Índice
Nova-iorquinos e solidários do mundo inteiro têm-se manifestado na luta pela preservação da Amazônia Brasileira e do povo que nela habita.
Manifestantes em Nova York gritavam pelas ruas: “Demarcação já! Demarcação já!”, do lado de fora do Consulado Brasileiro, no centro de Manhanttan, em pleno dia mais frio da cidade desde fevereiro de 2016, 31 de janeiro, surpreendendo a todos pela coragem dos manifestantes de estarem nas ruas.
Ana Luisa Anjos, uma das organizadoras da Procissão da NYC pelos Povos Indígenas da Amazônia, disse que estavam lutando pela Amazônia e o termo “demarcação”, o qual bradavam, referia-se à proteção legal de terras indígenas no Brasil denunciando a repressão do atual presidente Jair Bolsonaro aos direitos indígenas.
Os manifestantes destacaram a conexão entre a não proteção da terra indígena da Amazônia e a mudança climática. Os interesses transnacionais na Amazônia brasileira são em grande parte provenientes de grandes empresas interessadas em indústrias extrativas, como mineração, ouro, madeira e produtos farmacêuticos.
O protesto fora do consulado brasileiro em New York foi um dos muitos que ocorreram na quinta-feira, organizado por defensores dos Povos Indígenas no Brasil e com apoio da Rainforest Foundation US, Defend Democracy in Brazil, Indigenous Solidarity Rebellion (XR), Rebeldía Radio, Earth Strike, 32 May Days e AnarkoArtLab.
Cidades em todo o Brasil também realizaram protestos, mas também Los Angeles, Londres, Berlim, Madri, Milão, Paris e Washington DC. As manifestações globais foram lideradas pela Associação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), como a culminação de sua campanha “Sangue Indígena – nenhuma gota a mais“.
Conhecido como “janeiro vermelho”, as manifestações marcaram o primeiro mês em poder do presidente brasileiro Jair Bolsonaro que, em apenas 1 hora, transferiu a responsabilidade de demarcação de terras indígenas do Departamento de Assuntos Indígenas do Brasil, FUNAI, para o Ministério da Agricultura, abrindo as portas para indústrias que buscam acesso a áreas protegidas da Amazônia.
“Mesmo antes da eleição de Bolsonaro, os povos indígenas no Brasil já estavam enfrentando a violência e a perda de terras de oligarcas do agronegócio, corporações de mineração e madeireiros ilegais”
Disse Daniel Lavelle, diretor da Survival International e um dos principais organizadores do evento.
De acordo com Adriana Varella, fundadora da Defend Democracy in Brazil, grandes corporações como Nestlé, Coca Cola, Unilever, Maggi, Belo Sol, P&G, Kraft, Milka, Monsanto e Johnson & Johnson estão extraindo recursos da Amazônia brasileira anualmente.
Os manifestantes usaram tinta vermelho escuro para fazer uma “Lista de Assassinos” fora do consulado, onde o nome de Jair Bolsonaro estava no topo da lista. Eles enfatizaram que a violência anti-indígena da administração Bolsonaro não afeta apenas os povos indígenas brasileiros, mas o mundo.
“Se os povos indígenas estiverem mortos e a floresta amazônica destruída, será o fim da humanidade neste planeta”
Gritou Varella, em um megafone enquanto o grupo marchava pela East 41st Street.
Apesar das medidas anti-indígenas alarmantes que o governo Bolsonaro tomou no mês passado, a mensagem dos protestos do “janeiro vermelho” é de esperança e resiliência. Conforme falou Stephen Corry, diretor executivo da Survival International em Londres:
“Tendo sofrido 500 anos de genocídio e massacres, os povos tribais do Brasil não ficarão intimidados pelo presidente Bolsonaro, por mais repugnantes e desatualizados que sejam seus pontos de vista”.
Jacquelyn Kovarik, autora da matéria publicada no LAND, é atualmente pesquisadora na área de línguas estrangeiras na Universidade de Nova York, onde estuda quíchua e tem mestrado em estudos latino-americanos e jornalismo. Sua pesquisa enfoca a mudança social contemporânea na Bolívia e no Peru, com ênfase na justiça transicional e iniciativas de bem-estar e resiliência nas comunidades andinas. Em 2016, ela filmou e produziu um documentário sobre famílias lutando pela reconciliação em uma sociedade boliviana pós-ditatorial.
Talvez te interesse ler também:
CACAU EM VEZ DE GARIMPO ILEGAL PARA SALVAR A AMAZÔNIA
CLÁUDIA BARÉ, UMA GUERREIRA PEDAGOGA E ALFABATIZADORA INDÍGENA
OS ÚLTIMOS KAWAHIVA ESTÃO SENDO EXTERMINADOS POR MADEIREIROS, GRILEIROS E FAZENDEIROS
Categorias: Informar-se, Povos da Floresta
ASSINE NOSSA NEWSLETTER