“Nós, os povos da Amazônia, estamos cheios de medo. Em breve vocês estarão também”: esse é o título do artigo assinado por Raoni Metuktire. Nele, o líder Kayapó adverte quanto às consequências catastróficas da destruição da maior floresta tropical do planeta.
Critica, também, a lógica da exploração econômica que destroi a biodiversidade para criar monoculturas, além de chamar a atenção para a falta de cuidado com os mais pobres. O texto, publicado pelo jornal britânico The Guardian, já foi compartilhado por milhares de pessoas.
Repleta de referências às tradições indígenas, a mensagem do cacique Raoni é direta:
“Vocês destroem nossas terras, envenenam o planeta e semeiam a morte porque vocês estão perdidos. E, logo, será tarde demais para mudar […] Por muitos anos, nós, os líderes indígenas e os povos da Amazônia, temos avisado vocês, nossos irmãos que causaram tantos danos às nossas florestas. O que vocês estão fazendo mudará o mundo inteiro e destruirá nossa casa — e destruirá a casa de vocês também“.
Há razões de sobra para tanto medo e apreensão. De acordo com informações recentes, o desmatamento na Amazônia triplicou no trimestre de junho a agosto. Nesse período, os alertas de desmatamento na região somaram uma área de quase 5.000 km2, enquanto que, no ano passado, esse número foi de 1.620 km2.
No entanto, se o cenário descrito por Raoni já era sombrio, a situação vem se agravando. As queimadas que hoje atingem o Brasil vão muito além da Amazônia e o Cerrado já é o bioma mais afetado.
Como informou a alemã DW nesta quinta-feira, em menos de dez dias, foram registrados mais de 7 mil focos de incêndio no Pantanal, contra 6 mil na Amazônia. “Entre 1º de setembro e a última segunda-feira, houve 7.304 focos de incêndio no Cerrado, contra 6,2 mil na Amazônia, informou o Inpe. Os dados foram captados pelo satélite de referência Aqua, utilizado pelo instituto”, alertou a publicação.
Raoni já avisou:
“Todos nós respiramos esse ar, todos bebemos a mesma água. Vivemos neste planeta. Precisamos proteger a Terra. Se não o fizermos, os grandes ventos virão e destruirão a floresta. Então vocês sentirão o medo que nós sentimos agora”.
Que a repercussão internacional para a crise ambiental brasileira se traduza em ações para que a profecia do cacique não se realize.
Estamos mais do que avisados.
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Categorias: Informar-se, Povos da Floresta
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