O guerreiro Amoim Aruká morreu ontem, no hospital da capital de Rondônia, vítima da Covid-19. Ele era o último homem do povo Juma, pertencente a um conjunto de povos falantes da família lingüística Tupi-Guarani denominado Kagwahiva.
Estudiosos acreditam que no século XVIII, os Juma somavam de 12 a 15 mil índios, mas após sucessivos massacres e perda da terra pela expansão extrativista, foram reduzidos a poucas dezenas.
Em 2002 restavam apenas cinco indivíduos: um pai com suas três filhas e uma neta.
Hoje sobrevivem três mulheres, mãe e duas filhas, Aramina, Enontei e Txiaru, conforme conta Felipe Milanez, professor do IHAC da Universidade Federal da Bahia, em sua página do Twitter.
Nessa fotografia de Araquem Alcantara dos Akunstu, também já faleceram os últimos dois homens desse povo, Pupak e Konibu… hoje sobrevivem três mulheres, mãe e duas filhas, Aramina, Enontei e Txiaru
Conto essa história nesse artigo:https://t.co/l3RfTVCsP7— Felipe Milanez (@felipedjeguaka) February 17, 2021
De acordo com registros históricos, o povo juma migrou da região do Alto Tapajós para as proximidades do Rio Madeira, na região do Purus.
Durante essa jornada é provável que muitos deles tenham ficado pelo caminho e que por isso também exista grupos Kagwahiva vivendo isolados.
Atualmente, os Juma habitam a região do Rio Açuã, próximo à cidade de Lábrea, ao sul do estado do Amazonas, território situado no município de Canutama-AM.
Os dados históricos comprovam que houve massiva tentativa de utilizar a mão-de-obra nativa na região, o que fomentou enormes conflitos. E os povos que recusavam a submissão e a escravidão, foram massacrados e obrigados a fugir em longas jornadas pelo território amazonense.
Esses conflitos levaram a extinção de grupos inteiros e a dizimação do povo Juma.
Várias lideranças indígenas se manifestaram nas redes sociais, desoladas, inclusive Sonia Guajajara, conforme publicação no Twitter.
É desoladora a morte do último homem do povo Juma, o guerreiro Amoim Aruká, por complicações de Covid-19. O povo Juma sofreu inúmeros massacres ao longo de sua história. De 15 mil pessoas no início do século XX, foi reduzido a cinco pessoas em 2002. (segue o fio)
— Sonia Guajajara (@GuajajaraSonia) February 17, 2021
As filhas do indígena Aruká Borehá, Maitá e Mandeí, publicaram uma mensagem ao pai e líder indígena:
“Nosso pai lutou muito, foi um guerreiro, e sua luta nós vamos continuar”.
A Coiab, a Apib e o Opi divulgaram uma Nota conjunta de pesar intitulada “A devastadora e irreparável morte de Aruká Juma”, para ler acesse este link.
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Categorias: Povos da Floresta
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