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Não é a primeira vez que o greenMe informa sobre as investidas de missionários pentecostais sobre os povos indígenas. Esses agentes religiosos são financiados por diferentes denominações evangélicas (batistas, metodistas presbiterianos, etc.) que parecem ter um objetivo: promover um etnocídio.
O site Outras Mídias divulgou uma entrevista feita por Patricia Fachin, no IHU Online, com o professor Felipe Milanez, do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências da Universidade Federal da Bahia (UFBA), para entender a atuação desses “mercadores de alma” no Brasil, onde já há 40 agências missionárias articuladas na Associação de Missões Transculturais Brasileiras (AMTB).
A maioria delas é de origem estrangeira cuja ideologia colonialista da Bíblia pretende “semear” igrejas pelo país, fazendo com que os próprios indígenas tornem-se missionários semeadores.
Milanez avalia que a função dessas agências é constituir um mercado de almas para negociar as almas indígenas:
“Há um espírito do capitalismo nessas missões, o qual está associado a interesses colonialistas e de submissão do outro a uma forma de ver o mundo. (…) Como o projeto missionário é um projeto colonialista, racista, que vê o outro como um bárbaro que precisa ser civilizado, ele se associa muito bem a outros projetos capitalistas que também veem o outro como um inferior a ser explorado. Há relatos e casos no Brasil de associações desses missionários com garimpeiros, como aconteceu no Amapá, contra os Oiampi, há casos de associações com madeireiros etc. Em todos os lugares, esses missionários fundamentalistas estão próximos daqueles que também querem explorar o território e os corpos dos indígenas”.
Além de os grupos missionários atuarem junto com garimpeiros e madeireiros, eles têm contado com o apoio do governo federal, na figura da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves. É como se os fundamentalistas tivessem conseguido um ministro próprio dentro do governo Bolsonaro.
Essa parceria ficou evidente, na opinião do sociólogo, com a nomeação do pastor Ricardo Lopes Dias, que foi integrante da Novas Tribos do Brasil, para a presidência da Funai.
“Junto à Damares e à Michelle Bolsonaro, existe um canal de financiamento dessas agências e, mais do que isso, um canal de fortalecimento político para conseguir força política e a autorização da entrada dessas missões nas aldeias”, afirma Milanez.
Os fundamentalistas, naturalmente, justificam o seu trabalho de outra forma: eles “salvam vidas” – uma falácia para nomear a prática da violência contra a espiritualidade e as formas de vida dos indígenas.
Milanez, que trabalhou na Funai como jornalista, conta que, em conversas informais com sertanistas, apareciam as “dificuldades” sobre a luta pelos direitos dos povos indígenas: madeireiros e missionários fundamentalistas.
Esses agentes formam um grupo distinto de outros, como garimpeiros, ruralistas, mineradores, porque eles têm como meta explorar as vidas e os territórios indígenas, promovendo o que se chama de etnocídio.
Baseados na passagem do Evangelho de Marcos que diz o Evangelho deve ser pregado a toda criatura, incluindo os “bárbaros”, os mercadores de alma são promotores de uma “cruzada civilizatória”, na visão das agências missionárias.
Em 1991, a Funai proibiu a entrada de missionários em aldeias e cancelou todos os convênios que mantinha com as missões, que passaram a cooptar os indígenas para que fossem eles mesmos missionários.
Os indígenas brasileiros estão amparados pela Constituição, que garante o direitos deles ao território e às suas formas próprias de vida. As missões fundamentalistas, hoje, estão recebendo financiamento público para violar esse direito constitucional, um crime que precisa ser denunciado e impedido.
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Categorias: Povos da Floresta
Publicado em 07/03/2021 às 9:22 am [+]
vocês são doentes, não sou cristão, mas da até medo de esta neste site