamadas de babushka as matrioskas feitas na Sérvia.
Uma boneca oca, grande o suficiente para que, no seu interior caiba uma garrafa de vodka russa ou de champanskaya, uma espécie de vinho russo.
A matrioska mais comum e conhecida de que estamos tratando neste artigo. Pode variar de 3 até uma centena de bonecas, umas dentro das outras. As mais comuns, e preferidas, são as de 3 a 7 bonecas.
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