O xamã Yanomami Davi Kopenawa, conhecido como o “Dalai Lama da Floresta”, recebeu o prêmio Right Livelihood, o prêmio “Nobel Alternativo”, em Estocolmo (Suíça), após uma jornada de celebrações que durou 10 dias pela Europa.
Na entrega da premiação, Kopenawa disse que o evento é uma oportunidade para chamar a atenção de lideranças internacionais para os problemas enfrentados pelos povos indígenas brasileiros:
“Quero ajudar meus irmãos indígenas pedindo às autoridades internacionais que pressionem o governo do Brasil a demarcar a terra de outros povos indígenas. Eu sempre lutei pelos direitos do meu povo Yanomami e dos Ye’kwana. Este prêmio é uma nova arma para fortalecer a luta de nosso povo”, informa um comunicado da Survival International.
Durante 20 anos, Kopenawa esteve envolvido na luta pela demarcação de terra que integra o território dos Yanomami brasileiros e da Venezuela, naquela que é a maior área de floresta tropical protegida por indígenas em todo o mundo.
Ele é presidente da Hutukara, uma associação que defende os direitos do povo Yanomami e, desde 1989, essa luta vem tendo projeção internacional, quando representou a Survival International na premiação Right Livelihood.
Em 1991, a entidade organizou um encontro do líder indígena com o Secretário-Geral da ONU, membros da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e políticos estadunidenses, a fim de ampliar a conscientização da comunidade internacional sobre o genocídio do povo Yanomami por epidemias trazidas por garimpeiros, bem como seus atos de violência.
Kopenawa nunca parou de viajar pelo mundo levando a bandeira da proteção à Amazônia, ameaçada por atividades mineradoras, pecuaristas, agrárias, madeireiras e grandes obras de infraestrutura e, também, por incêndios. Ele é autor do livro “A Queda do Céu”, no qual compartilha a cosmologia Yanomami e a luta de seu povo pela sobrevivência.
Todo o seu engajamento tem lhe rendido ameaças de garimpeiros e políticos interessados na exploração do território Yanomami. Mas Kopenawa segue vivendo em sua comunidade, praticando o xamanismo, e lutando por seu povo.
O líder já recebeu diversos prêmios ao longo da vida, como o prêmio Global 500 das Nações Unidas, a menção honrosa do júri do prêmio Bartolomé de las Casas (Espanha) e a Ordem do Rio Branco (Brasil).
Ao receber o mais recente prêmio, Kopenawa compartilhou um importante ensinamento:
“Nós, os povos da planeta, precisamos proteger nosso patrimônio cultural, como Omame [nosso criador] nos ensinou para viver bem cuidando de nosso lugar para que nossas futuras gerações continuaram a usar”.
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