Nesta terça-feira (13), cerca de 3 mil mulheres indígenas ocuparam a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para reivindicar os direitos dos povos tradicionais à terra, à saúde e à educação. Esses direitos vêm sendo questionados pelo presidente Jair Bolsonaro: ainda em campanha, ele afirmou que, sob seu governo, não haveria mais “nenhum centímetro de terra demarcada” para indígenas e quilombolas.
“Desde que Bolsonaro disse que não haveria mais nenhum centímetro de terra demarcada para os povos indígenas nós saímos em marcha porque, com essa afirmação, ele declarou guerra não só com os povos indígenas, mas com as mulheres indígenas”, afirmou Sonia Guajajara, da coordenação da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).
Com os corpos coloridos de urucum e ornados com artefatos e pinturas tradicionais, elas representam 115 etnias diferentes, de todas as regiões do país. Sob o lema “Território: nosso corpo, nosso espírito”, afirmam que o momento é de luta, mas também de encontros e trocas.
“Nossa expectativa é de que trocas de narrativa, de história, da memória, possam fortalecer; ser um alimento para que elas voltem fortalecidas, que pensem no processo de gestão do território; no seu ser professora, parteira, raizeira, que essa troca de possa servir como conhecimento e cura”, declarou Célia Xacriabá, 30, uma das organizadoras da marcha e também representante da Apib.
O governo brasileiro vem sendo alvo de protestos e críticas em diversos países por vir acenando com políticas em prol do agronegócio e da indústria da mineração que comprometem os direitos e a sobrevivência dos povos tradicionais. No mesmo dia em que as mulheres indígenas saíam em marcha por Brasília, um grupo de ativistas ambientais protestou em frente à embaixada do Brasil em Londres. Eles jogaram tinta vermelha na fachada e escreveram frases, em inglês e em português, contra as políticas do governo Bolsonaro e a favor dos povos indígenas: “No more indigenous blood” (“Basta de sangue indígena”), dizia uma delas.
Nesta quarta-feira (14), a Marcha das Mulheres Indígenas une forças com a Marcha das Margaridas, que este ano levará 100 mil mulheres à capital do país, entre quilombolas, ribeirinhas e trabalhadoras rurais. O evento vem sendo considerado a “maior união das mulheres da terra” da América Latina.
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Fonte foto: CIMI
Categorias: Informar-se, Povos da Floresta
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