Mais uma vez o Brasil vira notícia mundo afora. De novo, trata-se de uma tragédia relacionada ao meio ambiente: o assassinato do líder indígena Paulo Paulino Guajajara, integrante do grupo “Guardiões da Floresta”, na última sexta-feira (1).
A morte, que se deu em uma emboscada de madeireiros, recebeu destaque em diversos veículos europeus, como o Il Post da Itália, o britânico The Guardian, o francês Le monde e o jornal grego The Athen Voice.
O grupo “Guardiões da Floresta” foi criado com o objetivo de denunciar o desmatamento e proteger o território Araribóia, localizado no estado do Maranhão, onde vivem cinco mil indígenas das etnias awá guajá e guajajara, muitos dos quais sem qualquer tipo de contato com não-índios. A área integra a Amazônia Legal e equivale a quase três vezes o tamanho da cidade de São Paulo.
A relatora da ONU para o Direito dos Povos Indígenas, Victoria Tauli-Corpuz, condenou o assassinato:
“Condeno nos termos mais fortes essa morte e apelo ao governo a levar os autores dos crimes à Justiça”, declarou a relatora à coluna de Jamil Chade do Portal de Notícias UOL.
Segundo a pesquisadora da organização Survival International, Sarah Shenker, a violência e as ameaças de morte contra os Guardiões da Floresta não é novidade. Em entrevista à AFP, Shenker afirmou que defensores da floresta no Brasil vêm pedindo proteção há anos e denunciando às autoridades brasileiras as ameaças, feitas por madeireiros e por outros grupos que invadem a terra Arariboia.
“Três guardiães já foram assassinados. Dezenas de guajajara já foram assassinadas (…) Tem muita impunidade, as autoridades que não têm vontade de proteger a terra indígena em geral”, disse a pesquisadora.
Um vídeo – divulgado em junho passado e postado, no último sábado (2), no Twitter da Survival Brasil – confirma as palavras de Shenker. Nele, uma outra liderança, Olimpio Guajajara, denuncia as ameaças sofridas ao lado de Paulo Paulino e de Laércio, testemunha ocular do crime, sobrevivente da emboscada.
“Os madeireiros estão pagando pistoleiros para apagar guardiões. Todos nós estamos preocupados com esse tipo de ameaças. Já houve disparos nas casas de guardiões. Não queremos guerra, só queremos resistir“.
Para Shenker, o perigo se intensificou com o governo Bolsonaro, a quem ela responsabiliza por ” ter criado as condições necessárias” para o crime.
“Com o governo Bolsonaro [a situação] piorou, apesar de a violência não ser uma coisa nova em Arariboia […] As falas racistas dele, e as propostas genocidas anti-indígenas dele estão como que dando sinal verde. Os invasores estão se sentindo com mais confiança para invadir com impunidade”, afirmou a pesquisadora à AFP.
A Cimi, a WWF e o Greenpeace divulgaram notas de pesar e repúdio pela morte de Paulo, pedindo justiça. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, por sua vez, manifestou-se via Twitter, afirmando que não poupará “esforços para levar os responsáveis por este crime grave à Justiça”.
“Estaremos atentos para ver se o ministro cumpre sua promessa”, finalizou Sarah Shenker.
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Fonte foto: Greenpeace
Categorias: Informar-se, Povos da Floresta
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